Provavelmente os leitores que me acompanham sabem que sou um grande admirador de Warren Buffett. Considero o Oráculo de Omaha o maior investidor de todos os tempos. Além disso, acredito que podemos extrair uma série de ensinamentos a partir do que Buffett realizou em sua vida.
Ultimamente tenho comentado com frequência sobre erros do investidor e armadilhas do mercado que minam a rentabilidade dos investimentos. Acredito que estes tópicos são de extrema importância para a formação de um investidor, pois se aprendemos com erros alheios, temos a oportunidade de largar na frente.
De fato, errar nos investimentos é algo que prejudica a rentabilidade, isso é inegável. Porém, errar também é uma boa escola. É perfeitamente possível aprender com os erros alheios, embora a probabilidade de que o investidor realmente aprenda seja muito mais alta se os erros forem de própria autoria.
Pelo fato de ser considerado um investidor excepcional, é de se pensar que Buffett foi imune a equívocos durante sua vida de investimentos. Entretanto, a verdade é que ele apresenta grande capacidade de aprender com seus erros, reconhecendo-os e, também, se desculpando com seus acionistas por tê-los cometido.
Não reconhecer um erro é uma atitude preocupante, pois vai ao encontro do ego, que se alia à ganância, sendo bastante prejudicial no longo prazo, cegando o investidor, impedindo seu aprendizado. Também está diretamente ligado a isso o excesso de autoconfiança.
Buffett comprou em 1991 a H. H. Brown, uma empresa de manufatura de sapatos e botas de trabalho. Em seguida, foi adicionada ao portfólio da Berkshire Hathaway a Lowell Shoe, que fabricava sapatos femininos e de enfermeiras. Ambas se saíram muito bem, foram bons investimentos.
No entanto, pelo sucesso no ramo de sapatos, Buffett desenvolveu um certo excesso de confiança no seu conhecimento acerca desta indústria. Assim, comprou a Dexter Shoes em 1993.
No ano seguinte, as receitas dela caíram 18% e o lucro operacional apresentou queda de 57%. Em 1999, Buffett admitiu seu erro na carta anual aos acionistas e, em 2000, mencionou o erro novamente, bem como fez referencias a ele nas cartas de 2007, 2014 e 2016.
Foi um erro que custou à Berkshire Hathaway cerca de 6 bilhões de dólares. Também foi considerado por Buffett o seu pior equívoco de todos os tempos. Ele havia ignorado a ameaça dos sapatos importados, que constituíram 93% dos sapatos vendidos nos EUA à época da queda da Dexter.
Aprendendo com seus erros, Buffett basicamente sugeriu aos investidores que fossem mais seletivos com seus investimentos, pensando como se houvesse um número limitado de investimentos que podemos fazer em vida. Deste modo, quanto mais “créditos” usamos, devemos ficar mais seletivos na hora de usufruir dos restantes. Além disso, cabe destacar a importância de se investir apenas em negócios que estão no círculo de competência do investidor.
Por fim, aproveito para reforçar que erros devem ser evitados, mas não será possível fazer isso 100% das vezes. Olhando o que Buffett alcançou e sabendo que foram cometidos erros ao longo do processo, temos um verdadeiro atestado do poder dos juros compostos aliado ao tempo, que é imune a alguns erros no meio do caminho.
Claro que não se pode errar sempre, é preciso buscar se esquivar de equívocos utilizando de boas análises, além do conceito de margem de segurança. O poder dos juros sobre juros em conjunto com os aspectos acima, somados à paciência que o investidor deve ter para o foco no longo prazo, configuram os recursos mais poderosos para o sucesso nos investimentos, sobrepondo-se aos erros pontuais.