A ata da reunião passada do Copom, que reduziu a Selic de 5 para 4,5 por cento, foi publicada hoje, com maiores explicações sobre a decisão.
Nela, os diretores explicam um pouco melhor o porquê da necessidade de tanta cautela, mesmo com as projeções de inflação bem abaixo da meta.
No modelo do BC, se usarmos uma Selic chegando a 4,25 por cento em 2020, a inflação de 2020 fica em 3,5 por cento. Bem abaixo dos 4 por cento de meta. Mesmo a de 2021 fica em 3,4 por cento, bem abaixo da meta de 3,75 por cento.
Isso por si só nos diria que o Copom ainda teria um bom espaço para cortar a Selic.
Mas, o BC vem sinalizando que mais cortes devem vir com cautela, e agora finalmente explica de onde vem o medo.
De acordo com os diretores, estamos presenciando mudanças importantes no mercado de crédito, com as instituições governamentais reduzindo seu papel de fomentador de crédito, reduzindo subsídios e reduzindo market share.
Isso, juntamente com um maior protagonismo dos bancos privados e também com o aumento da competição bancária e descentralização, traria um mercado muito mais competitivo e, principalmente, uma política monetária muito mais potente.
Segundo o comitê, isso pode fazer com que o hiato do produto (a diferença entre o produto potencial brasileiro e o produto atual) se reduza muito mais rápido do que se espera, trazendo riscos para a inflação futura.
Claro que isso é uma tese, e tem que ser testada ao longo dos próximos dados. Não por outro motivo, o BC deixou em aberto o que fará com a próxima decisão de Selic.
Mas com essas projeções atuais do modelo, em diria com uma boa confiança que ainda cabe mais uma queda de 25 bps.
Acompanhe muito mais no Twitter: @mariliadf2, no FB: Marilia.fontes.7927, Youtube: MariliaFontesRendaFixa e LinkedIn: Marilia-Fontes-88744518