A vacinação está avançando, normal seria a economia se recuperar, mesmo que não tão rápido devido aos ruídos fiscais e tensões políticas, mas a coisa não é bem assim. Devido ao fato da variante delta do coronavírus estar assombrando o mundo e também alguns países fechando novamente, o Brasil precisa ficar muito atento a diferente velocidade de recuperação das economias mundo a fora. Não estamos mais lidando com o desconhecido, embora ninguém saiba ao certo se haverá necessidade de terceira dose de vacina. Fato é que nosso país tem comportamento atípico considerando países semelhantes economicamente. E por aqui o cabo de guerra entre o presidente e o STF está repercutindo mal e deixando seus rastros na economia.
Calendário Econômico de terça-feira
O IPC da Fipe, que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 1,35% na segunda quadrissemana de agosto, acelerando em relação à alta de 1,18% observada na primeira quadrissemana do mês. O IGP-10 subiu 1,18% em agosto, após elevação de 0,18% um mês antes. Com esse resultado, o índice acumula alta de 16,88% no ano e de 32,84% em 12 meses.
A reforma tributária está deixando mercado tenso com a possibilidade de rompimento do teto de gastos. Estamos com inflação muito alta (sim, o mundo também) e uma crise hídrica cada vez mais preocupante. Existe inclusive a possibilidade de racionamento de energia entre setembro e novembro. Falando nos precatórios, o governo já acenou o Congresso quanto a incluir o “bônus social” antipobreza no texto da PEC com 10% a 20% dos recursos do fundo. O grande perigo dos precatórios ficarem de fora do teto de gastos é que isso possa afetar o rating do país, dependendo de como as agências interpretarem isso.
O presidente dos EUA Joe Biden se eximir do caso Taleban deixa o mundo preocupado. O Taleban dá os primeiros passos para formar um governo novo, 20 anos após ser derrubado. Regresso sem tamanho para o país e principalmente para as mulheres que já foram inclusive banidas de apresentar os telejornais.
E ontem, pelas terras do tio Sam, as vendas no varejo tiveram queda de 1,1% em julho na comparação com o mês anterior. Na comparação anual, as vendas no varejo de julho tiveram crescimento de 13,3%. A produção industrial por lá cresceu 0,9% em julho comparando com junho e veio acima do esperado (crescimento de 0,5% no mês). Também ontem, o presidente do Federal Reserve (Fed) Jerome Powell fez um breve comentário em evento para estudantes dizendo que o aumento nas infecções e o ritmo lento da vacinação não prejudicou a visão do Fed de que a recuperação permanecerá no caminho certo. A pandemia “ainda está lançando uma sombra sobre a atividade econômica. Não podemos declarar vitória ainda”, disse Powell. Mas "muitas empresas... adaptaram seus modelos de negócios ao novo mundo" e são capazes de continuar. Isso bastou para dar força ao dólar, uma vez que sinaliza que os estímulos na economia americana podem ser retirados num curto prazo. Veremos hoje com a ata da última reunião de política monetária do BC norte-americano que será divulgada as 15horas.
Na zona do euro, o PIB do 2º trimestre avançou 13,6% no segundo trimestre na comparação anual, levemente abaixo da projeção de 13,7%. Também foram divulgados dados sobre a variação do emprego no segundo trimestre na Zona do Euro, que teve alta de 1,8%, acima da expectativa de analistas, de queda de 2,1%. Na comparação trimestral, o indicador avançou 0,5%, frente ao indicador anterior de queda de 0,2%.
São tantas as preocupações que o dólar segue pressionado pela busca de proteção. E ainda temos a eleição do ano que vem aqui no Brasil no radar. Previsão de muita volatilidade no câmbio para hoje com as especulações sobre o tapering e atenção para questões como reforma fiscal e a ata do FOMC que podem dar rumo ao dólar.
Ontem mínima para o dólar foi R$ 5,2363 e máxima R$ 5,3040.