Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
- Vencedoras do 4º tri
- Perdedoras no último trimestre de 2021
- Vencedoras desde o fim de 2020
- Algumas commodities caíram no ano encerrado em 31 de dezembro de 2021
- 3 razões para o rali e 3 razões para sua continuidade em 2022
A pandemia mundial fez os preços das commodities atingirem mínimas plurianuais em 2020, preparando o palco para uma retomada espetacular em 2021. A cotação da maioria das commodities subiu no ano encerrado na semana passada, mas algumas delas registraram perdas na comparação ano a ano.
A liquidez dos bancos centrais e programas de estímulo governamentais ao redor do mundo, responsável por estabilizar a economia global, acendeu um estopim altista no mercado de commodities. O Fed passou meses chamando as pressões inflacionárias de “transitórias” e atribuindo a culpa por essa condição econômica aos gargalos provocados pela crise sanitária nas cadeias de suprimentos.
Na reunião de dezembro do Comitê Federal de Mercado Aberto, autoridade monetária dos EUA, vimos que o banco central mais poderoso do mundo jogou a toalha e aposentou o termo, dando a entender que a inflação é um problema estrutural cada vez maior, que requer uma abordagem mais rígida em termos de política monetária. Os preços das commodities passaram todo o ano de 2021 “gritando” para o Federal Reserve (Fed), que finalmente acordou em sua reunião final. Recentemente, o economista Mohamed El Erian disse que a expressão “inflação transitória” foi a pior avaliação já feita pelo Fed em sua história.
A maioria das commodities valorizou-se em 2021 e continuou exibindo tendências de alta no fim do ano. A tendência é sempre sua melhor amiga em qualquer mercado e, em 2022, não deve ser diferente.
Vencedoras do 4º tri
Trinta das quarenta e uma commodities líderes registraram ganhos no último trimestre de 2021.
Fonte: Exchange Settlement Prices
O ilíquido mercado da madeira serrada assumiu a dianteira na alta, com uma valorização de quase 83% ao longo dos três meses. Doze commodities registraram ganhos de dois dígitos no 4º tri.
Perdedoras no último trimestre de 2021
Onze commodities registraram perdas de 30 de setembro a 31 de dezembro de 2021.
Fonte: Exchange Settlement Prices
O Baltic Dry Index (BDI) que monitora as taxas de fretamento, caiu durante os meses de inverno. No entanto, o BDI alcançou seu preço mais alto em vários anos em 2021 e ainda estava mais elevado que o preço ao final de 2020, em 31 de dezembro.
O carvão foi o que registrou o segundo pior desempenho, com um declínio de mais de 46%, mas seus preços atingiram a máxima histórica em outubro, antes de recuarem. O gás natural disparou para US$6,466 por MMBtu em outubro, o preço mais alto desde fevereiro de 2014, antes de reverter e cair mais de 36% no trimestre.
Ironicamente, com exceção do cacau, todas as commodities que caíram no 4º tri valorizaram-se em 2021. Dez das onze registraram ganhos percentuais de dois dígitos no ano.
Vencedoras desde o fim de 2020
Em 2021, trinta e três commodities se valorizaram, ao passo que apenas oito caíram no ano.
Fonte: Exchange Settlement Prices
O estanho na LME e a aveia lideraram a alta. Ambos os mercados sofrem com a iliquidez, que tende a exacerbar os movimentos de preço. Trinta e duas commodities tiveram ganhos percentuais de dois dígitos, sendo que treze delas valorizaram-se mais de 50% no ano.
Algumas commodities caíram no ano encerrado em 31 de dezembro de 2021
Quatro perdedoras em 2021 registraram perdas percentuais de dois dígitos entre as oito commodities que caíram desde o fim de 2020.
Fonte: Exchange Settlement Prices
O minério de ferro foi o maior perdedor, mas o preço valorizou-se mais de 72% em 2020. Os metais preciosos se desvalorizaram, com perdas no paládio, prata, platina, ródio e ouro em 2021, depois que todos os metais registravam ganhos expressivos em 2020. O farelo de soja subiu mais de 43% em 2020, enquanto o cacau teve um ganho marginal de 2,24% no mesmo ano.
O fato é que a ação dos preços das commodities foi extremamente altista em 2021. Um conjunto de 29 commodities líderes e mais líquidas negociadas nos mercados futuros dos EUA e Reino Unido valorizaram-se 4,73% no 4º tri e 26,79% em 2021.
3 razões para o rali e 3 razões para sua continuidade em 2022
Após a crise financeira global de 2008, os bancos centrais e governos forneceram liquides e estímulo para estabilizar a economia. Os instrumentos de estabilização ocasionaram o rali das commodities que durou até 2011-2012.
Embora a pandemia de 2020 tenha sido um evento bastante diferente, os instrumentos foram os mesmos. A única distinção foi que o “tsunami” de liquidez e estímulo foi muito maior em 2020 e 2021 do que em 2008 e 2009.
Albert Einstein afirmou que a definição de insanidade é continuar fazendo a mesma coisa e esperar um resultado diferente. Três fatores, além da comparação de 2008 com 2020, dão suporte aos preços das commodities em 2022:
- A inflação continuará sendo um perigo claro e presente em 2022.
- O Fed prevê uma taxa de 0,90% para os fundos federais em 2022 e de 1,6% em 2023. Mesmo que a inflação ceda, os juros continuarão em território negativo no próximo ano.
- A tendência é sempre sua melhor amiga em qualquer mercado. No início de 2022, a tendência das matérias-primas era de alta.
A ascensão dos preços das commodities se assemelha a uma corrida de revezamento, com uma commodity entregando o bastão de alta para a outra desde as mínimas do início de 2020. Bull markets raramente se movem em linha reta, e correções podem ser brutais, como testemunhamos em diversas commodities neste ano. A madeira serrada caiu de mais de US$1700 por 1000 pés-tábua em maio de 2021 para menos de US$500 em agosto. O cobre recuou de quase US$4,90 para menos de US$4 no mesmo período. O barril de petróleo negociado na Nymex caiu de mais de US$85, em outubro de 2021, para menos de US$63 no início de dezembro. Diversas outras commodities corrigiram, mas nenhuma chegou perto das mínimas de 2020.
Minha expectativa é que a classe de ativos continue registrando mínimas e máximas ascendentes em 2022. Comprar correções possivelmente será a estratégia mais acertada, já que as pressões inflacionárias não irão ceder no futuro próximo.