Nenhum outro balanço financeiro é tão importante para os investidores como o que a fabricante do iPhone, a Apple AAPL, divulgará nesta terça-feira à tarde. A razão é que os ganhos meteóricos das ações da Apple impulsionaram grande parte do forte rali do mercado americano durante o ano passado.
Depois de mais do que dobrar de valor, todos esperam da Apple nada menos que a perfeição, sem deixar margem para que a empresa decepcione. A disparada dos últimos 12 meses foi tão intensa que aumentou a capitalização de mercado da companhia em mais de US$ 725 bilhões, levando-a para cerca de US$ 1,4 trilhão. A ação fechou o pregão de sexta-feira cotada a US$ 318,31, um pouco abaixo da máxima histórica de US$ 323,33.
O que está gerando tanto otimismo com a Apple é a expectativa de que as vendas de iPhones continuem robustas e aumentem ainda mais com o lançamento dos modelos 5G, programado para setembro de 2020. Esses aparelhos permitirão que os consumidores tenham maior velocidade de conexão, aumentando as entregas de iPhones pela primeira vez em dois anos.
Graças a essa perspectiva de maiores vendas de iPhones após a implementação da tecnologia 5G, também se espera um crescimento nas receitas proveniente das vendas de AirPods, smartwatches e serviços, como assinaturas de streaming de música e pagamentos móveis, alimentando a crença de que a companhia está dependendo menos dos negócios de hardware mais cíclicos e se tornando uma empresa de serviços.
O crescimento da sua divisão de serviços no ano passado ajudou a Apple a compensar o declínio de 14% nas vendas de iPhones. De fato, a expectativa é que a vendas de serviços aumentem para US$ 54 bilhões no ano fiscal de 2020 e responda por um quinto das vendas totais, uma alta de 18% em relação ao fim de 2019, de acordo com dados de analistas compilados pela Bloomberg.
Valuation da Apple salta
Com a volta do crescimento em iPhones e a forte expansão das operações de serviços, os investidores estão mais confiantes com as perspectivas futuras da Apple. Pela primeira vez desde 2011, os papéis da fabricante do iPhone vêm sendo negociados a um índice de preço/lucro mais alto do que o do S&P 500.
As ações da Apple são negociadas a 27 vezes o lucro do ano passado, o maior nível desde 2008. Já o S&P 500 apresenta um múltiplo de 24. A persistente força da Apple mostra que os investidores começaram a ignorar o cenário baixista que recomenda aos investidores que evitem a empresa por causa da alta dependência do seu crescimento aos iPhones. O principal produto da empresa ainda contribui com metade das suas vendas totais, tornando seus negócios vulneráveis a uma mudança nas preferências dos consumidores e a uma possível desaceleração na atividade econômica.
Além desses fatores de crescimento, o ambiente macro está melhorando rapidamente, após o arrefecimento da disputa comercial entre EUA e China e do risco crescente de uma recessão, que geravam pessimismo no ano passado. O mercado acionário está subindo, a volatilidade está baixa e o emprego está crescendo.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) está em compasso de espera, e é pouco provável que o presidente Donald Trump provoque qualquer choque de mercado em um ano de eleição. Esse pano de fundo positivo está fazendo com que os consumidores gastem mais com aparelhos eletrônicos em todo o mundo. As vendas de iPhones na China, maior mercado externo da Apple, subiram mais de 18% no mês passado, de acordo com cálculos da CNBC.
Resumo
As iniciativas da Apple para expandir suas vendas de serviços claramente estão dando resultado, assim como a retomada do crescimento dos iPhones. Essa poderosa combinação justifica a atual avaliação de mercado da ação e seu potencial crescimento futuro. Qualquer fraqueza após a divulgação dos resultados é, em nossa visão, uma oportunidade de compra.