A ata de última reunião do COPOM, a qual discorreu sobre a decisão de reduzir os juros nominais em 0,25 pp demonstrou novamente que a questão política continua a pesar nas perspectivas de afrouxamento, mais em certa monta do que o contexto econômico.
Ou seja, a decisão de se dar continuidade ou mesmo aprofundar os cortes de juros dependem em primeira monta da conclusão, ou avanço mais concreto da votação da PEC 241, hoje novamente no plenário da câmara.
O risco do timing da aplicação da PEC tem sido constantemente pesada pelo BC, principalmente quanto cita que “Todos os membros do Comitê reconheceram os avanços e os esforços para aprovação e implementação dos ajustes na economia, notadamente no que diz respeito a reformas fiscais” e “O Comitê deve acompanhar atentamente esses esforços, uma vez que têm reflexos importantes no processo de desinflação”
Porém a preocupação se explicita no parágrafo 20: “Há consenso no Comitê de que a velocidade no processo de apreciação das propostas de ajustes tem excedido as expectativas. Entretanto, a natureza longa e incerta do processo sugere que há, ao mesmo tempo, risco e oportunidade. ”
Quanto à inflação, os sinais ainda são de preocupação com o ritmo que a mesma pode retomar, na possibilidade de reversão do cenário econômico, com citado no parágrafo 10: “A experiência brasileira recente, com período prolongado de inflação alta e expectativas acima da meta, ainda pode reforçar mecanismos inerciais. Há sinais de uma pausa recente no processo de desinflação dos componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, o que pode sinalizar convergência mais lenta da inflação à meta.
Nesse contexto, uma maior persistência inflacionária requer persistência maior da política monetária. ”
O que se segue, é a perspectiva de que a atividade econômica tem sido o fiel da balança neste processo, como citado nos parágrafos 11 e 12: “Por outro lado, o processo contínuo de distensão do mercado de trabalho e a desaceleração significativa da atividade econômica podem, a princípio, produzir uma desinflação mais rápida (por exemplo, no setor de serviços) que a refletida nas expectativas de inflação medidas pela pesquisa Focus e nas projeções condicionais produzidas pelo Copom” e “O processo de aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia, inclusive de natureza fiscal, apresenta-se, ao mesmo tempo, como um risco e uma oportunidade para o processo desinflacionário em curso” onde o tema da aprovação das medidas é mais uma vez explorado pelo COPOM.
Deste modo, avaliamos que em vista ao cenário político, o COPOM deve continuar a adotar uma postura conservadora, tanto para a aprovação das medidas de cunho fiscal, ou mesmo como maneira de “forçar” sua aprovação, como para a convergência das perspectivas de inflação futura em confluência à meta do CMN.
Assim, nossa projeção para a próxima reunião do COPOM é de um corte de 0,25 pp, condicionado sua alteração à um cenário realmente favorável à aprovação da PEC 241.