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Arbitrum Foundation passa por cima da governança descentralizada e reacende debate

Publicado 06.04.2023, 11:46
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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A Arbitrum, principal rede de segunda camada da Ethereum, viu sua tão aguardada distribuição de “ARB”, tokens de governança da rede, acontecendo por meio de airdrop no último dia 23. A ideia era de que os detentores do ativo passassem a ter direito de voto nas decisões sobre o futuro e a direção que a Arbitrum deveria tomar, marcando um processo de descentralização da rede por meio do funcionamento em formato de Organização Autônoma Descentralizada (DAO).

No entanto, a primeira proposta de sua existência (AIP-1) já causou uma enorme polêmica e acendeu debates técnicos e filosóficos sobre tomadas de decisão descentralizadas. Em síntese, os fundadores do projeto propuseram financiar a Arbitrum Foundation com 750 milhões de tokens, o equivalente a US$ 1 bilhão, que seriam utilizados para cobrir “subsídios especiais, reembolsando provedores de serviços aplicáveis [...] e cobrindo custos administrativos e operacionais contínuos da fundação”. 

A proposta, no entanto, contou com quase 80% de rejeição, o que deveria impossibilita-la de ser implementada. Certo? Em tese, sim.

No entanto, apesar da reação negativa dos membros da comunidade, a Arbitrum Foundation se manifestou por meio de um post dizendo que a votação tinha sido feita apenas como forma de “ratificação”, e não de proposta. Assim, passou por cima da decisão dos usuários e afirmou que parte dos tokens já tinham sido, inclusive, convertidos em stablecoins. 

Usuários começaram a notar, por meio de dados on-chain, a transferência de 50 milhões de tokens. A Arbitrum se manifestou alegando que 40 milhões haviam sido alocados como empréstimo para um “ator sofisticado no ambiente dos mercados financeiros”, enquanto os outros 10 milhões restantes haviam sido convertidos em moedas fiduciárias. Em suma, aproximadamente 6,7% dos 750 milhões de ARBs já haviam sido gastos.

A fundação alegou ter havido uma falha de comunicação sobre decisões que “claramente não foram articuladas corretamente”.

“Um dos erros na redação do AIP-1 foi não observar desde o início que esta proposta pretendia funcionar como uma ratificação da configuração inicial da Arbitrum DAO e da Fundação que foi criada para servir à DAO . [...] o objetivo do AIP-1 era informar a comunidade de todas as decisões que foram tomadas com antecedência."

Apesar da justificativa, notou-se também que o time do projeto estava despejando tokens no mercado que, inicialmente, haviam sido declarados para a comunidade como “bloqueados”. Não houve qualquer notificação para os usuários sobre quando ou como estes tokens foram destravados. Na verdade, ao visitar qualquer plataforma de “tokenomics”, as informações observadas eram de que somente os tokens de “user airdrop” e “DAO airdrop” estavam disponíveis, com a previsão de desbloqueio do restante apenas para março de 2024.

O fato é que após a pressão e a revolta da comunidade, e vendo que as propostas posteriores – também abarcadas pela AIP-1 - não passariam pelo crivo popular, a Arbitrum Foundation voltou atrás em seu sistema de votação e disse que dividirá seu controverso pacote de governança em uma série de partes menores, facilitando as votações dos temas:

“O AIP-1 é muito grande e abrange muitos tópicos. Seguiremos o conselho do DAO e dividiremos o AIP em partes. Isso permitirá que a comunidade discuta e vote nas diferentes subseções.”

Muitos usuários começaram a criticar o protocolo, afirmando que só porque uma rede é permissionless, não significa que seja descentralizada, levantando suposições de que a Arbitrum Foundation poderia interromper a rede, modificar códigos, censurar transações, congelar carteiras, retirar fundos da DAO e muitos outros pontos. Mas o debate sobre descentralização não vem de agora.

Vale lembrar que, há não muito tempo, a Uniswap abriu votação para que os detentores do token UNI decidissem sobre a proposta de implantação do Uniswap V3 na BNB Chain. No entanto, o fundo de capital de risco de Andreessen Horowitz, a16z, utilizou todos seus 15 milhões de tokens UNI para votar contra a proposta e tentar impedir o movimento. Saíram perdedores, mas levantaram uma grande e essencial discussão.

O contexto é que, na votação anterior da Uniswap, onde houve uma disputa entre Wormhole Bridge (investido pela JumpCrypto) e LayerZero (investido pela a16z) para ver quem iria fazer as transferências dos ativos da rede Ethereum para a BNB Chain, o protocolo da JumpCrypto saiu vencedor. Portanto, meus amigos, a discussão posterior sobre a implantação da Uniswap V3 na BNB Chain era muito mais do que uma discussão qualquer: era uma batalha velada entre players centralizados decidindo o futuro de um protocolo descentralizado. E há diversos outros meios pelo qual uma governança “descentralizada” pode ser ameaçada que não só através do acúmulo de capital.

Na verdade, em vários casos, a tão almejada "descentralização" é uma mentira. Muitas vezes, o protocolo tem sim um dono e um “acionista controlador”. Em alguma medida, faz parte do jogo. No caso da governança da Arbitrum, os investidores de varejo ficaram chateados ao descobrir que alguns players estavam "trapaceando" ao despejar mais tokens do que o inicialmente divulgado. 

Grande parte do valuation de redes blockchain se dá em função das promessas de descentralização daquele projeto, principalmente se a rede demonstrar grandes marcadores de usabilidade e se a distribuição dos tokens aparentar ser descentralizada. Por estes motivos, é crucial analisar os projetos com ceticismo e imparcialidade, sempre de forma crítica e especializada para conseguir separar o joio do trigo.

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