ARÁBICA
As cotações do café arábica se desvalorizaram bastante no correr de abril, reduzindo o preço médio da variedade na comparação com o de março. Em abril, a média do Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor foi de R$ 467,63/saca de 60 kg, 3,76% inferior à de março, mas ainda 0,2% maior que a de abril/16. Os preços internos foram pressionados pela proximidade da colheita da nova safra 2017/18, mas principalmente devido à variação das cotações externas. Na Bolsa de NY (ICE Futures), os contratos negociados recuaram 2,8%, em média, fechando a 138,36 centavos de dólar por libra-peso. Já o dólar se valorizou 0,4% em abril, com média de R$ 3,14 no mês.
Chuvas no encerramento de abril contribuíram para o desenvolvimento final da safra 2017/18 de arábica no Brasil. O clima começou a mudar durante o mês, principalmente com a chegada de uma frente fria na última semana (24 a 30/04), acarretando em quedas de temperatura nas regiões cafeeiras. Até o momento, as chuvas têm sido benéficas para o enchimento final dos grãos de arábica, mas se as precipitações continuarem até depois da segunda quinzena de maio, podem atrapalhar a colheita dos grãos precoces da safra 2017/18. Por enquanto, agências climáticas indicam que grandes volumes de chuva não devem atingir a região cafeeira em maio e que, apesar das baixas temperaturas, ainda não há preocupação com geadas. Regionalmente, as precipitações foram mais significativas na Zona da Mata, Cerrado Mineiro, Paulista e Noroeste do Paraná. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), na estação de Manhuaçu (MG), o acumulado pluviométrico entre 24 de abril e 1º de maio foi de 40,2 mm. Na região da Paulista, a estação de Bauru (SP) registou 32 mm no mesmo período. Já em Londrina, no noroeste do Paraná, o acumulado foi de 27,7 mm. No Cerrado Mineiro, a estação de Patrocínio (MG) registrou 25,6 mm. Já no Sul de Minas, na estação de Varginha, o acumulado foi de apenas 13,6 mm. Na estação de Franca (SP), na Mogiana, o volume de chuva não foi elevado, segundo o Inmet. Colaboradores do Cepea, por sua vez, relataram a ocorrência apenas de chuvas localizadas. Por outro lado, a liquidez permaneceu baixa no mercado durante todo o mês de abril.
Com as fortes oscilações dos preços externos, a maioria dos agentes permaneceu afastada do mercado. Além disso, grande parte dos produtores estava insatisfeita com os patamares de comercialização no Brasil, permanecendo retraídos e diminuindo as vendas durante o mês. Do lado comprador, com estoques confortáveis e com a proximidade da colheita, a demanda diminuiu. A variação dos futuros de arábica e os feriados durante o mês (Paixão de Cristo e Tiradentes) também afastaram as pontas vendedora e compradora, travando as negociações. Em um período de apenas nove dias (18 a 27/04), o contrato Julho/2017 recuou 1.605 pontos, fechando a 129,50 centavos de dólar por libra-peso. As baixas foram influenciadas principalmente por movimentos técnicos e pela valorização do dólar frente ao Real. Nesse cenário, o indicador do arábica chegou a R$ 452,04 no dia 27 de abril, o menor valor real desde julho de 2014.
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ROBUSTA
O preço médio do robusta caiu significativamente em abril, atingindo patamares inferiores a R$ 400/sc no final do mês. No dia 24, especificamente, o Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, fechou a R$ 394,42/saca de 60 kg, o menor patamar real desde outubro de 2014. As cotações do robusta foram pressionadas principalmente pelo início da safra 2017/18, que manteve compradores afastados do mercado. Em abril, o Indicador CEPEA/ESALQ do robusta peneira 13 acima teve média de R$ 411,31/saca de 60 kg, 7,5% inferior à de março. O tipo 7/8 bica corrida recuou 8,1% na mesma comparação, com a média passando para R$ 400,76/sc. Em relação ao mercado internacional, o contrato Julho/17 do robusta, negociado na Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), fechou a US$ 1.946,00/tonelada em 28 de abril, queda de 10,3% na comparação com 31 de março.
O mercado de robusta permaneceu travado durante todo o mês de abril. Com o início da safra 2017/18, indústrias mantiveram-se retraídas, à espera de preços melhores e de maior volume de aquisições. A colheita no Espírito Santo teve início em meados de abril, e em Rondônia, no final de março. Em ambas as regiões, porém, o ritmo das atividades esteve lento, devendo se intensificar apenas neste início de maio. Apesar do lento começo, os resultados desta safra podem ser um pouco melhores que os obtidos na temporada anterior, tanto em qualidade quanto em rendimento, já que o clima foi um pouco mais favorável ao desenvolvimento da safra que na temporada 2016/17.
Foram registradas precipitações ao longo do mês nas regiões produtoras de robusta, principalmente em Rondônia, onde o acumulado mensal foi de 293 mm na estação da Cacoal, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Já no Espírito Santo, a estação de Linhares registrou 50,8 mm no mesmo período. Segundo colaboradores do Cepea, as chuvas não atrapalharam a colheita, sendo essências para a diminuição do estresse das plantas durante a atividade, sendo também importantes para a próxima safra 2018/19. Quanto ao mercado, a queda dos preços internos manteve vendedores afastados, o que travou as negociações. Além dos preços menores, a liminar suspendendo o Funrural (Fundo de Apoio ao Trabalhador Rural) para produtores levou muitos agentes a continuar fora do mercado no início do mês.
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