A Arezzo (SA:ARZZ3) vem chamando cada vez mais a atenção de investidores brasileiros. A empresa realizou sua oferta subsequente de ações (follow-on) que captou 830 milhões de reais, com apetite para duas novas fusões e aquisições.
Uma reportagem do Valor Econômico cita que a Arezzo apresentou um plano com ativos de interesse para negócios, como Renner (SA:LREN3), C&A (SA:CEAB3), Soma (SA:SOMA3), Centauro (SA:SBFG3) e Amaro. Porém, embora tenham ocorrido algumas sondagens a alguns ativos, não houve clara evolução até agora, dizem duas fontes do Valor.
Em nota, a Arezzo&Co informou que vê uma alta pulverização do varejo brasileiro, mas não está negociando com redes de varejo citadas como ativos que interessam à empresa, em matéria publicada pelo Valor.
Qual o cenário atual?
Atualmente, a Arezzo conta com cerca de 500 milhões de reais em seu caixa e apresenta um baixo endividamento, o que pode possibilitar a ela reforçar as suas disponibilidades em busca de novas oportunidades de negociações.
Com o follow-on, o primeiro desde o IPO, a companhia pode chegar a uma posição próxima de 1,3 bilhão de reais — valor suficiente para realizar aquisições similares às empresas compradas recentemente, como a Reserva (715 milhões de reais), Carol Bassi (180 milhões de reais) e Baw (105 milhões de reais).
As empresas que foram ventiladas como possíveis desejos por parte da Arezzo, após realizar essa nova captação, possuem um elevado valor de mercado, o que pode inviabilizar uma possível transação.
Para se ter uma ideia, somente a Centauro possui uma capitalização menor do que a Arezzo (6 bilhões de reais contra 8 bilhões de reais de ARZZ3), enquanto o Grupo Soma possui 10 bilhões de reais em valor de mercado e a Lojas Renner, 26 bilhões de reais.
As altas cifras acabam mostrando que dificilmente a Arezzo conseguirá adquirir alguma dessas três empresas citadas, mesmo com a adição dos recursos do seu follow-on.
O Grupo Soma havia sido sondado em uma possível transação no ano passado. Porém, tendo em vista a posição de caixa da empresa, o mais provável que poderia acontecer seria uma fusão entre as duas, e não propriamente uma aquisição.
Mesmo assim, como o desejo em negociar com uma dessas empresas foi negado pela Arezzo&Co, é preciso aguardar para ver se realmente haverá um aceno positivo de alguma das partes mais adiante.
Sem novas aquisições, Arezzo é oportunidade ou risco?
Mesmo que não consiga realizar uma grande aquisição, como da Lojas Renner, Centauro ou Soma, ainda assim, a Arezzo é uma companhia que já vem entregando crescimento nos últimos anos, principalmente impulsionada por suas aquisições recentes (Reserva, Vans e Baw), que posicionaram a empresa em outros mercados dentro do varejo brasileiro.
Outro lado positivo é que, podendo adquirir outras empresas menores ou até mesmo realizar uma fusão com alguma companhia já bem posicionada no mercado, a Arezzo tem condições de continuar avançando nos próximos anos e trazendo valor aos seus acionistas.
Então, recomendamos comprar? Não. Embora a empresa negocie múltiplos semelhantes aos seus pares no setor, a 25x Lucros e 17x Ebitda, olhando para o preço das ações, não podemos afirmar que elas estão baratas.
Nossas conclusões
Ainda é cedo para dizer o quanto do seu crescimento já está embutido no preço, ainda mais se ela conseguir concluir alguma aquisição importante em um futuro próximo. A melhor alternativa para o momento é aguardar os próximos movimentos da companhia para identificar se o que o mercado paga é barato ou caro e se existe realmente uma oportunidade em ARZZ3.
Vale ressaltar que, como outras empresas do setor, os riscos que envolvem o negócio da Arezzo estão muito ligados (ainda) ao cenário que estamos enfrentando no Brasil, com aumento de inflação e alta dos juros, o que pode acabar dificultando o repasse de preço dos seus produtos e reduzir o consumo por parte da população. Além disso, dependendo das possíveis empresas que a Arezzo adquira no futuro, é importante identificar se realmente existirá sinergia no negócio e geração de valor ao acionista.