Em junho, os preços do boi gordo continuaram em queda. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa cedeu significativos 4,6% no acumulado do mês e 17,88% na comparação com junho de 2016, com a média mensal passando de R$ 156,67 para R$ 128,66 neste ano, em termos nominais. Esse foi o recuo mais significativo, considerando-se o comparativo dos últimos 12 meses, desde o início da série do Cepea, em 1997.
Quanto aos preços do bezerro, apesar da alta de 1,89% do Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Mato Grosso do Sul) no acumulado de junho, as cotações estão em patamares mais baixos que os verificados no mesmo período do ano passado: enquanto em junho/16, a média do Indicador era R$ 1.338,82, no mesmo mês deste ano, foi de R$ 1.093,21, recuo de 18,34%. Esta é a queda mais expressiva, considerando-se a comparação anual de junho para junho, desde o início da série histórica do Cepea para o bezerro, em 2000.
No mercado atacadista de carne com osso, a carcaça casada de boi se desvalorizou 3,87% em junho, com média de R$ 9,43/quilo no dia 30. Quanto aos outros cortes, o resultado foi de queda de 4,80% nos valores do traseiro, de 3,65% nos do dianteiro e de 0,47% nos preços da ponta de agulha, também no acumulado do mês. As cotações da carcaça casada de vaca tiveram redução de 5,05% no mesmo período.
Muitos fatores explicam este movimento. O primeiro está relacionado aos maiores investimentos realizados por pecuaristas em períodos anteriores, que resultaram em ganhos de produtividade e também à disponibilidade de fêmeas para abate. Este cenário e a demanda ainda sem fôlego para absorver o excedente produzido pressionaram as cotações já no início do ano.
Após a operação Carne Fraca e os recentes desdobramentos políticos e econômicos da delação, a principal indústria do setor reduziu expressivamente o volume de animais abatidos. Com isso, a necessidade de preencher escalas de indústrias concorrentes foi rapidamente atendida, permitindo que estes agentes tivessem mais poder de negociação com o produtor.
Este cenário foi agravado pelo fato de a produção primária ser composta por número muito elevado de pecuaristas com pouca organização em comercialização conjunta e grande heterogeneidade no produto ofertado. Isto os caracteriza como agentes econômicos tomadores de preços. Já o elo intermediário da cadeia, mais concentrado e organizado, administrou as compras a ponto de não inundar o mercado atacadista.
EXPORTAÇÃO – Segundo dados da Secex, o Brasil embarcou 100,2 mil toneladas de carne bovina em junho, 11% acima do volume negociado em maio/17. Em comparação a junho de 2016, os embarques subiram 3%. Quanto à receita em dólar, recuou ligeiro 0,5% frente a maio, mas aumentou 7,32% em relação ao obtido em jun/16.
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