As cotações do arroz em casca seguiram em alta em agosto, mas em menor intensidade que nos meses anteriores. No acumulado do mês (31/7 a 31/8), o Indicador do arroz em casca ESALQ/SENAR-RS, 58% de grãos inteiros, registrou elevação de 3,94%, fechando a R$ 45,07/sc de 50 kg no dia 31 – em julho, a valorização foi de 6,6%, e em junho, de expressivos 8,3%. O preço médio do cereal em agosto, de R$ 44,16/sc (o maior desde abr/17), foi 5,1% superior ao de julho/18 e 2,8% maior que o de agosto/17 (dados atualizados pelo IGP-DI de julho/18).
Para conseguir efetivar novos lotes, indústrias tiveram de aumentar os valores ofertados pelo cereal – as elevações, porém, foram feitas de forma cautelosas ao longo do mês, devido à dificuldade de repassar as altas do casca ao fardo de beneficiado. Com isso, beneficiadoras ora davam preferência para o arroz depositado, ora para o arroz “livre” (armazenado nas propriedades rurais), enquanto outras permaneceram fora do mercado – o cenário altista foi observado apesar da menor liquidez em agosto.
Do lado vendedor, apenas orizicultores com necessidade de “fazer caixa” estiveram ativos, a fim de cumprir com os pagamentos de safra. Outros estiveram recuados, na expectativa de preços mais altos nas próximas semanas. Esta postura foi alicerçada pela liberação de custeio da safra 2018/19 e de EGF (Empréstimo do Governo Federal), e na negociação de outras commodities.
A produção desta temporada (2017/18) está estimada em 12,02 milhões de toneladas pela Conab, 2,5% menor que a anterior. Somada ao estoque inicial em fev/18, de 711,6 mil toneladas, e às importações, de 1 milhão de toneladas entre março/18 e fevereiro/19, a disponibilidade interna ficaria em 13,8 milhões de toneladas. Desse total, a previsão é de que 12 milhões sejam consumidas internamente e 1,2 milhão de toneladas, exportadas. Assim, o estoque final somaria 586,8 mil toneladas – inferior às 711,6 mil da safra 2016/17.
Favorecidas pela demanda internacional e pela valorização do dólar frente ao Real – de 8,4% no acumulado de agosto e de 22,94% em 2018 –, as exportações brasileiras de arroz somaram 1,07 milhão de toneladas (eq casca) entre fevereiro e agosto deste ano, segundo dados da Secex, crescimento de 112% frente ao mesmo período de 2017. Desse volume, 92,49% foram exportados pelo Rio Grande do Sul. O arroz em casca n/parboilizado foi o mais vendido, representando 36,7% do volume total brasileiro.
Na parcial de 2018 (jan-ago), as importações brasileiras somaram 535,6 mil toneladas, queda de 38% frente ao mesmo período de 2017. O tipo mais comprado pelo Brasil foi o semibranqueado, n/parboilizado e polido, com participação de 61,2% no total. Nesse cenário, a balança comercial está superavitária, em 539,8 mil toneladas na parcial deste ano, frente ao déficit de 356,2 mil toneladas de 2017 (jan-ago).
OUTROS GRÃOS – Para o arroz de 50 a 57% de grãos inteiros, o valor médio no Rio Grande do Sul avançou 2,62% no acumulado de agosto (31/7 a 31/8), fechando a R$ 43,36/sc. A região da Zona Sul foi a que registrou o aumento mais expressivo no acumulado do mês: de 7,34%; na Planície Costeira Interna, por sua vez, o avanço foi de 4,21%, e na região da Planície Costeira Externa, de 2,43% no mesmo período. Já na Fronteira Oeste, o preço médio caiu 2,26% em agosto.
SAFRA 2018/19 – Dados levantados pela Emater em agosto apontam expectativa de recuo de 1,69% na área de arroz, para 1,05 milhão de hectares. A produção está prevista em 7,97 milhões de toneladas, com rendimento médio de 7.594 kg/ha. As quedas mais acentuadas nas áreas semeadas foram indicadas para Soledade (-4%), Pelotas (-2,65%), Porto Alegre (-1,64%) e Bagé (-1,26%).
INTERNACIONAL – Entre 31 de julho e 31 de agosto, todos os contratos registram queda na Bolsa de Chicago (CME/CBOT). O vencimento Setembro/18 recuou 9,1%, fechando a US$ 10,830/quintal (hundredweight) no dia 31 (um quintal equivale a 45,36 quilos, ou seja, US$ 11,938/sc de 50 kg). O contrato Nov/18 registrou baixa de 9,5%, a US$ 10,830/quintal. Os vencimentos Jan/19, Mar/19 e Mai/19 cederam 9,3%, 9,2%, e 8,9%, respectivamente.
Dados do USDA referentes à safra 2018/19 apontam que 20% da área alocada ao arroz nos Estados Unidos havia sido colhida até 26 de agosto, abaixo dos 23% observados no mesmo período de 2017, mas 2 pontos percentuais acima da média dos últimos cinco anos. Quanto ao desenvolvimento da cultura, o USDA indica que 75% das lavouras estão em ótimas e boas condições; 21%, em condições medianas, e 4%, em condições ruins ou muito ruins.