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Arroz 2018: Preços Baixos Reduzem Atratividade da Produção, Mas Melhoram Consumo

Publicado 21.01.2018, 08:05
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O ano de 2017 termina em situação bem diferente da observada nos últimos seis anos, segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Os preços cederam expressivamente no ano, mas não chegaram a ser inferiores ao valor mínimo governamental. Com isso, o governo federal não conseguiu acionar as políticas de intervenções.

Agora, a rentabilidade ao produtor está negativa inclusive sobre os custos operacionais, o que justifica a redução da área com a cultura em praticamente todos os estados produtores. Para complicar, o clima para o plantio e o desenvolvimento das lavouras também foi desfavorável. O lado positivo é que a recuperação da economia e a competitividade do cereal na cesta básica podem alavancar o consumo interno, fazendo com que os estoques de passagem se reduzam, podendo levar à recuperação dos preços.

Segundo dados da equipe de Custos Agrícolas do Cepea, a receita com a venda de arroz na região de Uruguaiana (Rio Grande do Sul) está negativa em certa de 7% sobre os custos operacionais e em quase 30% sobre os custos totais. Os dados mostram, portanto, que a receita não é suficiente nem para arcar com gastos operacionais normais da cultura. Como parâmetro, cenário semelhante havia ocorrido pela última vez no início de 2011, devido à queda de preços com a produção recorde que se encaminhava.

Nesta temporada 2017/18, o semeio no Rio Grande do Sul se estendeu até dezembro e o clima segue, de modo geral, insatisfatório para o desenvolvimento das lavouras. O estado representou metade da área com arroz no Brasil entre 2012/13 e 2016/17 e mais de 2/3 da produção total.

Com isso, por enquanto, a Conab estima queda de 9,5% na oferta de arroz sequeiro (diminuição de 2,1% na área e de 7,6% na produtividade) e de 5,4% na produção de arroz irrigado (recuos de 1,6% na área e de 3,8% em produtividade), o que, na soma, deve reduzir em 5,8% a produção de arroz total, para 11,6 milhões de toneladas. O prolongamento do período de semeio da safra 2017/18, devido ao atraso das chuvas nos últimos meses de 2017, traz incertezas quanto ao volume a ser colhido. Porém, se as condições estiverem normais para o desenvolvimento da lavoura, a colheita pode ser maior. De acordo com o Inpe/CPTEC, no primeiro trimestre de 2018, a chuva na região Sul do Brasil deve ocorrer na faixa normal climatológica.

Porém, o ano safra 2017/18 deve começar em mar/18 com 1,5 milhão de toneladas em estoques. Além disso, por enquanto, a Conab ainda estima importações de 1 milhão de toneladas entre mar/18 e fev/19. Desta forma, a disponibilidade interna deve superar 14 milhões de toneladas, ultrapassando os números da temporada 2016/17 e o maior volume desde a safra 2012/13.

Do lado do consumo, o volume deve voltar a ser o maior desde 2012/13, em 12 milhões de toneladas. A previsão de recuperação da atividade econômica brasileira e de retomada dos investimentos industriais para este ano traz expectativa positiva para o consumo brasileiro.

De qualquer forma, o excedente interno deve ser superior a 2 milhões de toneladas, sendo que metade deve ser exportada, segundo a Conab. Se confirmada a expectativa de desvalorização do Real frente ao dólar em 2018, indicada para R$ 3,30 no relatório do Banco Central (Focus), as vendas externas de arroz podem crescer, escoando parte da produção nacional.

Mesmo assim, a relação estoque/consumo deve diminuir. Assim, para 2018 é de se esperar que o preço médio do arroz em casca no Rio Grande do Sul recupere parte das perdas ocorridas ao longo do ano anterior.

No cenário mundial, também é esperado crescimento de 1,1% no consumo, totalizando 503,5 milhões de toneladas, segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura). O impulso poderá vir do consumo humano (+1,4%), atingindo 406 milhões, com consumo per capita subindo para 53,9 kg/pessoa na safra 2017/18, diante dos 53,7 kg/pessoa da temporada anterior. Para o consumo animal, a redução está estimada em 1,7%.

Com a colheita iniciada no último trimestre no Hemisfério Norte, a produção global está estimada em 502,2 milhões de toneladas, ligeiro aumento de 0,2% frente à safra 2016/17, também de acordo com a FAO. Com expectativa de retração na comercialização mundial (-0,7%), especialmente vinda da oferta da Índia, com deficiência na disponibilidade de água, reduzindo a produção e a exportação, o estoque pode atingir 170,5 milhões de toneladas, alta de 1,1%. O estoque/consumo 2017/18 está praticamente estável, em 33,5%, frente aos 33,4% da safra anterior.

Na Bolsa de Chicago (CME/CBOT), os contratos futuros recuaram em dezembro/17, com os primeiros vencimentos de 2018 indicando retração, apesar da estimativa de menor colheita nos Estados Unidos na safra 2017/18 (USDA). De 30 de novembro a 28 de dezembro/17, o vencimento Jan/18 teve baixa de 6,8%, fechando a US$ 11,680/quintal (hundredweight) no dia 29 (um quintal equivale a 45,36 quilos, ou seja, US$ 12,875/sc de 50 kg). Para Mar/18, a retração foi de 7,2% (US$ 11,905/quintal) no mesmo período.

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