Os preços da soja caíram no Brasil e nos Estados Unidos em agosto, devido às expectativas de que a oferta deve se sobressair à demanda mundial pelo grão no final da temporada 2017/18. Outros fatores que pressionaram as cotações foram a melhora na qualidade da safra norteamericana e a maior oferta de parte dos produtores brasileiros, principalmente do Centro-Oeste, com o objetivo de liberar espaço nos armazéns para o milho. Entretanto, com o aumento da disponibilidade da oleaginosa, tradings aproveitaram para adquirir um maior número de lotes para completar cargas, cenário que limitou a queda nos valores domésticos.
O Indicador da soja ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá registrou queda de 3,3% em agosto, indo a R$ 69,83/sc de 60 kg na média de agosto. O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná cedeu 3,6%, fechando a R$ 63,86/sc de 60 kg em agosto. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), a cotação caiu 4,8% e no de lotes (negociações entre empresas), 3,1%.
A partir da segunda quinzena do mês, entretanto, grande parte dos produtores se retraiu, devido às especulações de clima desfavorável ao semeio no Brasil e à colheita nos Estados Unidos em setembro. Se este cenário se confirmar, as receitas com as vendas do grão podem se elevar. Desta maneira, aumentou a dificuldade na aquisição da soja por parte das indústrias que esteve trabalhando com baixos estoques. Isso manteve a margem de lucro das empresas apertadas, especialmente devido aos baixos preços do farelo de soja. Em agosto, 15 entre todas as regiões pesquisadas pelo Cepea registraram os menores valores de farelo, em termos nominais, desde abril deste ano. Essa queda esteve atrelada ao baixo consumo interno, uma vez que grande parcela dos suinocultores e avicultores tem adquirido lotes apenas para consumo imediato.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo de soja caíram significativos 5,1% entre julho e agosto. O óleo seguiu estável (-0,1%), a R$ 2.638,57/tonelada (posto na cidade de São Paulo com 12% de ICMS) no mesmo período.
Na Bolsa de Chicago, os futuros do óleo de soja subiram diante da possibilidade de os Estados Unidos imporem tarifas à importação de biodiesel da Argentina e da Indonésia, o que poderia favorecer a produção de biodiesel nos EUA e, consequentemente, elevar a demanda por óleo de soja. As variações externas também se refletiram nas cotações FOB nos portos brasileiros.
Na CME Group, o primeiro vencimento (Set/17) da soja em grão caiu expressivos 5,5% de julho para agosto, com média de US$ 9,4005/bushel (US$ 20,72/sc de 60 kg). Para o farelo de soja, o contrato Set/17 também registrou forte queda de 7,7% no mesmo comparativo, a US$ 299,00/tonelada curta (US$ 329,59/t) - sendo esta a menor média desde 2007 considerando-se os meses de agosto, e menor desde abril de 2016 para meses correntes, em termos nominais. Já para o óleo de soja, o contrato de mesmo vencimento subiu 1,1%, para US$ 0,3387/lp (US$ 746,63/t) na média do mês.
MERCADO EXTERNO – Embora o volume embarcado de soja pelo Brasil tenha diminuído 14,4% entre julho e agosto, aumentou 56% frente ao mesmo período do ano passado, totalizando 5,95 milhões de toneladas em agosto, segundo a Secex, a maior quantidade histórica exportada em um mês de agosto, considerando a série acompanhada pelo Cepea, iniciada em 1996. Na parcial do ano, o Brasil embarcou 56,89 milhões de toneladas de soja, quantidade recorde se comparada ao mesmo período de anos anteriores. A receita obtida pelas vendas externas do grão em agosto foi 1,45% maior que à de julho, a R$ 71,01/sc de 60 kg, considerando o dólar de R$ 3,15 na média do mês.
Ainda conforme a Secex, os embarques de farelo de soja estiveram mais aquecidos no último mês, totalizando 1,22 milhão de toneladas enviadas ao exterior, 6,1% a mais que em julho e 12,2% acima do exportado em agosto/16. Na parcial do ano, os embarques do farelo estão 9% inferiores ao mesmo período de 2016. A receita obtida pela venda do farelo foi de R$ 1.094,32/t, 1,8% menor que a de julho.
A receita obtida pelas vendas do óleo de soja também caiu 2,8% entre julho e agosto, a R$ 2.295,99/t em agosto. Para este derivado, compradores do mercado interno, especialmente para a produção de biodiesel estiveram mais competitivos. Ainda assim, os embarques cresceram 6,3% entre julho e agosto, a 145,9 mil toneladas exportadas no último mês. Na parcial do ano, o País enviou ao exterior 12% a mais que no mesmo período de 2016, a 977,7 mil toneladas em agosto, segundo a Secex.
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