O Banco Central do Brasil divulgou nessa terça feira a Ata da Reunião do Copom ocorrida nos últimos dias 20 e 21 de junho, e apesar de um comunicado duro no dia da decisão, a ata veio em um tom mais moderado, com a autoridade apresentando possibilidade de corte da taxa Selic a partir de agosto.
No âmbito econômico externo, a ata trouxe os desafios dos Bancos Centrais de algumas das principais economias, como Estados Unidos e Europa, que atualmente se mantém determinados em promover o retorno das taxas de inflação à sua meta, que seguem resilientes. Inclusive, é possível observar que os ciclos de alta nos juros em algumas economias tendem a se manter por um período mais prolongado, na busca pelo combate à pressão inflacionária.
Enquanto isso, no ambiente doméstico a divulgação de indicadores recentes apontam um cenário de desaceleração gradual, como a surpresa positiva do PIB do primeiro trimestre deste ano, o mercado de trabalho apresentando certa resiliência com relativa estabilidade na taxa de desemprego, e a inflação ao consumidor que segue reduzindo nos últimos meses, entretanto os componentes mais sensíveis seguem acima do intervalo compatível.
O Copom optou por elevar a projeção da taxa de juros real neutra, passando de 4,0% para 4,5%, impactado por uma possível elevação das taxas de juros neutras nas principais economias mundiais, a resiliência na atividade brasileira seguindo um processo desinflacionário um pouco mais lento, e análise de modelos auxiliares de diferentes metodologias.
No que tange a inflação, a Ata reforçou o comportamento positivo acerca dos preços de atacado, tanto industriais quanto alimentos, sendo este impactado em grande parte pelo clima favorável e boa safra (melhorando as perspectivas dos preços dos alimentos para esse ano). Ao olhar a trajetória inflacionária neste ano de 2023, a expectativa é de continuidade na queda da inflação acumulada neste trimestre, mas para o segundo trimestre pode-se ver uma elevação no acumulado em doze meses, um efeito das medidas tributárias que reduziram o nível de preços no final de 2022.
Conforme divulgado em Ata, “A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”. Tal ponto reforça o que o mercado já vem apostando nas últimas semanas, de que levando em consideração os últimos dados divulgados, o Copom pode vir a iniciar o processo de queda nos juros já na próxima reunião de agosto, sendo esperado uma redução em 0,25 p.p.