Feliz 2023, turma do câmbio! Vamos começar o ano aqui olhando para o cenário de curto prazo; como quem me acompanha sabe, não faço previsões longas e nem mirabolantes. Podem ver o boletim Focus, por exemplo, e ver se as coisas fecham como previsões de um ano atrás. Impossível no Brasil traçar um cenário tão longo. Vamos step by step. Ainda mais com presidente novo.
O ano de 2022 fechou com o dólar em baixa de 5,3%. A moeda norte americana fechou o último pregão do ano cotada a R$ 5,2779.
E quais os desafios para o mercado de câmbio em 2023? Bom, vamos lá. Primeiramente a parte política, continuamos com as incertezas na área fiscal sob o governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Vamos também ter que ver a quantas andará a nossa taxa de juros. Atualmente estamos em 13,75% e ainda considero uma taxa de juros elevada, o que torna o real atraente para uso em estratégias de "carry trade", que consistem na tomada de empréstimo em país de custos de empréstimo baixos e aplicação desses recursos num mercado mais rentável. Mas não podemos afirmar que essa taxa não subirá ainda mais, a depender do que vai acontecer com a questão dos gastos do país na nova gestão.
A saúde das contas públicas será o grande tema do novo ano que se aproxima. Um vislumbre de o que pode acontecer veio em novembro deste ano, quando o receio sobre gastos excessivamente elevados sob o governo do presidente eleito levou o dólar para acima de 5,40 reais.
No final do ano, a desidratação da PEC da Transição durante negociações com o Congresso ajudou a tranquilizar os mercados, de forma que o dólar encerrou o último trimestre do ano em níveis mais baixos.
Agora, o foco de investidores passa para o novo arcabouço fiscal que o governo deve apresentar para substituir o teto de gastos (a principal âncora para as contas públicas atualmente), que foi alvo de críticas de Lula durante toda a campanha eleitoral. O quão rígida for a âncora fiscal, ou o quão frouxa ela for vai determinar se o real estará à frente ou atrás do dólar. O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já afirmou que o novo arcabouço a ser enviado ao Congresso Nacional em 2023 terá como critérios a estabilidade das contas públicas e a viabilidade de ser cumprido. Mas…. Lula já falou que vai acabar com o teto de gastos! Quanto a isso, mercado ficará com os dois “pés atrás”.
No exterior a continuidade do aperto monetário nos Estados Unidos. A que ritmo e até quando isso continuará. Quanto mais altos são os juros nos Estados Unidos, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente, conforme investidores redirecionam dinheiro para o mercado de renda fixa norte-americano. Em sua última reunião de política monetária, em meados deste mês, o Fed desacelerou o ritmo de seu aperto monetário ao elevar sua taxa de juros em 0,50 ponto percentual, depois de ter promovido ajustes de 0,75 ponto percentual em cada um de seus três encontros anteriores. Embora o cenário pareça favorecer o dólar, há quem argumente que o aperto monetário do Fed prejudicará a economia norte-americana ao ponto de forçar uma pausa ou até reversão das altas de juros, o que abriria espaço para a valorização de outras moedas.
Ainda no cenário internacional, outro ponto de atenção para o ano que vem deve ser a situação sanitária na China, depois que o presidente do país, Xi Jinping, descartou a política Covid-zero diante de protestos e em meio a um surto crescente de casos da doença. Como o Brasil tem estreitos laços comerciais com a China, o real é muito sensível à saúde da segunda maior economia do mundo.
O novo ano será mais difícil do que o ano que deixamos para trás, porque as três principais economias (Estados Unidos, UE e China) estão desacelerando simultaneamente.
Agenda para hoje: no Brasil: boletim Focus, PMI de dezembro e balança comercial de dezembro.
Pois é, um novo ano para ser escrito e vamos com muita energia positiva. Desejo a todos lucro, muito lucro, decisões assertivas e que possamos ter um governo responsável na área fiscal! Se assim for, grandes possibilidades do Brasil continuar sendo “a bola da vez” para os investidores do mundo! Mas…. Pessoalmente não acredito muito em responsabilidade fiscal neste novo governo, que prevejo que será “gastista”, e a conta vai chegar. Adivinhem para quem?