As ambições bilionárias da Netflix têm base na realidade?

Publicado 22.04.2025, 13:50

Na última quinta-feira, a Netflix (BVMF:NFLX34) (NASDAQ:NFLX) reportou um aumento de 12,5% na receita do primeiro trimestre de 2025, alcançando US$ 10,54 bilhões em comparação com o mesmo período do ano anterior. Avaliada em quase US$ 420 bilhões, a gigante do entretenimento mira um valor de mercado de US$ 1 trilhão até 2030. A liderança da empresa considera esse objetivo viável por meio da ampliação de três pilares: base de assinantes, receita publicitária e expansão em mercados densamente povoados como Índia e Brasil.

Esse plano implica em um crescimento anual estimado de cerca de 15% nos próximos cinco anos, o que torna o papel atraente para investidores de longo prazo. No acumulado do ano, as ações da Netflix já avançaram 10,3%, cotadas a US$ 996. Mas será que a ambição da empresa é realmente factível?

Quer 1 ano GRÁTIS de InvestingPro? É só abrir uma Conta Internacional Nomad!

A força da monocultura global

A expansão da Netflix se apoia também em um fenômeno maior: a consolidação de uma monocultura global impulsionada por conglomerados de tecnologia dos Estados Unidos. Embora pareça, à primeira vista, que há diversidade na oferta cultural, a realidade é que os padrões de consumo vêm sendo uniformizados nas áreas de moda, música, entretenimento e mídia.

Essa homogeneização cultural facilita a disseminação de produtos midiáticos globais e desfavorece empresas com foco regional — o que, por consequência, fortalece a posição da Netflix.

Em 2021, o co-CEO Ted Sarandos destacou que a política de conteúdo da empresa visa capturar audiências amplas. A companhia chegou a consultar a Iniciativa de Inclusão da USC Annenberg para maximizar a diversidade em toda a cadeia de produção, dos roteiristas aos atores e produtores.

Embora essa abordagem tenha recebido críticas ideológicas, a Netflix parece estar à frente das tendências demográficas. A participação de brancos na população dos EUA está em queda contínua, hoje inferior a 60%. No cenário global, pessoas de origem europeia representam menos de 8% da população mundial. Desde sua entrada na América Latina, em 2011, a empresa acumulou 40,3 milhões de assinantes na região até 2023 — sendo 14,4 milhões somente no Brasil.

Com essa estratégia de presença global precoce, a Netflix se posiciona como candidata natural a se tornar o "Google do entretenimento".

Resultados financeiros e novas metas

A empresa registrou margem operacional recorde de 31,7% no 1T25, superior aos 28,1% do mesmo período de 2024 e bem acima dos 22,2% do trimestre anterior. O lucro líquido saltou de US$ 2,3 bilhões para US$ 2,89 bilhões. Para o segundo trimestre, a companhia projeta margem ainda maior, de 33,3%, com crescimento de receita de 15,4% na base anual.

A Netflix deixou de divulgar números absolutos de assinantes, mas atribui o desempenho acima do esperado à aceleração nas novas assinaturas. Quanto à possibilidade de recessão, a empresa considera esse fator macroeconômico como neutro, uma vez que períodos de contração tendem a favorecer serviços de entretenimento mais acessíveis — como o streaming.

Além disso, a companhia projeta dobrar a receita com publicidade por meio de seu plano mais barato com anúncios, movimento oportuno diante da saturação de comerciais no YouTube. Com isso, a expectativa é que a receita total de 2025 fique entre US$ 43,5 bilhões e US$ 44,5 bilhões, impulsionada por aumento nos preços das assinaturas e pela migração de usuários de plataformas com publicidade excessiva.

Segundo dados da BARB (Reino Unido), a Netflix já lidera em horas de visualização no streaming, com 9% de participação, superando os 7% do YouTube.

No segmento publicitário, a empresa lançou sua própria plataforma de anúncios nos EUA — a Ads Suite — que será expandida para as regiões UCAN, EMEA e LATAM, com o objetivo de atrair mais marcas internacionais.

Rumo ao clube do trilhão

Com forte geração de caixa, a Netflix recomprou US$ 3,5 bilhões em ações no trimestre, e ainda dispõe de US$ 13,6 bilhões em seu programa de recompra. Para alcançar o valuation de US$ 1 trilhão, a empresa segue os passos de gigantes como Alphabet (NASDAQ:GOOGL) (2020), Apple (NASDAQ:AAPL) (2018), Microsoft (NASDAQ:MSFT) (2019), Amazon (NASDAQ:AMZN) (2018) e Meta (2021).

As projeções de preço para a ação estão em média em US$ 1.112,11 — acima do atual patamar de US$ 996. O alvo mais pessimista é de US$ 833 e o mais otimista, US$ 1.494. Dado o perfil defensivo do papel e os fundamentos sólidos, analistas veem a ação como uma opção de qualidade em momentos de correções nos mercados.

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.