O ditado popular "o bom é inimigo do ótimo" é cirúrgico para resumir o novo arcabouço fiscal do Brasil. O novo arcabouço, embora não seja perfeito, traz avanços significativos em relação à falta de previsibilidade dos gastos governamentais.
Previsibilidade, controle de gastos e previsão de superávit fiscal, quem poderia acreditar? Não é atoa que o mercado responde, o índice Ibovespa reage e sobe, a pressão sobre as taxa dos juros futuros diminui!
Meu ponto de vista é que o aumento da carga tributária pode ser visto como um ponto negativo, mas é importante lembrar que a previsibilidade trazida pelo novo arcabouço fiscal pode ser benéfica para a economia do país a longo prazo. Nós, investidores, buscamos sempre soluções que tenham resultados a longo prazo, e essa medida pode sim trazer estabilidade financeira para o Brasil, se este e outros governos vão ser fiéis a ela, já é outra história que teremos que acompanhar de perto.
Devemos ter em mente que não existe uma solução perfeita para os problemas fiscais do Brasil, e que grande parte da desancoragem das expectativas sobre nossa inflação está diretamente correlacionada com o risco fiscal. No entanto, o novo arcabouço fiscal é um dos passos na direção ao controle fiscal que nosso país precisa para garantir a estabilidade econômica e financeira. Mudanças graduais e consistentes são mais sustentáveis do que soluções radicais e mal planejadas, e é importante que haja uma continuidade nesse processo de melhorias, porém novamente, sem tirar o olho e a cobrança para que exceções à regra sejam radicalmente combatidas.
Embora alguns possam criticar o novo arcabouço fiscal por não ser ambicioso o suficiente, devemos reconhecer que a consistência é uma estratégia eficaz para garantir o sucesso a longo prazo. O guidance apresentado, nos traz capacidade de manter o controle da taxa de juros e inflação, assim como garantir que o investidor estrangeiro continue a olhar para o Brasil. Com o fluxo de capital garantido, cambio controlado e a taxa de juros sob controle, nossa bolsa que já está “super” descontada, é uma das grandes beneficiadas deste processo todo, já o crescimento real do PIB depende da eficiência e aumento de produtividade nos investimentos endereçados, tanto no âmbito privado como público.
A conclusão é que o guidance apresentado está longe de representar um caos para nossa economia. Na verdade é um avanço significativo em relação às previsões catastróficas (que ainda nos assombra) dos gastos governamentais. Atentos a possíveis mudanças no decorrer do processo, aguardamos atentamente os dias 2 e 3 de maio para a próxima reunião do COPOM, e atentos a qualquer pronunciamento do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, sobre os novos rumos que nossa economia e taxa de juros (Selic) podem seguir.