Foi anunciado nesta segunda-feira (14) o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, conhecido como Prêmio Nobel de Economia. O indiano Abhijit Banerjee, a francesa Esther Duflo e o americano Michael Kremer foram os vencedores por conta dos estudos experimentais que realizaram e o impacto que esses tiveram na redução da pobreza mundial. Uma série de questões e soluções relacionadas a diversos setores foram levantadas sobre o estudo desses pesquisadores. No entanto, abordarei apenas dois temas: os relacionados com educação e saúde.
Nossa sociedade está constantemente melhorando. Nos últimos 20 anos, o padrão de vida e o poder aquisitivo da maioria das pessoas subiu, o PIB per capita dos países pobres dobrou, a mortalidade infantil foi reduzida e a proporção de crianças que frequentam escolas aumentou.
No entanto, a pobreza mundial ainda constitui um grande problema para nós, e ainda há muito o que melhorar. Existem cerca de 700 milhões de pessoas vivendo com rendimentos extremamente baixos. Cinco milhões de crianças – abaixo dos cinco anos –morrem de doenças que poderiam ter sido curadas com tratamento baratos e metade das crianças deixam a escola sem habilidades básicas de alfabetização e matemática.
O estudo feito pelos três pesquisadores – que, por sinal, durou 20 anos – obteve soluções eficientes para reduzir a pobreza mundial. Para isso, eles dividiram esse objetivo em precisas sub-perguntas, que foram respondidas de forma eficaz.
Os primeiros estudos examinaram como lidar com problemas relacionados a educação, e tinham o objetivo de descobrir as iniciativas mais baratas e que gerassem maior valor. Ou seja, métodos baratos e viáveis que aumentassem significativamente o desempenho educacional dos alunos.
Os pesquisadores descobriram que o desempenho escolar dos alunos não melhorava à medida em que mais livros didáticos e refeições gratuitas fossem ofertados sem que reformas estruturais e complementares fossem implementadas na escola.
Também chegaram à conclusão de que os principais problemas para educação nos países de baixa renda são o fato do ensino não corresponder às necessidades dos alunos, a quantidade de faltas dos professores e a baixa qualidade do ensino.
Uma iniciativa que gerou muito resultado e ajudou a solucionar essa crise no ensino foi aproximar professores de alunos, proporcionando ajuda direcionada para aqueles com maior dificuldade, através de assistentes.
A alta quantidade de falta de professores, por sua vez, está ligada aos baixos incentivos para eles. A solução proposta pelos pesquisadores foi oferecer contratos de curto prazo, extensíveis em caso de atingimento de metas. Novamente, a solução foi eficaz, e os professores sob regime desses contratos obtiveram resultados melhores do que aqueles em contratos tradicionais.
Os vencedores do Nobel de Economia também contribuíram para o setor de saúde. Ao descobrir que a baixa qualidade do serviço, juntamente com a sensibilidade à variação de preços, são razões pelas quais as famílias pobres não utilizam métodos preventivos como deveriam utilizar, eles decidiram instalar clínicas móveis de vacinação, de alta qualidade, e medir os resultados.
Novamente, obtiveram sucesso. As taxas de vacinação triplicaram nos vilarejos que tiveram acesso a esse serviço – de 6% para 18%.
Essa taxa ainda aumentava consideravelmente caso benefícios extras fossem ofertados além das vacinas. As clínicas que ofereciam uma cesta de lentilhas como bônus vacinaram mais do que o dobro de crianças do que as primeiras unidades móveis, e mais de seis vezes a quantidade das clínicas pré-existentes.
E o mais interessante é que, por conta da alta quantidade de custos fixos, o ganho com a economia de escala permitiu que o custo total por vacinação diminuísse pela metade, mesmo com despesas adicionais com as lentilhas.
Sendo assim, os estudos experimentais de Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer ajudaram a reduzir a pobreza mundial, uma vez que identificaram e, o mais importante, validaram os métodos mais efetivos para que isso ocorresse, colocando-os em prática.
As pesquisas de campo foram essenciais para medir, propor soluções, descobrir quais intervenções funcionam e porque funcionam. Juntos, ajudaram milhões de pessoas na Índia e na África.