As negociações de arroz em casca estiveram lentas no Rio Grande do Sul no mês de maio, devido à “queda de braço” entre os poucos compradores e vendedores ativos no mercado. Demandantes adquiriram lotes com cautela, visto que estão incertos quanto ao consumo do beneficiado nas próximas semanas. Muitos orizicultores, por sua vez, se capitalizaram com as vendas de outras commodities, e, assim, permaneceram retraídos das negociações de arroz. Vale ressaltar que a maioria das comercializações captadas durante o mês estiveram restritas ao arroz em casca já depositado nas unidades de beneficiamento. A demanda retraída por arroz neste ano tem elevado o excedente disponível no mercado doméstico, pressionando as cotações. Assim, negociar com o mercado externo tem sido uma alternativa para escoar o produto. No entanto, os preços no Brasil ainda estão ligeiramente acima dos registrados nos EUA e na Argentina, por exemplo, mas permanecem abaixo da paridade de importação, tomando como referência o produto que chegou no País em abr/21. Porém, a menor taxa de câmbio das últimas semanas tem pressionado a paridade de importação, elevando o valor do produto brasileiro nas exportações.
Em maio/21, a média do Indicador ESALQ/SENAR-RS do arroz 58% de inteiros e pagamento à vista foi de R$ 83,25/saca de 50 kg, 4,35% inferior à de abril/21. Em dólar, a média do Indicador foi de US$ 15,73/sc, ,4% superior à do primeiro vencimento (Jul/21) na Bolsa de Chicago (de US$ 15,06/sc) e 7,2% acima da média na Argentina (de US$ 14,67/sc,segundo o Ministério da Agroindústria). Regionalmente, na Planície Costeira Externa e Depressão Central, os preços médios recuaram mais de 5% entre abril e maio, fechando respectivamente a R$ 84,93/sc e a R$ 81,16/sc no último mês. Na Fronteira Oeste, a média mensal caiu 4,61%, para R$ 82,16/sc. Na Planície Costeira Interna e Campanha, as desvalorizações superar 3,8%, fechando com médias de R$ 85,46/sc e de R$ 82,31/sc. Quanto aos outros rendimentos, os recuos foram de 4,37% para o arroz de 59 a 62% de grãos inteiros, a R$ 83,61/sc na média de maio. O arroz de 63 a 65% de grãos inteiros se desvalorizou 3,80%, para a média de R$ 84,85/sc. Para o arroz de 50 a 57% de grãos inteiros, a média mensal diminuiu 3,66%, para R$ 81,93/sc em maio/21.
CAMPO – No mês de maio, a colheita do arroz em casca da temporada 2020/21 chegou ao fim nas principais regiões produtoras, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Com o encerramento da safra no RS e motivados pelos elevados preços e produtividade, orizicultores já vêm trabalhando no planejamento da próxima temporada, segundo informações da Emater/RS. Quanto aos demais estados produtores, dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) apontam que, até 29 de maio, a colheita havia alcançado 77% da área total no Maranhão.
OFERTA E DEMANDA – De acordo com o último relatório da Conab, divulgado em maio, a produção de arroz em casca na safra 2020/21 está estimada em 11,62 milhões de toneladas, superando em 3,9% o volume da temporada anterior. As importações estão previstas em 1,1 milhão de toneladas, contra 1,28 milhão de t na safra anterior. No total, a disponibilidade está calculada em 14,31 milhões de toneladas, queda de 0,7% frente à passada. O consumo e as exportações brasileiras estão previstos em 10,8 milhões de t e 1,3 milhões de t, respectivamente, quedas de 1,8% e de 28,31% no mesmo comparativo. Com isso, em 31 de dezembro de 2021, os estoques de passagem devem somar 2,2 milhões de toneladas, avanço de 38,6% em relação a dezembro/20. Com estimativas iniciais para a safra 2021/22, o USDA aponta aumento de 1,57% na produção global, que deve ficar próxima de 505,44 milhões de toneladas de arroz beneficiado. O consumo poderá atingir novo recorde, de 513,34 milhões de t, avanço de 1,57% em relação à safra atual. Os estoques de passagem devem ser pressionados novamente, para 168 milhões de t. Com isso, a relação estoque/consumo deve ser de 32,9%. Com produção e consumo crescentes nas safras 2020/21 e 2021/22, as transações mundiais também devem ser maiores nesta temporada 20/21, estimadas em 46,34 milhões de toneladas de arroz beneficiado.