A oferta de animais para abate seguiu restrita nas regiões pesquisadas pelo Cepea, cenário que tem impulsionado os preços do boi gordo. No acumulado de agosto, a elevação do Indicador ESALQ/BM&FBovespa foi de expressivos 13,89%. Esta alta foi a maior para o mês da série histórica do Cepea, iniciada em 1997. Considerando-se agosto, em 21 anos, incluindo 2017, a variação média é de 1,70%, muito abaixo do observado neste ano.
MOTIVOS PARA A ELEVAÇÃO – O avanço dos preços do boi gordo em praticamente todas as praças acompanhadas pelo Cepea é justificado pelo fato de que aproximadamente 90% do abate anual brasileiro é de animais engordados a pasto. Com a intensificação da seca, praticamente não há mais animais de pasto e a cadeia vive o período da “entressafra”. Além disso, a principal indústria retomou as compras e outras plantas reabriram nos últimos meses. Com isso, o preenchimento das escalas de abate tem sido mais difícil pelo aumento da competição entre as próprias indústrias por matéria-prima.
Outro fator que explica a atual escassez de bois está relacionado à delação dos líderes da principal indústria do setor. Em meados de maio, após o ocorrido, o preço pago ao produtor caiu de forma acelerada, justamente no momento em que pecuaristas planejavam o primeiro giro do confinamento. Esta situação, aliada à incerteza relacionada aos prazos de pagamento da principal indústria do setor, explicam a menor oferta de animais, justamente 90 dias após a delação, momento em que deveriam ficar prontos os animais que começaram a ser confinados no início de junho.
Para corroborar o cenário, outro fator explicativo para as altas expressivas é o prolongamento das chuvas. Como neste ano as chuvas se alongaram até meados de junho, o confinamento também teve início de forma mais tardia. Alguns agentes encaram o momento como altas de preços, enquanto pecuaristas afirmaram que esse período é de recuperação das quedas. Ressalta-se que as baixas em maio também foram as mais expressivas desde 1997.
ALTAS EM TODO O PAÍS – A escassez de boi gordo para abate tem obrigado a indústria frigorífica de São Paulo a buscar animais em estados vizinhos, principalmente em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. Em agosto, Três Lagoas e Dourados são as praças com as elevações mais expressivas, de 19,50% e de 16,87%, respectivamente. Na sequência, está Rio Verde (GO), com alta acumulada de 14%.
No Rio Grande do Sul, o valor médio da arroba cedeu 1,59% em agosto. De acordo com colaboradores do Cepea, o estado tem recebido muita carne de Mato Grosso e de outras regiões, atendendo à demanda do atacado. Assim, o mercado gaúcho não está acompanhando a tendência observada em outras regiões do País.
EXPORTAÇÃO – O faturamento total dos embarques de carne bovina foi de US$ 520,9 milhões em agosto, aumento de 15,6% frente ao mês anterior e de significativos 48,6% na comparação com o obtido em agosto/16 – os dados são da Secex. O valor pago pela tonelada, de US$ 4.231, manteve-se relativamente estável, com queda de apenas 0,09% entre julho e agosto. Em comparação ao mesmo período de 2016, o recuo é de 0,53%. Quanto ao volume exportado, também segundo a Secex, o total de agosto/17 foi de 123,1 mil toneladas, alta de 15,7% em relação a julho/17 e de expressivos 49,39% no comparativo anual.
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