Relatório do USDA surpreende o mercado, e demanda impede queda nas cotações.
Na última sexta-feira, 12 de agosto, o USDA divulgou seu relatório mensal. Os dados revelados surpreenderam o mercado. As principais alterações ocorreram na safra americana. O USDA estima que os Estados Unidos vão colher 110,5 milhões de toneladas na safra 2016/17, e se isso de fato acontecer, caracterizará uma safra recorde. Os estoques americanos também tiveram grandes variações. Os estoques inicias tiveram um acréscimo de 34% na comparação com o ano passado, e os estoques finais ficaram 29% acima na comparação com o mesmo período do ano anterior.
O relatório apresenta apenas estimativas. Diversos analistas consideraram os números do mês de agosto muito otimistas. O clima vem colaborando com os produtores americanos, porém as fortes ondas de calor podem prejudicar o desenvolvimento da safra. Ainda resta mais de um mês para que a safra americana comece a ser colhida e até lá muita coisa pode mudar. O clima, por exemplo, é sempre imprevisível. Mas caso tudo ocorra de formal normal, e os Estados Unidos colham 110,5 milhões de toneladas, isso corresponderá a uma produtividade de 55,45 sacas de soja por hectare, sendo a média americana de 52 sacas por hectare.
Outro destaque do relatório foi o aumento da demanda pela oleaginosa. O relatório do USDA apontou para uma diminuição de 7% nos estoques iniciais, e de 2% nos estoques finais para a próxima safra. Também foi registrado um aumento de 4% no processamento doméstico e no consumo total para 2016/17. As exportações deverão ser 5% mais altas. Tudo isso indica que a procura pela oleaginosa deve se manter aquecida. A China é a principal razão do aumento do consumo de soja. Os chineses, apesar de sofrerem uma desaceleração econômica, continuam a consumir cada vez mais grandes quantidades de soja, tanto para consumo humano quanto para consumo animal.
Apesar das cotações terem caído na sexta-feira, na média da semana os contratos da oleaginosa variaram positivamente, com exceção do contrato spot. No acumulado da semana o contrato spot recuou 0,05%, já o de novembro, o mais negociado, avançou em 0,74%.
Para as próximas semanas o clima continuará balizando o mercado, enquanto que a demanda também deve ser observada. O boletim climático continua apresentando clima favorável para o desenvolvimento da soja nos Estados Unidos. As imagens de satélite indicam que nos próximos 10 dias o Meio-oeste americano terá temperaturas abaixo do esperado para o período e bons volumes de chuva. Os estados de Illinois e Iowa são a exceção, pois terão temperaturas acima do esperado para esta época do ano. O bom nível de chuvas deve contribuir para bom o desenvolvimento final da safra americana. Se continuar assim, as chances de uma safra recorde são grandes, mas o mercado já precificou isso e alterações de demanda e climáticas podem gerar variações nas cotações.