Na última quinta-feira, a Netflix (BVMF:NFLX34) (NASDAQ:NFLX) reportou um aumento de 12,5% na receita do primeiro trimestre de 2025, alcançando US$ 10,54 bilhões em comparação com o mesmo período do ano anterior. Avaliada em quase US$ 420 bilhões, a gigante do entretenimento mira um valor de mercado de US$ 1 trilhão até 2030. A liderança da empresa considera esse objetivo viável por meio da ampliação de três pilares: base de assinantes, receita publicitária e expansão em mercados densamente povoados como Índia e Brasil.
Esse plano implica em um crescimento anual estimado de cerca de 15% nos próximos cinco anos, o que torna o papel atraente para investidores de longo prazo. No acumulado do ano, as ações da Netflix já avançaram 10,3%, cotadas a US$ 996. Mas será que a ambição da empresa é realmente factível?
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A força da monocultura global
A expansão da Netflix se apoia também em um fenômeno maior: a consolidação de uma monocultura global impulsionada por conglomerados de tecnologia dos Estados Unidos. Embora pareça, à primeira vista, que há diversidade na oferta cultural, a realidade é que os padrões de consumo vêm sendo uniformizados nas áreas de moda, música, entretenimento e mídia.
Essa homogeneização cultural facilita a disseminação de produtos midiáticos globais e desfavorece empresas com foco regional — o que, por consequência, fortalece a posição da Netflix.
Em 2021, o co-CEO Ted Sarandos destacou que a política de conteúdo da empresa visa capturar audiências amplas. A companhia chegou a consultar a Iniciativa de Inclusão da USC Annenberg para maximizar a diversidade em toda a cadeia de produção, dos roteiristas aos atores e produtores.
Embora essa abordagem tenha recebido críticas ideológicas, a Netflix parece estar à frente das tendências demográficas. A participação de brancos na população dos EUA está em queda contínua, hoje inferior a 60%. No cenário global, pessoas de origem europeia representam menos de 8% da população mundial. Desde sua entrada na América Latina, em 2011, a empresa acumulou 40,3 milhões de assinantes na região até 2023 — sendo 14,4 milhões somente no Brasil.
Com essa estratégia de presença global precoce, a Netflix se posiciona como candidata natural a se tornar o "Google do entretenimento".
Resultados financeiros e novas metas
A empresa registrou margem operacional recorde de 31,7% no 1T25, superior aos 28,1% do mesmo período de 2024 e bem acima dos 22,2% do trimestre anterior. O lucro líquido saltou de US$ 2,3 bilhões para US$ 2,89 bilhões. Para o segundo trimestre, a companhia projeta margem ainda maior, de 33,3%, com crescimento de receita de 15,4% na base anual.
A Netflix deixou de divulgar números absolutos de assinantes, mas atribui o desempenho acima do esperado à aceleração nas novas assinaturas. Quanto à possibilidade de recessão, a empresa considera esse fator macroeconômico como neutro, uma vez que períodos de contração tendem a favorecer serviços de entretenimento mais acessíveis — como o streaming.
Além disso, a companhia projeta dobrar a receita com publicidade por meio de seu plano mais barato com anúncios, movimento oportuno diante da saturação de comerciais no YouTube. Com isso, a expectativa é que a receita total de 2025 fique entre US$ 43,5 bilhões e US$ 44,5 bilhões, impulsionada por aumento nos preços das assinaturas e pela migração de usuários de plataformas com publicidade excessiva.
Segundo dados da BARB (Reino Unido), a Netflix já lidera em horas de visualização no streaming, com 9% de participação, superando os 7% do YouTube.
No segmento publicitário, a empresa lançou sua própria plataforma de anúncios nos EUA — a Ads Suite — que será expandida para as regiões UCAN, EMEA e LATAM, com o objetivo de atrair mais marcas internacionais.
Rumo ao clube do trilhão
Com forte geração de caixa, a Netflix recomprou US$ 3,5 bilhões em ações no trimestre, e ainda dispõe de US$ 13,6 bilhões em seu programa de recompra. Para alcançar o valuation de US$ 1 trilhão, a empresa segue os passos de gigantes como Alphabet (NASDAQ:GOOGL) (2020), Apple (NASDAQ:AAPL) (2018), Microsoft (NASDAQ:MSFT) (2019), Amazon (NASDAQ:AMZN) (2018) e Meta (2021).
As projeções de preço para a ação estão em média em US$ 1.112,11 — acima do atual patamar de US$ 996. O alvo mais pessimista é de US$ 833 e o mais otimista, US$ 1.494. Dado o perfil defensivo do papel e os fundamentos sólidos, analistas veem a ação como uma opção de qualidade em momentos de correções nos mercados.