A média do Indicador ESALQSENAR-RS do arroz 58% de inteiros e pagamento à vista no primeiro semestre de 2021 (de R$ 84,67/saca de 50 kg) é recorde para o período, em termos nominais, considerando-se a série do Cepea para esse produto, que começou em 2005 – o que indica um cenário remunerador ao produtor. No entanto, especificamente de maio para junho, as cotações registraram queda expressiva de 12%, com média de R$ 73,15/sc de 50 kg. De modo geral, a queda é reflexo da pressão de atacadistas e varejistas em relação aos valores do beneficiado. Indústrias, por sua vez, tiveram que baixar os preços de venda desse produto, oferecendo, consequentemente, cotações mais baixas para a compra da matéria-prima. Vendedores, por sua vez, estiveram retraídos dos negócios, à espera de melhor remuneração do arroz em casca, e devido à “queda de braço” com compradores no spot.
As cotações domésticas do arroz estão voltando aos patamares médios históricos, quando considerados os valores deflacionados. Assim, abre-se o questionamento sobre a sustentabilidade da produção agrícola, especialmente porque nos últimos 10 anos a cultura mostrou-se pouco viável no Rio Grande do Sul. As expressivas altas dos custos de produção nos últimos meses, aliadas à redução dos preços de comercialização, devem complicar as tomadas de decisões e reduzir a atratividade da cultura. O enfraquecimento do dólar em junho – apesar de limitar a competitividade do arroz brasileiro –, e a forte queda nos preços do arroz nacional trouxeram maior alinhamento entre os valores internos e externos. Considerando-se o Indicador em dólar, a média em junho foi de US$ 14,55/sc de 50 kg, muito próxima aos preços na Argentina (média de US$ 14,81/sc de 50 kg, segundo o Ministério da Agroindústria), e do contrato Julho/21 negociado na Bolsa de Chicago (de US$ 14,31/sc de 50 kg).
Regionalmente, o movimento também foi de quedas representativas em junho. Na Planície Costeira Interna, a média mensal caiu 13,17% na comparação com maio, a R$ 74,21/sc no mês passado. Na Campanha e Fronteira Oeste, as baixas superaram 12%, com médias de R$ 71,89/sc e R$ 72,30/sc em junho. Na Planície Costeira Externa e Depressão Central, com recuos superiores à 11%, as médias fecharam em R$ 74,78/sc e R$ 72,19/sc. Na Zona Sul, a média de junho foi de R$ 74,23/sc, 9,47% inferior à do mês anterior. Quanto aos outros rendimentos, ainda considerando o período entre maio e junho, o recuo foi de 11,91% para os produtos de 59% a 62% de grãos inteiros e 50% a 57% de grãos inteiros, com fechamentos de R$ 73,65/sc e R$ 72,17/sc na média do mês passado, respectivamente. O arroz de 63% a 65% de grãos inteiros se desvalorizou 11,54%, com média de R$ 75,06/sc em junho/21.
SECEX – Em junho, as exportações somaram 70,17 mil toneladas, 19,2% inferior às de maio/21 e fortes 74,5% abaixo das do mesmo mês do ano passado. As importações, por sua vez, totalizaram 85,4 mil toneladas, baixa de 9,6% frente ao registrado em maio, mas aumento de 16,2% em relação a junho/20. Portanto, a balança comercial ficou deficitária em 15,23 mil toneladas em junho/21, contra um superávit de 242,72 mil toneladas no mesmo período de 2020.
