As incertezas que estão no radar
Não dá para negar que estamos convivendo com várias incertezas neste ano.
São diversas: lockdown na China, guerra na Ucrânia, inflação elevada, escalada de juros…
Tudo junto e misturado, não está fácil para ninguém. Bem-vindo a 2022.
O cenário mudou
Fonte: Bloomberg / Inflação Americana 10Y
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O Fed (Banco Central Americano) vem subindo juros de uma forma que não se via há algum tempo e, considerando isso, é bastante comum nos perguntarmos o seguinte:Até que ponto ele deverá elevar os juros para controlar a inflação?Será que esse aumento pode causar uma recessão nos EUA (e no resto do mundo)?Eis as questões.Foram muitos estímulos como consequência da trágica situação de pandemia e grandes restrições de oferta nas cadeias globais de suprimento, fora toda a questão da guerra, efeitos que em conjunto contribuíram (e seguem contribuindo) para o aumento da inflação.Juro baixo é página virada, o contexto mudou.Em terras tupiniquinsNós vivemos um pouco do mesmo cenário, mas estamos em descompasso com as grandes economias.Acho que a grande diferença é que nós já havíamos subido os nossos juros (começamos antes), enquanto esse movimento acontece agora nos EUA.Apesar de termos nos beneficiado com o preço das commodities para cima causado por toda essa situação de guerra e por retomadas na China (o Brasil é um grande exportador de commodities), o fluxo e o medo da recessão seguem assolando o nosso mercado.E tem mais, além de toda essa questão mundial que gera preocupação, nós temos as nossas próprias particularidades (e complexidades) por aqui, e falo do risco das eleições presidenciais e de o governo gastar demais (risco fiscal).A instabilidade persiste e o vento está contra…Não é hora de ser herói
Com todo o cenário devidamente comentado, a conclusão que fica é que o macro está complicado, e a pergunta que não quer calar é: como se proteger neste momento atual tão difícil?Ou melhor, como tomar boas decisões de investimento em meio a todo esse caos?Em tempos adversos, é sempre muito importante estar alocado em “portos seguros” para sobreviver à tempestade.Investir em empresas mais sólidas, com lucratividade consistente, forte geração de caixa, baixo endividamento e que distribuem bons dividendos pode ser uma ótima escolha, por possuírem segurança e previsibilidade no cenário vigente de inflação e juros elevados (muitas até apresentam contratos corrigidos pela inflação, o que é ótimo para se proteger).Esse perfil de empresa que estou falando geralmente está dentro do índice Índice Dividendos, e no gráfico abaixo conseguimos ver um exemplo em que o índice teve uma performance melhor do que o Ibovespa em um momento que tem sido bem ruim para o mercado. |
Fonte: Economática / IBOV vs. IDIV
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Vamos, agora, mostrar quais são as melhores ações que pagam dividendos para o 2S22, considerando uma combinação de valuation, retorno com dividendos e crescimento de resultados. |
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A EDP Brasil (BVMF:ENBR3) é uma companhia integrada do setor elétrico (Transmissão, Distribuição e Geração). Aproximadamente 35 por cento do seu EBITDA vem de distribuição de energia, sendo o principal driver de crescimento o investimento orgânico em distribuição. A Companhia também cresce com foco na diversificação em transmissão de energia elétrica. O aumento da exposição ao segmento de transmissão, além de trazer crescimento para a empresa, adiciona maior previsibilidade e estabilidade para o fluxo de caixa da companhia e, consequentemente, para os dividendos. Em geração, o foco está em investir em renováveis, com destaque para a parte de energia solar. Adicionalmente, a companhia apresenta uma política de distribuir um dividendo mínimo de 1 real e payout superior a 50 por cento do Lucro Líquido Ajustado. Os resultados da EDP Brasil têm crescido consistentemente ao longo dos anos, com bastante resiliência, e seguem com a intenção de continuar entregando projetos voltados para o crescimento. Para você ter uma ideia, ela divulgou um guidance contendo crescimento médio de EBITDA de 8 por cento a 10 por cento contratado até 2025, mas podendo também ter outras opcionalidades. Além do crescimento, é uma empresa que também vem buscando como estratégia a diversificação na sua operação. |
Fonte: EDP
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Em meio a um cenário inflacionário, que leva ao aumento nos juros e nas despesas financeiras das empresas, companhias que apresentam a capacidade de reajustes periódicos, com segurança e poder de repasse, conseguem ser destaques durante a turbulência que vivemos. Negociando a 5,0x EBITDA e com um Dividend Yield de 7,0 por cento para 2022, a recomendação é COMPRAR EDP Brasil (ENBR3). TASA: Aliando crescimento e dividendos |
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Taurus é uma fabricante de armas de fogo que passou por momentos turbulentos até 2018 e que concretizou o seu processo de turnaround operacional recentemente. A maior parte das suas receitas de vendas são para os Estados Unidos, logo, é uma empresa bem dolarizada, o que contribui para a diversificação monetária e como uma proteção em caso de um eventual cenário mais turbulento de recessão econômica interna. |
Fonte: Taurus
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Vale ressaltar que com todo o processo de reestruturação finalizado, a empresa vem conseguindo distribuir proventos aos seus acionistas. |
Fonte: Taurus
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O estatuto social da Taurus determina que, no mínimo, 35 por cento do Lucro Líquido Ajustado da companhia seja distribuído aos acionistas em forma de proventos. |
Fonte: Taurus
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Nova TaurusO começo do turnaround se deu em 2018, com a troca da gestão, mas foi a partir de 2020 que a empresa atingiu um novo patamar de resultados e crescimento. Mesmo sem aquele crescimento de três dígitos que vimos em 2021, a companhia deve continuar ganhando mercado e sustentando os seus resultados em patamares elevados. O grande desafio agora é crescer mesmo com a desaceleração da demanda por armas nos EUA. Negociando a 2,2 x EBITDA e com um Dividend Yield de 9,5 por cento para 2022, a recomendação é COMPRAR Taurus Armas (BVMF:TASA4). EGIE: Diversificação é o nome do jogo |
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Por fim, vamos a uma outra ótima empresa com capacidade de remunerar os seus acionistas com dividendos em 2022. Estamos falando da Engie Brasil (BVMF:EGIE3), também pertencente ao setor elétrico. A companhia é focada em geração de energia elétrica, mas vem buscando diversificar o seu portfólio para outras frentes de atuação no setor, por exemplo, a transmissão de energia. Além disso, dentro da parte de geração, a empresa persegue como estratégia diminuir a sua exposição ao risco hidrológico, investindo em fontes renováveis como eólica e solar, além de deixar uma maior parte do seu portfólio descontratada para aumentar a sua margem de segurança e também para captar maiores preços em momentos de estresse. Com a normalização do cenário hidrológico do país, após um período bastante delicado para os reservatórios, a empresa deve voltar a apresentar maior potencial de geração de resultados, demonstrando a força do seu modelo de negócio. Com um excelente histórico de execução da gestão, boa administração, retorno aos acionistas em patamares elevados, alavancagem financeira controlada, previsibilidade e solidez nos resultados e projetos em andamento, entendo que a Engie Brasil possui uma série de características positivas que contribuem para a distribuição de proventos aos acionistas, sendo uma ótima escolha para quem quer receber dividendos em 2022. Negociando a 8,0x EBITDA e com um Dividend Yield de 7,5 por cento para 2022, a recomendação é COMPRAR Engie Brasil (EGIE3). Forte abraço e até a próxima. |