As Forças Que Nos Levam às Más Decisões

Publicado 16.05.2019, 12:05

Erros, de fato, são o que nos impedem de alcançar retornos superiores em nossos investimentos.

No entanto, quando os erros são cometidos pelos outros, muitas vezes proporcionam oportunidades valiosas para performances elevadas.

Segundo Howard Marks, explorar esse tipo de falha consiste no único caminho para a alta performance consistente ao longo do tempo.

Entretanto, é preciso estar no lado certo, isto é, devemos aproveitar os erros alheios, ao invés de cometê-los.

Muitos podem pensar que, com o tempo, os erros serão amplamente conhecidos, de modo que raramente serão cometidos.

No entanto, Marks aponta que investir é uma atitude tomada por seres humanos, de modo que erros sempre acontecerão, pois somos seres reféns de nossa psique e de nossas emoções.

Adicionalmente, Joel Greenblatt ressalta que muitos erros por ele cometidos já haviam sido cometidos – também por ele – no passado, eles apenas pareciam diferentes, porém, eram os mesmos erros sob um “disfarce”.

Os maiores erros de investimentos não são oriundos de fatores ligados a análise ou informações, mas sim de fatores psicológicos.

Muitos analistas chegam às mesmas conclusões quando analisam um mesmo tema, porém, as atitudes tomadas a partir destas conclusões variam devido aos fatores psicológicos.

Assim, Howard Marks cita sete aspectos que são armadilhas psicológicas que afetam os investidores em suas finanças pessoais.

1. Ganância

A ganância representa um excesso do desejo por dinheiro. Quando o desejo chega no patamar da ganância, a luz de alerta acende, mas o indivíduo não percebe.

Essa emoção é capaz de cegar o investidor em vários pontos importantes, de modo que são esquecidos o senso comum, o cuidado com o risco, a cautela, a lógica, e até mesmo os aprendizados com erros anteriores.

Quando aliada ao otimismo, leva o investidor a perseguir estratégias de alto risco sem ter consciência.

2. Medo

O medo é o “oposto” da ganância. No âmbito dos investimentos, também carrega o sentido de excesso, impedindo o investidor de atuar construtivamente.

Portanto, o medo, neste sentido, configura um “freio” na performance do investidor.

3. Suspensão voluntária de descrença

Este fator trata da tendência do indivíduo ou do coletivo, em ignorar a lógica, história e premissas básicas, mesmo que para isso tenham de acreditar fortemente em cenários surreais.

Invariavelmente, o cerne de bolhas econômicas se encontra neste aspecto, isto é, ocorre em um grupo muito grande de pessoas uma falha em reconhecer limites fundamentais.

Muitas vezes, este fator está associado à ganância, de modo que o investidor ignora as lições do passado, em função do seu desejo excessivo.

4. Visão em conformidade com o coletivo

Este aspecto trata da influência da opinião do grupo sobre as opiniões individuais.

Quando um indivíduo faz parte deste aspecto, há tendência de ignorar seu ceticismo e sua aversão ao risco, ainda que os ideais não façam sentido para ele.

5. Inveja

Muitos investidores se comparam aos demais, observando sempre que a grama do vizinho está mais verde que a sua.

Muitas vezes isso potencializa a ganância, levando o investidor a tomar atitudes irracionais sob fortes emoções, colocando em risco seu capital e indo no sentido contrário ao seu objetivo.

6. Ego

Marks ressalta que investir não deve ser algo relacionado a glamour ou satisfação do ego, ao contrário, deve ser a base da construção de um patrimônio sólido para o longo prazo.

A satisfação do ego é algo que está relacionado a um prazer instantâneo e, portanto, relacionado a retornos elevados no curto prazo, que dificilmente serão mantidos para o médio prazo.

7. Capitulação

É um fenômeno observado por Howard Marks no comportamento dos investidores nos estágios avançados dos ciclos de alta do mercado, no qual os indivíduos sucumbem às pressões econômicas e psicológicas, agindo contrariamente ao que deveriam fazer.

Isto é, sabendo que alguns ativos estão caros e ainda valorizando, e outros estão baratos e ainda caindo de preço, optam por comprar os que estão caros, ignorando a premissa de comprar na baixa e vender na alta.

Diante do conhecimento destes fatores psicológicos de grande impacto nos investimentos, cabe aos investidores exercitar o autoconhecimento acerca do assunto, afim de reconhecer em si os pontos negativos, buscando melhorar constantemente, não só no que diz respeito aos investimentos, mas em vários outros âmbitos sobre os quais estes aspectos psicológicos também exercem influência.

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