A euforia voltou? Ou esse movimento de alta está diretamente e corretamente correlacionado à uma retomada robusta das economias? A queda da semana que passou foi apenas uma correção, ou é o início de um novo 'bear market' (mercado de baixa)?
Para tentarmos responder à essas perguntas, é importante lembrar que os mercados são formados pelos preços das ações / papéis de uma série de empresas que em teoria deveriam se valorizar ou desvalorizar de acordo com a projeção / expectativa dos seus respectivos lucros (fluxos de caixa) futuros.
Quando observamos alguns indicadores da principal economia do mundo, a americana, vemos que os lucros das empresas estão em uma tendência de queda desde 2014 (isso mesmo). Pensando assim, como deverá ser a divulgação dos resultados do 2o trimestre dessas mesmas corporações, período no qual a pandemia já estava totalmente 'instalada' no país? Você permaneceria com essas ações em carteira?
Ainda nessa linha de lucros futuros, resultados do 2o trimestre, aparentemente o indicador de novas ordens (encomendas) de bens duráveis sugere efetivamente uma retração bem expressiva na receita de diversas empresas por lá.
Enquanto os lucros caem, com prognósticos não muito animadores (pelo menos no curto prazo), o gráfico a seguir demonstra o comportamento da dívida dessas mesmas instituíções. Sem fazer julgamentos, observamos que a relação lucro x dívida vem se deteriorando de modo significativo ao longo do tempo.
Vale ressaltar que a confiança do consumidor vem caindo de maneira bem considerável, sendo este um indicador bastante importante no sentido de poder sinalizar o grau e a velocidade da recuperação da economia do país, sobretudo por ter no consumo interno uma das suas grandes características e potencialidades.
Sim, existe uma série de outras variáveis que não foram consideradas e que interferem na queda dos mercados na semana que passou, como o aumento de hospitalizações pelo coronavírus em alguns estados dos EUA (lembrando que aqui no Brasil esse número aumenta em todos os lugares), e uma outra quantidade de indicadores que sugerem que algo pode estar relativamente 'embaçado'.
Por um outro lado, outros fatores também vêm empurrando os mercados para cima. De qualquer forma, estamos pisando num território novo e desconhecido, e em forte transformação, que poderá alterar de forma significativa a maneira como tentamos analisar e correlacionar as variáveis, os sinais, a fim de melhor entendermos a direção macroeconômica do mundo.
Contudo, mais cedo ou mais tarde, os fundamentos tendem a se sobrepor à tudo, inclusive aos gráficos.
Dito isso, inciando as análises estritamente gráficas, observa-se que o IBOV vinha subindo de forma bem acentuada até a semana que passou, e ainda não há sinais claros de reversão desse movimento de alta.
No entanto, há de se observar que o mesmo não conseguiu romper a retração de fibonacci de 61,8% (1), a linha inferior do canal de alta em azul (2) que nesse momento funciona como uma resistência. Mas que também continua trabalhando acima da linha superior do triângulo marcado pelas linhas em preto e do suporte na casa dos 90mil pontos (3). Ou seja, nesse momento, ainda podemos considerar essa queda um movimento corretivo natural.
Os contratos futuros de dólar após fazerem um movimento muito forte para baixo, acabaram reagindo nesta última semana quando alcançaram a retração de 50% de fibonacci. Existe uma guerra cambial não declarada entre os países no sentido de tentarem deixar os seus produtos mais acessíveis ao mercado externo, e por isso poderemos observar muita volatilidade na cotação da nossa moeda frente ao dólar.
O S&P500 depois de alcançar os 3.200 pontos, corrigiu de forma bem acentuada, e é super importante ficar antenado nos próximos movimentos do índice americano. Embora tenha deixado uma sombra inferior bem importante no gráfico semanal, o tamanho da queda da semana que passou não foi nada desprezível. Contudo, graficamente, continua operando numa tendência de alta relativamente clara.
Passando para as commodities, observamos uma recuperação expressiva nos preços do barril de petróleo, quem vem nesse momento operando num patamar superior à mínima de preços do ano de 2016. Todavia, nesta última semana seguiu o comportamento dos índices e acabou se desvalorizando também.
O minério de ferro rompeu uma importante consolidação na casa dos USD 100, e pode estar indo em direção à máxima histórica, conforme sugerem as setas em preto no gráfico abaixo. O preço da commodity vem sendo afetado pela real possibilidade de queda na oferta sob efeitos do coronavírus nas áreas de produção da Vale (SA:VALE3).
O ouro continua operando perto da suas máxima, e em teoria cumpriu o seu objetivo do rompimento da bandeira de alta, definida pelas duas setas em azul a seguir. O metal continua sendo um dos melhores ativos de reserva de valor (defensivo em momentos de crise), e pode ser bem importante num período em que países imprimem dinheiro indefinidamente, o que pode gerar num futuro próximao uma instabilidade em termos de confiança no poder de aquisição destas.
O calendário econômico extraído da br.investing.com desta semana está repleto de notícias que trarão possivelmente muita volatilidade aos mercados, tendo como destaque as divulgações de vendas no varejo, decisão da SELIC e IBC-Br no Brasil, PMI na China e nos EUA, e declaração da política momentária no Japão, entre outros.
Além do mais é de suma importância continuarmos atentos no aumento das tensões entre EUA e China, que podem ter repercussões severas na relação entre esses dois países.
E pra você, estamos numa correção natural, ou teremos um novo 'bear market'?
Desde já, obrigado pela atenção.