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Ata do Copom não trouxe novidade e sinaliza contratação de ‘hedge’ pelo BC

Publicado 24.09.2024, 09:34

Não houve surpresas na ata da última reunião do Copom divulgada na manhã desta terça-feira (24). Seu conteúdo é um comunicado mais extenso, com explicações detalhadas dos pontos levantados no documento divulgado logo após a reunião de 18 de setembro.

Essa linha de continuidade deve ser uma estratégia do Copom em alinhar documentos e discursos de seus membros daqui para a frente. É para deixar no passado os ruídos provocados pela decisão dividida entre membros indicados pelo governo anterior e pelo atual da reunião de maio, quando o Copom decidiu em reduzir a magnitude de baixa da taxa Selic de meio ponto percentual para 25 pontos-base, contrariando a orientação futura (forward guidance) estabelecido na reunião anterior.

A estratégia deve valer também para os discursos das autoridades do Copom até a reunião de 6 de novembro. Dessa forma, a autoridade monetária pretende evitar a interpretação divergente de discursos dos membros do colegiado, que ocorreu no intervalo entre as reuniões de julho e de setembro.

O mercado avaliava o discurso do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mais suave (dovish, no jargão do mercado financeiro) do que do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, indicado pelo governo para suceder a Campos Neto a partir de 2025. A conferir até 6 de novembro.

Vale ressaltar que a sabatina de Galípolo no Senado Federal vai ocorrer no intervalo entre as reuniões de setembro e novembro. Ou seja, quanto menos barulho vier do Copom, uma sabatina mais tranquila é condicionada e permite uma transição mais suave do que anteriormente projetada. A visão anterior de uma transição mais conturbada era alimentada pela relação animosa entre o Palácio do Planalto e Campos Neto, com críticas duras e constantes do presidente Lula e de membros do Partido dos Trabalhadores (PT) ao presidente da autoridade monetária.

A ata reforçou que a condução futura da política monetária do Copom será dependente de dados, sem se comprometer com a velocidade de alta e a taxa terminal do atual ciclo de aperto recém iniciado. Os dados que serão observados de perto são “a evolução da dinâmica da inflação, em especial os componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de risco”, segundo a ata.

O segredo da ata é, dessa forma, o mesmo do comunicado: a introdução do reconhecimento de um hiato de produto positivo e a menção do balanço de risco assimétrico para maior probabilidade de alta da inflação. Mesmo reforçando ser dependentes de dados para as próximas reuniões, o Copom deve elevar a taxa Selic em meio ponto percentual em novembro e dezembro, com uma alta adicional de 25 pontos-base na reunião de janeiro (a primeira sob o comando de Galípolo).

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