Em agosto, as cotações de trigo caíram devido ao início da colheita e às perspectivas de boa safra 2017/18. Compradores estiveram recuados, na expectativa de preços menores. Ao mesmo tempo, vendedores estiveram mais ativos, focados na comercialização do excedente da safra 2016/17. A entrada de trigo importado, que tem suprido boa parte das necessidades dos moinhos, é outro fator que pressionou os valores.
No mercado de lotes (negociações entre empresas), especificamente em São Paulo, os preços caíram 6,5% no acumulado de agosto. No Paraná, região em que a colheita avança em bom ritmo, resultando em maior oferta, os valores recuaram 5,7% no encerramento do mês. No Rio Grande do Sul, a queda foi menos intensa, de 3,8%, em função das expectativas de que os baixos índices pluviométricos reduzissem o potencial produtivo.
No campo, os trabalhos avançaram em bom ritmo. De acordo com o Deral/Seab, cerca de 16% da área já havia sido colhida no Paraná até o final do mês. No Rio Grande do Sul, ainda sem dados oficiais, a expectativa é de perdas, visto que os baixos índices pluviométricos tendem a reduzir o potencial produtivo das lavouras já implantadas.
Na Argentina, com o semeio finalizado, segundo a Bolsa de Cereales, cerca de 150 mil hectares foram reduzidos frente à primeira estimativa nas regiões de Buenos Aires, La Pampa, sul de Santa Fé e no sul de Córdoba. No entanto, frente à safra anterior, o cultivo do cereal se expandiu 4,9%, pois as boas condições climáticas no norte da Argentina compensaram parcialmente as perdas estimadas pela Bolsa.
FARINHAS E FARELO – Os preços das farinhas apresentaram movimentos distintos em agosto. A farinha para bolacha doce, panificação, massas em geral, integral, bolacha salgada e pré-mix avançaram alta de 4,23%, 3,64%, 3,44%, 2,16%, 1,62% e 1,33%, respectivamente. Esse cenário se deve à demanda um pouco mais firme, reflexo da alta do grão excedente da safra 2016/17 e da moagem reduzida.
Já as cotações para a farinha para massas frescas permaneceram estáveis no mês, em função da retração de compradores que, sem o intuito de adquirir novos lotes a curto prazo aguardam preços menores nos próximos meses.
Para o farelo de trigo, os movimentos também são variados em agosto, visto que a demanda esteve mais aquecida em algumas praças, porém, em outras, prevaleceu a baixa comercialização do produto. No acumulado do mês, as cotações encerraram em forte alta, devido à oferta restrita do produto. O a granel avançou 5,7% e o ensacado, 4,27%.
MERCADO INTERNACIONAL – Nos Estados Unidos, os futuros de trigo encerraram agosto em baixa, pressionados pela menor demanda internacional do cereal, ampla oferta do grão em nível mundial e pelos altos estoques globais.
Neste cenário, os contratos Set/17 do trigo Soft Red Winter (Bolsa de Chicago) recuou fortes 13,5%, a US$ 4,1025/bushel (US$ 150,74/t), no dia 31. Na Bolsa de Kansas, a cotação encerrou com baixa expressiva de 13,9%, a US$ 4,0875/bushel (US$ 150,19/t).
IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO – As importações brasileiras de trigo totalizaram 656,011 mil toneladas em agosto, volume 29,8% superior que o do mês anterior, e 13,8% acima do volume de compras do mesmo período do ano passado. Do volume adquirido, 81,65% vieram da Argentina, 8,5% do Canadá, 5,73% do Paraguai e 4,21% dos Estados Unidos, de acordo com dados da Secex.
No segmento de farinhas, as compras externas aumentaram fortes 15,7% de julho para agosto, totalizando 35,07 mil toneladas. As exportações brasileiras deste derivado, por sua vez, caíram 27,3%, indo para 3,11 mil toneladas frente a julho/17.
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