Em junho, os preços dos etanóis anidro e hidratado caíram no mercado paulista, devido à demanda enfraquecida e às necessidades financeiras das usinas, que aceleraram o ritmo de negócios com entrega imediata e de pré- vendas. Com isso, a questão do diferencial logístico torna-se menos relevante no processo de formação de preço, com destaque para outros fatores que ganham representatividade, como necessidade de caixa, volume comercializado e fidelidade do comprador.
Algumas unidades produtoras de regiões mais próximas às principais bases paulistas de descarga e que, teoricamente, teriam preços de venda mais altos que as mais distantes, estão comercializando a valores próximos ou abaixo daquelas do oeste paulista (Araçatuba e Presidente Prudente). Ainda, a entrada de etanol hidratado de outros estados também pressionou as cotações no mercado paulista.
Nesse cenário, considerando-se a média das semanas de junho frente às de maio, o Indicador semanal CEPEA/ESALQ do etanol hidratado (estado de São Paulo) recuou 5,5%, a R$ 1,3259/litro. Para o Indicador semanal CEPEA/ESALQ do etanol anidro (estado de São Paulo), a média caiu 7% de maio para junho, a R$ 1,5016/litro. Além da oferta do etanol anidro nacional, os volumes importados vêm abastecendo o mercado brasileiro, pressionando as cotações no mercado spot.
Dados mais atualizados de importação brasileira de etanol mostram que, em maio/17, o volume foi de 244,8 milhões de litros, 118% superior ao volume comprado pelo Brasil em abril/17, de 111,9 milhões de litros. As informações são da Secex.
A moagem na região Centro-Sul do Brasil segue atrasada nesta temporada, de acordo com dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). No acumulado da safra 2017/18 (do início de abril até o dia 16 de junho), o processamento de cana-de-açúcar no Centro-Sul totalizou 151,3 milhões de toneladas, 10% abaixo do registrado no mesmo período da safra passada. De etanol, foram produzidos 5,81 bilhões de litros (2,39 bilhões de litros de anidro e 3,43 bilhões de litros de hidratado), volume 16% inferior na mesma comparação.
No segmento varejista, a relação entre os preços de etanol hidratado e da gasolina C tem indicado vantagem do biocombustível no estado de São Paulo. Porém, até o momento, isso tem refletido pouco no volume consumido. Dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo) mostram que a relação foi de 68,19% em junho, ante os 69,55% no mês anterior. Além do estado de São Paulo, o estado de Mato Grosso também apresentou relação vantajosa para o biocombustível em junho, de 62,9%.
Quanto ao mercado nordestino, nem mesmo os baixos estoques do etanol hidratado foram capazes de sustentar os preços em junho. Os recuos estiveram atrelados à competição com os preços do produto dos estados do Centro-Sul do Brasil, principalmente de Goiás, que, mesmo quando somados ao frete, continuam atrativos.
Em Pernambuco, o Indicador CEPEA/ESALQ do hidratado foi de R$ 1,6202/l em junho (sem frete, sem ICMS e sem PIS/Cofins), queda expressiva de 5,01% em relação ao mês anterior. Na Paraíba, o Indicador mensal CEPEA/ESALQ do hidratado caiu 5,27% frente a maio/17, fechando a R$ 1,6126/l (sem frete, sem ICMS e sem PIS/Cofins).
Quanto ao etanol anidro, em Alagoas, o Indicador CEPEA/ESALQ mensal foi de R$ 1,8058/l (sem frete, sem ICMS e sem PIS/Cofins) em junho, alta de 1,82% frente a maio/17. Nos estados de Pernambuco e Paraíba, não houve informações suficientes para compor o Indicador CEPEA/ESALQ. Durante o mês, colaboradores citaram a chegada de novos navios de etanol anidro importado nos estados do Nordeste.
No front externo, de acordo com dados da Secex, as exportações de etanol somaram 160,1 milhões de litros em junho, gerando receita de US$ 86,1 milhões. O volume foi 91,5% maior que o de maio e, quanto à receita, a elevação foi de 85,2% no mesmo período. Já na comparação com jun/16, o volume exportado foi 38% inferior e a receita recuou 23,8%.
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