Algumas pessoas pensam que para ganhar dinheiro com ações, precisa comprar a ação certa, embasado na possibilidade de crescimento, perenidade, sustentabilidade e rentabilidade e aguardar alguma valorização.
Caso você não saiba, é possível lucrar tanto com a alta quanto com a baixa de uma ação – sendo este um investimento mais arriscado para o investidor iniciante.
O que é uma operação short
A operação short, também conhecida como operar vendido e/ou venda a descoberto, é uma estratégia em que o investidor espera lucrar com a queda do preço do ativo.
O short é considerado um contrassenso aos investimentos porque, ao operar vendido, você está apostando na queda da cotação do ativo. Normalmente, o investidor busca obter lucros na alta, o que o deixa bastante inseguro para fazer a operação inversa.
Como funciona
O short é realizado por meio do aluguel de ações. Nesse caso, você vende a ação que acredita que vai cair. Contudo, conforme mencionamos anteriormente, se houver uma valorização você perde dinheiro.
Como a venda ocorre sem a posse do ativo, a operação é feita como um empréstimo. Você paga uma taxa para se tornar o tomador da ação (alugando-a temporariamente) e automaticamente a vende.
Essa operação pode ser iniciada e encerrada no mesmo dia ou o investidor pode “dormir” vendido em um ativo. Para o investidor “dormir posicionado”, a corretora ou instituição financeira precisa assegurá-la junto ao banco de aluguel, chamado de BTC (Banco de Títulos da CBLC).
Custos da operação
Os custos da operação podem impactar diretamente a rentabilidade. Por isso, o investidor deve entender os resultados pretendidos com a operação, de modo que o retorno objetivo supere os custos. São eles:
- Taxa de corretagem, aplicada no momento da compra e venda das ações;
- Taxa de BTC (que é o custo do aluguel e varia de acordo com o ativo);
- Taxa de Intermediação, que normalmente é de 0,25 por cento ao ano para o tomador;
- Emolumentos, que servem para remunerar a bolsa de valores, a B3 (SA:B3SA3).
Exemplo de como calcular a taxa de tomador:
Imagine a posição de venda de 100 ações da Vale (VALE3 (SA:VALE3)) pelo Preço Base de 20,07 reais por ação.
Portanto, volume financeiro do contrato do aluguel é 20,07 reais x 100 = 2.007,00 reais
A nova taxa do aluguel tomador será de 2.007,00 reais x 0,25 por cento, ou seja, 5,02 reais.
Além dos custos citados acima, a corretora exigirá uma garantia, como dinheiro e outros investimentos, para manter “travado” na corretora caso o ativo suba demais e quem estiver na posição vendida precise zerar a posição.
Geralmente, a corretora exige 140 por cento do valor da operação vendida em garantias.
Riscos do short
Quando você faz uma operação de short, além da possibilidade de perdas ilimitadas (a ação não tem um teto para alcançar a valorização), você tem o risco da taxa de aluguel paga ao dono do ativo (doador).
Nossa analista explica que, dependendo da demanda por um determinado ativo no mercado, o investidor pode sofrer altos custos com a taxa de aluguel.
Para se ter uma ideia, levantamos as cinco maiores taxas para operar vendido (short) na Bolsa.
Nota-se que para montar uma posição vendida nas ações do Inter Banco (SA:BIDI4), que acumula queda de -61,91 por cento neste ano, a ponta vendida precisa pagar uma taxa de 66 por cento.
Ou seja, mesmo que você obtenha lucros com a operação, é possível que o retorno real seja negativo por conta dos custos com a taxa de aluguel.
Como saber se esse investimento é adequado para mim?
Como deu para perceber, essa operação envolve estratégias complexas e é voltada para quem tem mais experiência e conhecimento no mercado de ações.
Em momentos de fortes altas, o investidor que está na posição contrária pode sofrer o que chamamos de chamada de margem e deverá depositar mais garantias para manter o short funcionando.
É importante respeitar seu perfil de investidor. No caso do short, recomendamos o uso apenas para quem tem perfil agressivo, principalmente diante dos aspectos psicológicos, para se sentir confortável em uma operação contrária.