Em julho, indústrias buscaram lotes de arroz depositado e “livre” (depositado nas propriedades rurais) para repor seus estoques, apesar das queixas quanto à dificuldade de repasse das altas do casca ao fardo e ao enfraquecimento no ritmo de vendas aos setores varejistas e atacadistas dos grandes centros. Assim, beneficiadoras do RS, SP, MG e GO aumentaram suas ofertas para efetivarem negócios.
Do lado vendedor, orizicultores estiveram retraídos, atentos às exportações e insatisfeitos em relação ao aumento dos preços dos insumos para a próxima temporada (2018/19). Além disso, as chuvas que ocorreram em vários dias de julho dificultaram a retirada de lotes de casca das propriedades rurais. Quanto às tradings, seguiram ativas em julho, com objetivo de atender à boa demanda do mercado exportador, cenário que sustentou os preços do arroz no mercado interno. Além da demanda externa aquecida, a valorização do dólar frente ao Real em julho favoreceu as negociações no mês.
Nesse cenário, o Indicador ESALQ/SENAR-RS, 58% grãos inteiros registrou alta de 6,57% no mês, fechando a R$ 43,36/sc de 50 kg no dia 31. A média de julho, de R$ 42,02/sc, está 7,8% superior à média de junho/18, mas 3,4% inferior à média de julho/17 (dados atualizados pelo IGP-DI de junho/18).
Em 2018 (jan-jul), a balança brasileira do arroz está superavitária em 546 mil toneladas (eq. casca), ao contrário do mesmo período de 2017, quando estava deficitária em 300 mil toneladas, segundo dados da Secex. Esse cenário se deve à exportação brasileira, que atingiu 979 mil toneladas nos primeiros sete meses deste ano, volume pouco mais de duas vezes maior que o do mesmo período do ano anterior. Já a importação brasileira recuou 42% no mesmo período de comparação, chegando a 433 mil toneladas, ainda segundo a Secex.
MERCADO EXTERNO – De acordo com o relatório da FAO, divulgado na última semana de julho, a produção mundial de arroz na safra 2018/19 deve crescer 1,4%, indo para 511,4 milhões de toneladas. O impulso se deve às boas expectativas para a produção nos países asiáticos (Índia – 2º maior produtor mundial –, Bangladesh e Sri Lanka) e africanos (Burkina Faso, Gana e Nigéria). Já na América do Sul (Brasil, Argentina, Uruguai, entre outros), devido à ocorrência de chuvas inoportunas, é esperado menores colheitas. Na América do Norte, os Estados Unidos podem ter ganho na produção, indo para 6,5 milhões de toneladas; enquanto para a Austrália se estima queda de 22%.
Em julho (até o dia 27), todos os contratos futuros na Bolsa de Chicago (CME/CBOT) registraram altas. Dados referentes à safra 2018/19 de arroz, divulgados pelo USDA em 23 de julho, apontam que 71% das lavouras nos Estados Unidos apresentam ótimas e boas condições, apenas 1 ponto percentual abaixo do mesmo período de 2017. Na sequência, 23% da lavoura está em condições medianas, igual ao do ano anterior e 6%, em condições ruins.