Sojicultores brasileiros estiveram retraídos das comercializações envolvendo grandes lotes em julho, uma vez que esperam por melhores oportunidades para vender o grão. Este cenário está atrelado às expectativas de aumento no processamento da oleaginosa no Brasil, à firme demanda por óleo de soja, às incertezas quanto à qualidade das lavouras nos Estados Unidos, e às expectativas de valorização do dólar frente ao Real nos próximos meses. Com isso, as cotações da soja em grão subiram mais que as dos derivados no mês passado, reduzindo as margens da indústria esmagadora. O ritmo acelerado de embarques e a retração de produtores impulsionaram os preços do grão, enquanto que a concorrência externa, principalmente com a Argentina, limitou as altas dos derivados.
O Indicador da soja ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá registrou forte aumento de 4,8% entre junho e julho, com média de R$ 72,24/sc de 60 kg em julho – a maior média mensal desde janeiro deste ano, em termos reais (IGP-DI junho/17). O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná também subiu de forma expressiva na mesma comparação: 4,2%, com média de R$ 66,23/sc de 60 kg no mês passado, a maior média mensal desde fevereiro/17, em termos reais (IGP-DI junho/17). Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, a média dos valores da soja em grão subiu 3,7% no mercado de balcão e 3,8% no mercado disponível em julho. Este cenário se deve à recuperação das perdas no mercado internacional, devido às chuvas irregulares nos Estados Unidos que beneficiaram algumas áreas, mas ainda foram insuficientes para outras.
Na CME Group, considerando-se os primeiros vencimentos, a soja em grão se valorizou 7,6% de junho para julho, com média de US$ 9,9460/bushel (US$ 21,93/sc de 60 kg) no mês passado. Para o farelo de soja, a alta foi de expressivos 8,1% na mesma comparação, a US$ 324,08/tonelada curta (US$ 357,23/t). Para o óleo de soja, o contrato de primeiro vencimento subiu 4,8%, para US$ 0,3351/lp (US$ 738,72/t) na média de julho.
Embora as indústrias brasileiras estejam reduzindo o processamento, devido aos altos estoques de farelo e óleo de soja, se houver elevação imediata na demanda por óleo para a produção de biodiesel, o ritmo de processamento deve aumentar. Quanto aos preços do óleo de soja, considerando-se apenas os meses de julho, os valores em 2017 estão nos maiores patamares desde 2013, em termos reais (IGP-DI de junho/17), a R$ 2.640,34/tonelada (com 12% de ICMS), posto na cidade de São Paulo. Este derivado se valorizou 1,1% em julho. As cotações do farelo de soja subiram 1,6% na média das regiões acompanhadas pelo Cepea.
Além da firme demanda interna, a procura de compradores internacionais pelo óleo de soja brasileiro seguiu elevada. Em julho, embora o volume embarcado tenha diminuído 16,8% frente a junho/17, aumentou 86% frente ao mesmo período do ano passado, totalizando 137,30 mil toneladas em julho – a maior quantidade exportada em um mês de julho desde 2012 (152,39 mil t). Na parcial do ano (entre janeiro e julho), o Brasil embarcou 831,86 mil toneladas de óleo de soja, volume 17% maior que o do mesmo período de 2016 (Secex).
As exportações de farelo de soja estão enfraquecidas neste ano, somando apenas 8,76 milhões de toneladas entre janeiro e julho, queda de 11% frente aos embarques do mesmo período de 2016, de acordo com a Secex. Em julho/17, o Brasil exportou 1,15 milhão de toneladas de farelo, 16,9% abaixo do volume embarcado em junho/17 e 16,6% menor que os envios de julho/16. Ainda conforme a Secex, na parcial de 2017, o Brasil exportou 50,9 milhões de toneladas de soja em grão, quantidade 14,9% maior que a do mesmo período do ano passado. Em julho, o volume embarcado totalizou 6,95 milhões de toneladas, 20,2% superior ao de julho/16, mas 24,4% inferior ao de junho/17.
Estatísticas
Gráficos