- Simpósio de Jackson Hole do Fed faz dólar se aproximar da máxima de três meses;
- Os números do mercado de trabalho de agosto, o índice de confiança do consumidor e o PIB do 2º tri estão em foco na semana.
- Investidores do petróleo também contam com a melhora do sentimento na China.
Após o simpósio anual do Federal Reserve em Jackson Hole, o dólar e as taxas dos títulos do Tesouro americano empreenderam alta, trazendo um novo desafio para o mercado de petróleo nesta semana, intensificado pelos dados de emprego nos EUA para agosto, que serão acompanhados de perto para saber se podem amenizar pelo menos parte da postura “hawkish” (rígida) adotada pelo banco central americano no evento, caso venham abaixo das expectativas.
Além dos números oficiais de emprego na sexta-feira, também teremos a divulgação do índice de confiança do consumidor americano referente a agosto na terça, bem como a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB), para o segundo trimestre na quarta.
A confiança do consumidor atingiu o nível mais alto em dois anos em julho, à medida que as pressões inflacionárias arrefeceram e a economia americana continuou mostrando força, mesmo com taxas de juros muito mais altas.
Os participantes do mercado estarão atentos para ver se o Conference Board, um grupo de pesquisa empresarial que divulga o índice de confiança do consumidor, relatará uma leitura mais elevada do que os 117 registrados em julho. As previsões obtidas até agora pelo Investing.com mostram expectativas em apenas 116.
No entanto, não se espera nenhuma mudança no front do PIB, com a leitura do segundo trimestre prevista para permanecer em 2,4%, a estimativa divulgada no primeiro trimestre.
Por outro lado, no que diz respeito à criação de vagas de trabalho no país, a situação será diferente. A geração de 187.000 empregos em julho foi a menor desde março de 2021. Os economistas de Wall Street preveem uma geração de 170.000 empregos para agosto.
Os investidores do mercado petrolífero também estarão esperando por uma mudança de sentimento da China.
Após uma alta no início da segunda-feira, os preços do petróleo estavam ligeiramente mais baixos, já que os investidores permaneceram preocupados com o ritmo de crescimento econômico na China e a perspectiva de novos aumentos nas taxas de juros nos EUA que poderiam afetar a demanda por combustível.
O West Texas Intermediate (WTI) negociado em Nova York flutuava abaixo da marca-chave de US$ 80 por barril no momento da redação, com alta de 0,2% no dia.
O referencial de preços do petróleo nos EUA encerrou a semana passada com queda de 1,7%, após recuar 2,3% na semana anterior. Antes disso, subiu por sete semanas seguidas em um rali que elevou o WTI em quase 20%.
O Brent, negociado em Londres, estava pouco abaixo de US$ 84, quase estável no dia.
O Brent caiu 0,4% na semana passada, somando-se à queda de 2,3% na semana anterior. Antes disso, o benchmark global do petróleo também subiu por sete semanas seguidas, registrando um aumento total de 18%.
A força do dólar, negociado perto das máximas de três meses, limitou quaisquer ganhos significativos nos preços do petróleo nesta segunda-feira, 28.
A moeda americana foi impulsionada por uma perspectiva “hawkish” do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que alertou que as taxas de juros ainda poderiam subir mais para conter a inflação persistente.
Ainda assim, Powell também observou que a economia dos EUA não estava esfriando como esperado, o que poderia manter a atividade e a demanda por petróleo no maior consumidor mundial de combustível alta no curto prazo.
No entanto, a expectativa é que a demanda por combustível nos EUA também diminua nos próximos meses, à medida que a temporada de verão chega ao fim.
Dados industriais da China em foco
Os preços do petróleo tentavam encontrar suporte, em resposta à decisão da China de reduzir pela metade o imposto sobre a negociação de ações para estimular mercados em dificuldade.
Pequim revelou mais medidas destinadas a sustentar o setor imobiliário, bem como os mercados de ações, durante o fim de semana.
A medida ajudou a estimular um pouco de otimismo em relação a uma recuperação econômica no maior país importador de petróleo do mundo, que está enfrentando uma desaceleração acentuada no crescimento.
O foco desta semana está em grande parte nos dados do índice de gerentes de compras (PMI) para agosto, que serão divulgados na quinta-feira.
A expectativa é que os dados mostrem que o setor de manufatura da China permaneceu em contração pelo quarto mês consecutivo, reduzindo a atividade empresarial mais ampla.
Embora as últimas medidas de apoio de Pequim tenham oferecido algum alívio, os traders têm ficado bastante impacientes com a abordagem hesitante do governo em relação à implementação de mais respaldo à economia.
Essa noção, especialmente um corte de juros menor do que o esperado pelo Banco Popular da China na semana passada, também pesou sobre os mercados de petróleo.
Tony Sycamore, analista de mercado da IG, declarou o seguinte:
"Infelizmente, após o modesto corte de juros do banco central chinês na semana passada, os anúncios acima representam mais uma medida fragmentada que não alterará o pessimismo do investidor em relação à China."
(Tradução de Julio Alves)
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Aviso: O conteúdo deste artigo é puramente informativo e não representa qualquer recomendação de compra ou venda de qualquer ativo tratado. O autor Barani Krishnan não possui posições nas commodities ou investimentos sobre os quais escreve. Ele geralmente utiliza uma variedade de visões além da sua para promover a diversidade da análise de qualquer mercado. A bem da neutralidade, ele por vezes apresenta visões e variáveis de mercado contrárias.