Em tempos de dólar alto e real desvalorizado, vamos voltar no tempo e relembrar as maiores desvalorizações do dólar frente ao real e os motivos de tais efeitos.
2003
O ano de 2003 foi marcado pela grande desvalorização do dólar frente ao real. A moeda norte-americana iniciou 2003 cotada a R$ 3,54 e encerrou o ano aos R$ 2,90, o que representa uma expressiva queda de 18,23% no período.
Em 2003, após as preocupações sobre o governo Lula se dissiparem e com o cenário político se acalmando, o aumento de captações das empresas brasileiras no exterior e as exportações foram fundamentais para aumentar a oferta da moeda norte americana. No segundo semestre de 2002, o dólar chegou a ser negociado a R$ 4,00, após o governo conduzir bem a política e a economia e com o BC atuando com forte controle sobre a inflação naquele ano.
O governo também adotou medidas para corte de despesas atingindo a meta fiscal naquele ano.
2004
Em 2004, o dólar acumulou queda de 8,58% ao real, mantendo a trajetória de queda do ano anterior. Após romper o valor de R$ 2,80, o Banco Central passou a realizar leilões de compra e o dólar se manteve na casa de R$ 2,90.
As expectativas de elevação da taxa de juros nos EUA e uma saída de capitais do país fizeram o dólar disparar e bater a casa de R$ 3,21.
Após o FED sinalizar que não aumentaria a taxa e que continuaria em patamares baixos, e com a fala do Presidente do Banco Central Americano, Alan Greenspan, de que a taxa subiria em “ritmo moderado”, o dólar reverteu a alta e iniciou uma queda forte. Neste período, o Brasil elevou sua meta de superávit primário de 4,25% para 4,50% do PIB,
Com os temores da reeleição de George W Bush, com o mesmo não dando atenção aos problemas fiscais do país, o dólar continuava a cair. No final deste ano, o Banco Central do Brasil começou a realizar compras para diminuir o ritmo da queda para impedir perdas e prejudicar investimentos em contas externas.
2009
É considerado o ano em que o dólar teve sua maior desvalorização frente ao real, chegando a desvalorizar 25%, superando o ano de 2003. Neste ano, o dólar desvalorizou-se frente várias moedas, principalmente entre os emergentes. A desvalorização do dólar, porém, tem suas desvantagens: não é boa para exportações de produtos brasileiros. O governo decidiu, em outubro, taxar aplicações estrangeiras na Bolsa de Valores e nas aplicações em renda fixa.
Em novembro, o governo adotou outra medida: a cobrança de IOF sobre operações com ações de empresas brasileiras no exterior.
No período do governo Lula, o dólar acumulou desvalorização total de 50,7%.
2016
O dólar fechou 2016 em queda de 17,69%, a maior queda anual desde 2009, e encerrou o ano cotado a R$ 3,24.
Entre os principais motivos para a queda do dólar destacaram-se o cenário político, as incertezas em relação ao cenário externo e a influência dos preços das commodities. Porém, o preço das commodities foi o ponto crucial e mais forte dentre os citados.
Depois de registrar lucro recorde em 2015, quando o dólar valorizou-se 48%, o Banco Central fechou 2016 com o primeiro prejuízo e encerrou o ano com perdas operacionais de R$ 9,5 bilhões, que reduziram o valor em reais de suas reservas internacionais.
Veja gráfico do movimento dos preços nos anos citados: