Os preços do arroz em casca subiram em setembro no Rio Grande do Sul – esse é o terceiro mês consecutivo de alta. Esse cenário se deve à necessidade de indústrias em atender contratos de exportação e também de suprir à demanda dos setores atacadista e varejista no mercado doméstico. De um lado, beneficiadoras mostraram maior interesse na aquisição do cereal, principalmente na primeira quinzena de setembro; de outro, produtores estiveram recuados, sobretudo em relação ao arroz armazenado nos depósitos, devido ao início do semeio. De modo geral, com objetivo de adquirir novos lotes, indústrias aumentaram suas ofertas de compra, inclusive para o arroz “livre” (depositados nas propriedades rurais). Assim, no acumulado do mês, o Indicador ESALQ/SENAR-RS, 58% grãos inteiros, fechou com média de R$ 45,40/sc de 50 kg, 3,8% superior à média de agosto/19 (valores atualizados pelo IGP-DI de set/19). No entanto, no comparativo com o setembro/18, o preço médio caiu 2,7%.
Em relação aos trabalhos de campo, seguem em bom ritmo, de acordo com colaboradores do Cepea. Informações do Irga (Instituto Rio Grandense de Arroz) apontam que até o último dia 27 cerca de 10,41% da área total já havia sido semeada – o maior avanço foi verificado na região da Fronteira Oeste (27,11%), seguida da Zona Sul (6,5%), Campanha (1,85%), Planície Costeira Interna e Externa (1,25%) e Depressão Central (0,25%). Enquanto alguns orizicultores, privilegiados pela menor incidência de chuvas no correr de setembro, se dedicaram com maior intensidade à semeadura, outros aguardam as precipitações para que o solo obtenha umidade adequada. Além disso, segundo produtores, houve um leve aumento no custo de produção nesta nova temporada – insumos e mão de obra não tiveram grandes alterações, porém, o maior valor atribuído ao diesel combustível deve impactar nos gastos.
MERCADO EXTERNO – As exportações brasileiras de arroz, em setembro, segundo a Secex, registraram queda de 9,8% frente a agosto/19, a 96,94 mil toneladas, e de expressivos 40% em comparação ao mesmo período de 2018. As importações nacionais de arroz, por sua vez, se reduziram 18,7% entre agosto e setembro de 2019, a 86,8 mil toneladas, mas ficaram 61% superiores em relação a setembro/18. Quanto aos preços, entre 30 de agosto e 30 de setembro, na CME Group, o contrato Novembro/19 subiu 0,5%, fechando a US$ 12,015/quintal (um quintal equivale a 45,36 quilos, ou seja, US$ 13,167/sc de 50 kg) no dia 30.
Em setembro, o Índice da FAO (composto por 16 preços de referência de exportação de arroz), registrou declínio de 0,44%, indo para 227 pontos. Este movimento foi reflexo da desaceleração da demanda de importação de alguns países e incertezas políticas envolvendo Filipinas e Nigéria. As estimativas de oferta e demanda da FAO apontam que a produção mundial de arroz na safra 2019/20 deve ser de 513,5 milhões de toneladas, volume 0,8% inferior à temporada anterior. O consumo, entretanto, pode atingir 516 milhões de toneladas, um recorde, apesar de apresentar reajuste negativo de 2,3 milhões de t em relação aos dados de agosto. Os estoques, entretanto, devem se reduzir em 1,9% entre as duas últimas safras, somando 179 milhões de toneladas.