Durante todo o ano de 2012 a economia mundial permaneceu estagnada, dando sinais de que vai passar por um longo e doloroso processo de retomada da atividade. Por conta disso os mercados financeiros continuaram a espera de sinais concretos para uma possível retomada dos investimentos. No Brasil o governo implementou uma série de medidas para reaquecer a economia que, em parte foram extremamente positivas, em parte demonstraram ingerência excessiva do governo no mercado, que gerou desconfiança dos investidores.
Mas falando em investimentos financeiros, o grande ‘divisor de águas’ foi a queda da taxa de juros SELIC. A muitos anos os investidores estavam acostumados a taxas de juros que proporcionavam ganhos perto dos 7% acima da inflação e, em um período de poucos meses, esse percentual caiu para menos de 2% (descontada a tributação esses valores ficam próximos a zero). Isso, aliado a uma performance pífia da bolsa de valores nos últimos 4 anos, acabou com a alegria dos investidores que mantém seus recursos nos investimentos tradicionais.
Com isso, ganhar dinheiro com investimentos financeiros está exigindo cada vez mais dedicação e especialização dos investidores. Além disso, a adequação dos investimentos aos objetivos de curto, médio e longo prazo é essencial. Sendo assim, não existe mais a resposta para a tradicional pergunta de quem quer ganhar dinheiro com investimentos: “qual o melhor investimento do momento?”. A questão chave atualmente é buscar o investimento adequado para cada perfil e momento de vida.
São poucos os que conhecem, mas o mercado financeiro oferece uma gama imensa de produtos para os mais diversos perfis de risco e objetivos de ganho e, por conta disso, a ajuda de profissionais especializados e capacitados tem sido cada vez mais fundamental.
Entre os diversos produtos que podem ser encontrados no mercado, destacamos:
Títulos do governo: Na prática o investidor empresta dinheiro ao tesouro nacional e, por isso, é o investimento mais seguro. Por outro lado, como os títulos tem data de vencimento pré definida, as cotas podem sofrer forte oscilação no curto prazo, muitas vezes apresentando variação negativa. Tiveram excelente rentabilidade em 2012 por conta da queda da taxa de juros SELIC mas, justamente por não haver mais espaço para quedas tão acentuadas, não deve repetir a performance em 2013. Também no ano passado sofreu mudança nas regras, permitindo agendamento de aplicações e diminuindo o valor mínimo das mesmas. Excelente opção para quem quer poupar pequenos valores mensalmente e/ou não tem acesso a investimentos mais sofisticados.
Poupança: Teve suas regras alteradas em 2012 e agora está atrelada a SELIC. Sua rentabilidade será de 70% da taxa básica da economia sempre que ela for igual ou menor que 8,5% ao ano. Lembrando que é uma aplicação livre de IR, portanto, apesar da baixa rentabilidade, é uma boa opção para quem quer poupar com vistas a objetivos de curto prazo.
Bolsa de valores: O Ibovespa vem apresentando fraco desemprenho nos últimos anos o que prejudicou enormemente os investidores que aplicavam diretamente os seus recursos através de home broker. Por outro lado, a complexidade do mercado abre excelentes oportunidades para fundos que fazem a gestão profissional dos recursos que, de forma consistente, tem obtido performance superior aos investidores que se ‘aventuram’ na bolsa. Por conta da forte volatilidade e de não haver garantia de retorno, deve ser utilizada apenas por investidores que conheçam e se adaptem ao perfil e para investimentos de longo prazo.
Fundos Imobiliários: Resumidamente, são fundos que investem em imóveis e pagam aos cotistas as rentabilidades obtidas, normalmente com as receitas de aluguéis. Tiveram (em geral) ótima rentabilidade em 2012, boa parte dela motivada pela baixa da taxa de juros SELIC. Deve-se chamar atenção que, apesar de ter rentabilidade isenta de IR, as cotas do fundo podem sofrer forte oscilação, tais como produtos de bolsa. Por isso, não é o tipo de investimento adequado ao publico em geral, podendo ser uma ótima oportunidade para quem se adequar ao perfil e péssima para quem não se adequar.
Fundos Multimercados: Podem e devem ser os grandes favorecidos com o atual cenário. Estes fundos permitem ao gestor a elaboração de estratégias diversas (seja com ações, derivativos, câmbio, juros e etc) para se aproveitar das oportunidades do mercado, dentro de níveis de risco pré definidos pelo gestor. Com isso buscam ganhos reais aos investidores, normalmente sem ter qualquer vínculo com índices de referência. Por terem estratégias diversas, devem ser meticulosamente estudados para que estejam de acordo com o perfil do investidor e, ainda, deve-se conhecer profundamente as estratégias e os riscos envolvidos no investimento.
Portanto, apesar de exigir um pouco mais de dedicação do investidor, as oportunidades continuam existindo. O lado positivo disso é que, ao estudar e adequar os investimentos, o investidor passa a conhecer melhor a si e aos seus objetivos, estimulando-o acompanhar e buscar suas metas. Portanto, em 2013 o sucesso deverá estar ao lado de quem tiver empenho e disciplina. Muito sucesso a todos!
Alexandre Amorim é Analista de Investimentos CNPI, Consultor de Valores Mobiliários credenciado pela CVM e sócio da Par Mais Planejamento Financeiro.