A inflação ainda não dá sinais de arrefecimento, e esse movimento deve continuar nos próximos meses, porém alguns fatores têm influenciado a diminuição das taxas de juros dos títulos e contratos futuros de longo prazo, o que influencia diretamente e positivamente os fundos imobiliários. Isso porque o Banco Central sinalizou que na próxima reunião do COPOM, em maio deste ano, deverá ocorrer a última elevação da taxa básica de juros desse ciclo para 12,75%, patamar considerado adequado para levar o IPCA para a meta em 2023. Ao mesmo tempo, o cenário fiscal segue trazendo notícias positivas, principalmente pelo lado das receitas, deixando de ser fonte de grandes preocupações, pelo menos no curto prazo.
A forte apreciação do real frente ao dólar deve ajudar a manter a inflação dentro do esperado para 2022, e as expectativas de inflação a partir do próximo ano em diante estão ancoradas próximas a meta, mesmo considerando um patamar de juros mais baixos, ou seja, levam em consideração que haverá um ciclo de corte de juros que deverá começar no último trimestre desse ano ou no início de 2023. Os investidores no mercado financeiro sempre buscam se antecipar aos movimentos futuros e, conforme esses fatores sejam materializados, a tendência é que os FIIs deixem para trás esse ciclo de mais de dois anos de estagnação, já que o IFIX fechou o mês de março no mesmo patamar de pontos de outubro de 2019, e voltem a se valorizar.
Observamos no mês de março o IFIX, principal índice de fundos imobiliários listados na B3 (SA:B3SA3), registrando a primeira performance positiva mensal no ano de 2022, valorizando +1,42%. Já o Ibovespa, engatou o terceiro mês consecutivo de valorização no ano, voltando ao patamar de 120 mil pontos que o índice havia alcançado pela última vez em agosto de 2021. Mais uma vez, as performances das ações foram influenciadas pelo forte fluxo positivo de capital estrangeiro e tiveram como principais destaques as Blue Chips, que é como são conhecidas as maiores empresas participantes do índice em relação ao seu valor de mercado, especialmente aquelas ligadas ao setor de comodities e bancos. O fluxo positivo de investidores estrangeiros também ajuda a explicar a forte valorização do real frente ao dólar no mês, que fez com que a moeda americana voltasse a ser negociada nos patamares do início da pandemia em março de 2020.
Entre as principais economias do mundo, o Brasil apresenta atualmente uma das maiores taxas de juros, o que pode explicar parte do fluxo positivo de capital estrangeiro para investimentos financeiros. O Comitê de Política Econômica do Banco Central (COPOM) aumentou mais uma vez a SELIC em 1,00% na última reunião realizada em março, fazendo com que a taxa básica de juros da economia brasileira passasse de 10,75% para 11,75% ao ano. Para se ter uma ideia, o FED, Banco Central americano, também elevou a taxa básica de juros em março em 0,25%, que passou para a faixa entre 0,25% e 0,50% ao ano. Essa situação, alinhada ao aumento do preço das comodities e a fuga de capital da Rússia por conta da invasão a Ucrânia, faz com que a economia brasileira e, consequentemente os ativos financeiros negociados aqui, sejam influenciados positivamente, atraindo mais recursos estrangeiros para o Brasil, seja por meio do aumento das receitas em dólar das empresas exportadoras ou pelo investimento de investidores estrangeiros.