Tudo sugere que está havendo a conscientização de que o “câmbio alto” tão decantado e desejado pelo Ministro Guedes está realmente alto e acima dos parâmetros razoáveis pressionados pela crise fiscal.
Há questão de um mês o IIF num estudo sobre moedas emergentes apontou que o real estava 15% fora do ponto, elevado, e a lira turca em contraposição estaria 25% abaixo do preço, mas estas colocações tiveram pouca repercussão naquele momento.
Mais recentemente houve novo movimento de apostas contra o real, mas sem lograr sustentação e tendência e isto está consolidando o entendimento de que, ainda que satisfeita a vontade do governo, os parâmetros para o preço da moeda americana são de R$ 5,00 a R$ 5,50, tendente à mediana, visto que neste nível já está elevado e compatível com a situação fiscal deteriorada nos níveis atuais, e não existem em perspectiva fatores que apontem nem para pressão de saídas ou ingressos efetivos de divisas no país no mercado à vista.
As projeções para o déficit em transações correntes em recuperação torna sustentável a visão de que não haverá pressões de demanda no mercado cambial.
Pressões, se houver, acontecerão a partir do mercado futuro de dólar e isto poderia ocorrer se o teto orçamentário vier a ser rompido de forma descontrolada e populista pelo governo e/ou então com preocupações fundamentadas.
Ruídos políticos em torno da equipe econômica impactam neste momento pressionando o preço, embora superável ao longo do tempo, mas sempre impactantes no curto prazo e perturbadores, pois eventuais mudanças em postos chaves da economia intranquilizam e o país tem a colaborar a situação frágil fiscal.
Em razão destes ruídos e os movimentos assimétricos entre o Presidente e o Ministro da Economia, o real bateu recorde de depreciação frente ao dólar, pois o mercado, como de hábito, assume postura defensiva.
O Brasil, a despeito do otimismo pregado com insistência, não tem tração efetiva para uma retomada sustentável da atividade econômica, pois o desempenho do consumo está atrelado diretamente ao fluxo de recursos oriundo dos cofres governamentais, e, ainda pairam muitas dúvidas acerca de retração ou expansão do desemprego e das faixas salariais pós pandemia que tendem a ser cadentes, e ainda, de como o Governo vai financiar os seus programas sociais neste quadro atual, já que está “encurralado” pela crise fiscal.
O momento sugerindo retomada sustentável ainda parece distante do momento atual, embora precipitadamente subestimado por conveniência.
As incertezas atuais são crescentes quanto as diretrizes e viabilidades para o país, e o mercado financeiro literalmente demonstra que mais do que preocupado, está “assustado” com os sinais de retrocesso.