Em fevereiro, as negociações envolvendo arroz em casca seguiram lentas no mercado brasileiro. Com o avanço da colheita e os ajustes das paridades de importação e exportação, os preços do arroz caíram para o patamar de agosto de 2020, ou seja, o menor em seis meses. Mesmo assim, as cotações seguiram muito acima da média registrada nos últimos 15 anos, em termos reais (já descontada a inflação). No dia 23 de fevereiro, o Indicador do arroz em casca ESALQ/SENAR-RS (58% grãos inteiros, com pagamento à vista) fechou a R$ 86,76/saca de 50 kg, o menor valor diário desde 24 de agosto de 2020, quando foi de R$ 84,52/sc. Considerando-se as médias mensais, entre janeiro e fevereiro, o Indicador ESALQ/SENAR-RS registrou baixa de 2,66%, a R$ 88,08/sc no último mês.
De um lado, produtores estiveram atentos ao início da colheita, e, portanto, não se mostraram muito interessados em novas vendas, priorizando o cumprimento de contratos já realizados. Vale considerar que os aumentos da taxa de câmbio favorecem a expectativa de sustentação das paridades e, consequentemente, dos preços domésticos. Além disso, não há custeio em vencimento neste momento, o que permitiu adiar um pouco mais novos negócios. De outro lado, ainda houve pressão dos engenhos para novas compras. As elevações dos custos dos insumos relacionados ao petróleo e à energia preocupam agentes. Há aumentos nos preços de combustíveis, embalagens e frete. Na busca pelo repasse de valores maiores ao atacado e ao varejo, há nova “queda de braço” entre agentes. Nos setores atacadista e varejista, ainda pesaram as menores vendas, registradas desde o segundo semestre de 2020. Assim, agentes também não conseguiram repassar os custos maiores aos consumidores, buscando, portanto, compras do arroz beneficiado a preços menores. Vale (SA:VALE3) reforçar que os aumentos dos outros custos já tendem a elevar parcialmente os preços de novas negócios.
CAMPO – No Rio Grande do Sul, a colheita da temporada 2020/21 havia alcançado 5% da área total implantada até a última semana de fevereiro, de acordo com a Emater/RS. Das lavouras que ainda estão no campo, apenas 2% estão em fase de desenvolvimento vegetativo/germinação; 18%, em floração; 44%, na fase de enchimento de grãos, e 31% estão em maturação. Em relação aos demais estados produtores, dados da Conab apontam que a semeadura do arroz já se encerrou nos seis principais estados produtores, que incluem Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão e Goiás, em ordem de importância. A colheita, por sua vez, havia alcançado 45,1% da área em Goiás e 35% no Tocantins até o dia 28 de fevereiro.
MERCADO EXTERNO – Em fevereiro, as exportações brasileiras de arroz somaram 81,9 mil toneladas, praticamente quadruplicaram frente às de janeiro/21, mas permaneceram 2,1% inferiores às de fevereiro de 2020. Já as importações nacionais de arroz totalizaram 80,6 mil toneladas, 38,1% menores que as de janeiro e 1,7% abaixo das compras do mesmo período do ano passado.