Publicado originalmente em inglês em 15/10/2020
A Apple (NASDAQ:AAPL) finalmente lançou seus tão aguardados novos modelos de smartphones na terça-feira, dando início ao que muitos analistas acreditam ser mais um superciclo de crescimento dessa gigante da tecnologia.
A empresa sediada na Califórnia revelou quatro diferentes modelos de iPhone: o iPhone 12 mini, versão de 5,4 polegadas e preços a partir de US$ 699; um aparelho de 6,1 polegadas partindo de US$ 799; um modelo Pro de 6,1 polegadas a partir de US$ 999; e outra versão Pro de 6,7 polegadas partindo de US$ 1.099.
Todos esses iPhones vêm com um novo padrão de conexão sem fio chamado 5G, capaz de transmitir dados até 10 vezes mais rápido do que a atual tecnologia 4G. O iPhone 12 veio com um novo visual, cujas bordas mais planas lembram as do iPhone 4. Os preços dos novos telefones ficaram praticamente em linha com os do ano passado, embora o 12 Mini seja a nova versão mais barata.
O CEO da empresa, Tim Cook, que fez o lançamento virtual, confirmou que o suporte para 5G virá de série em toda a linha de novos iPhones. O CEO da Verizon (NYSE:VZ), Hans Vestberg, que também participou do evento, disse ao público que o serviço 5G chegaria a 60 cidades americanas até o fim do ano.
A Verizon também está colocando em operação sua rede 5G de banda baixa em mais de 200 cidades para oferecer ampla cobertura. Segundo o executivo:
“Até agora, muitas pessoas resolveram esperar para ver o que será o 5G. Elas estavam esperando o 5G se tornar realidade. Bem, hoje, com o iPhone, a espera acabou”.
Apesar da ansiedade dos clientes por novos modelos, os papéis da Apple não reagiram fortemente na quarta-feira, caindo levemente no início da sessão. Mas acabaram fechando o dia com leve alta de 0,07%, a US$ 121,19.
A correção inicial negativa, entretanto, não confirmou a visão altista de muitos analistas em relação à disparada da demanda que os aparelhos habilitados para a tecnologia 5G poderiam criar nos próximos meses.
Novos preços tornam o iPhone mais atraente
Essas expectativas e o sucesso da Apple em aumentar a receita com serviços ajudaram a empresa a se tornar a primeira companhia de capital aberto nos EUA a ultrapassar o valor de mercado de US$ 2 trilhões no início deste ano. Analistas pesquisados pela FactSet preveem, em média, que a receita com iPhones crescerá 15%, para US$ 160 bilhões no ano fiscal iniciado em 1 de outubro. Essa cifra está US$ 6 bilhões abaixo do recorde registrado no ano fiscal de 2018, quando o iPhone X de US$ 1000 ajudou a impulsionar as vendas, mesmo com as remessas não atingindo nova máxima.
“A dinâmica de preços são o segredo do sucesso do lançamento dos aparelhos”, escreveu Harsh Kumar, da Piper Sandler & Co., em uma pesquisa citada pela Bloomberg. “Os preços ficaram mais baixos do que nossa expectativa, o que é importante na atual pandemia global".
A Apple vinha enfrentando dificuldades para retomar o crescimento dos iPhones, já que os consumidores mantinham seus aparelhos antigos por mais tempo. Após a recessão desencadeada pela covid-19, essa tarefa ficou ainda mais desafiadora, uma vez que milhões de pessoas perderam seus empregos com o fechamento das empresas. A receita trimestral desse segmento atingiu o pico no primeiro trimestre do ano fiscal de 2018 da Apple. Mas os preços competitivos da empresa, a primeira renovação de projeto em três anos e a atratividade da velocidade de conexão mais rápida podem fazer os usuários atualizarem seus aparelhos, à medida que a economia mundial sai de recessão.
Fator chinês
Os analistas também estão otimistas com as vendas na China, segundo maior mercado da Apple, onde as redes 5G já estão mais avançadas do que nos EUA.
Dan Ives, analista da Wedbush Securities, estima que 350 milhões dos 950 milhões de iPhones no mundo estejam atualmente na janela de oportunidade da atualização.
Em uma entrevista à CNBC, Ives, que vinha prevendo um superciclo há meses, disse o seguinte:
“O mais importante é saber se a Apple conseguirá superar o pico de 231 milhões de unidades de 2015. Se conseguir, entrará para o hall da fama de Cupertino como um superciclo. Se fracassar, o desapontamento será refletido nas ações”.
Mesmo que a Apple não consiga impulsionar seus novos modelos em meio a uma pandemia e uma recessão global, a estratégia de diversificação da empresa além dos seus negócios de hardware está funcionando e oferece uma boa razão para manter o entusiasmo.
Graças ao aumento da receita proveniente de serviços, a companhia também está vendendo mais acessórios de hardware, como AirPods e Apple Watch, que registraram um impressionante crescimento em seu segmento de wearables. Durante o lançamento de ontem, a Apple também revelou seus fones de ouvido Beats com carregamento via USB-C, os quais substituirão sua porta exclusiva Lightning, com o Beats Flex de US$ 50.
A RBC Securities, que elevou o preço-alvo da Apple para de US$ 111 para US$ 132, afirmou em nota ontem que a futura oferta do Fitness+ pela AAPL é uma adição de valor.
A nota disse o seguinte:
“Além da significativa contribuição de receita/LPA, nossa expectativa é que haja grandes oportunidades de sinergias entre Watch/TV/iPad/Serviços. Consideramos que a oferta representa mais uma forma de a AAPL aumentar a fidelidade dos clientes e, o mais importante, a repetição de compras”.
Resumo
A Apple continua sendo uma ação atraente para comprar mesmo com seu rali de 65% neste ano. A máquina de inovações da empresa e o crescimento do seu segmento de serviços e aparelhos wearables oferecem uma excelente razão para ficar animado com o papel, mesmo que os novos iPhones não gerem os resultados esperados no curto prazo.