Na contramão do esperado para o período de colheita, dados do Cepea apontam que os preços do arroz em casca seguiram firmes em abril no Rio Grande do Sul, devido à demanda aquecida e à restrição vendedora. Compradores consultados pelo Cepea reportaram dificuldades em adquirir lotes; assim, uma parcela dos demandantes locais e de outros estados pagaram preços similares por grãos de diferentes tipos e qualidades, buscando atender a necessidades e preferências das unidades beneficiadoras. No entanto, nem todos os agentes cederam a este movimento e reduziram os preços de compra, pois ainda sinalizavam certa dificuldade de comercialização de arroz com atacadistas e varejistas, relatando custos mais elevados, o que acaba afetando as margens e transmissões de preços entre os elos da cadeia produtiva.
Já do lado vendedor, muitos produtores disponibilizaram apenas lotes pontuais no spot. No entanto, houve ajustes no alongamento dos prazos de pagamento em alguns casos. De modo geral, de acordo com agentes consultados pelo Cepea, os patamares de preços observados em abril estiveram satisfatórios aos orizicultores. As cotações do arroz em casca no RS oscilaram em um intervalo mais estreito durante o mês, com mínima de R$ 86,63/sc de 50 kg (em 28 de abril) e máxima de R$ 87,54/sc de 50 kg (no dia 9) – considerando-se o Indicador do arroz em casca ESALQ/SENARRS (58% grãos inteiros, com pagamento à vista).
Entre 31 de março e 30 de abril, o Indicador ESALQ/SENAR-RS recuou 0,4%, encerrando a R$ 86,64/sc de 50 kg no último dia útil do mês. Por outro lado, a média mensal foi de R$ 87,03/sc de 50 kg, 1,14% acima da registrada em mar/20 e 59% superior à de abr/20. Especificamente no estado de Mato Grosso, o mercado foi caracterizado pela combinação de oferta volumosa e baixa intenção de compra, tanto do casca quanto do fardo. Os preços estaduais da matéria-prima variaram de R$ 85,00 a R$ 94,00/sc de 60 kg na última semana de abril – para grãos com rendimento entre 50% e 57% de inteiros. Para o de 59% a 62% de inteiros, as negociações ainda superaram os R$ 100,00/sc, considerando-se o arroz posto na indústria.
CAMPO – No Rio Grande do Sul, a colheita da temporada 2020/21 alcançou 94,85% da área total implantada, de acordo com dados do Irga divulgados no dia 29 de abril. Regionalmente, os trabalhos estiveram mais avançados na Planície Costeira Externa, com 97,50% do total, seguida pela Fronteira Oeste, com 97,14%, Campanha (94,38%), Zona Sul (93,52%), Planície Costeira Interna (92,69%) e Depressão Central (92,22%) – dados até o fim de abril. Em Santa Catarina, o boletim mais recente da Epagri/Cepa (divulgado no dia 23 de abril) aponta que a colheita do cereal da temporada 2020/21 alcançou 96,36% da área total até a primeira semana do mês. Das lavouras que ainda estavam em campo no período, 90,5% apresentavam condições boas de desenvolvimento e 9,5%, médias. Por enquanto, a expectativa é de que a produção e a produtividade média devem recuar 5,85% frente à safra 2020/21.