O clima mais seco em julho permitiu um bom avanço da colheita da segunda safra de milho, principalmente na região Centro-Sul do País, o que manteve pressão sobre os valores do cereal. Por outro lado, a retração vendedora acabou limitando as baixas e reduzindo a liquidez do mercado. Com a demanda interna enfraquecida e menores preços nos portos na segunda quinzena do mês, vendedores optaram por entregar o produto já negociado ou comercializar o cereal nos leilões realizados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Nesse cenário, as negociações foram mais regionalizadas, com diferentes comportamentos observados dentre as praças acompanhadas pelo Cepea. Em julho, as cotações do milho caíram 2,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e apenas 1% no mercado de disponível (negociações entre empresas). Já na variação anual (de janeiro a julho), esses mercados acumulam fortes desvalorizações de 38,6% e 37,4%, respectivamente.
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (base Campinas/SP) fechou o mês com média de R$ 25,44/saca de 60 quilos no dia 31, queda de apenas 0,2% frente ao dia 30 de junho. No ano, o Indicado acumula queda 33,4%.
Com o objetivo de promover a comercialização do milho, a Conab realizou quatro leilões do cereal no mês passado, expandindo as regiões comtempladas para os estados do Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, além do Mato Grosso. Ao todo, foram ofertadas 3,4 milhões de toneladas nas modalidades PEP (Prêmio para Escoamento do Produto) e Pepro (Prêmio Equalizador pago ao Produtor), das quais foram negociadas 1,72 milhões de t. As duas últimas edições apresentaram as maiores demandas do ano, após a alta dos valores dos prêmios pela companhia.
No front externo, as exportações de milho seguiram aquecidas em julho, totalizando 2,32 milhões de toneladas, o maior volume embarcado desde setembro de 2016. Entre fevereiro e julho, o Brasil exportou cerca de 4 milhões de t do grão, 14% do volume estimado pela Conab para a temporada, de 28 milhões de toneladas.
No campo, a área colhida no estado do Paraná chegou a 57%, avanço de 53 pontos percentuais durante o mês, segundo dados da Seab/Deral. Em Mato Grosso, a colheita havia alcançado 87,94% da área no encerramento do mês, conforme o Imea/MT, avanço de 58,69 p.p.
Nos principais países concorrentes, Argentina e Estados Unidos, o clima dificultou as atividades de campo. Na Argentina, chuvas diminuíram o ritmo da colheita, principalmente na região centro-sul do país, avançando 11,7 p.p. no mês e alcançando 62,7% da área no dia 27. Já nos Estados Unidos, a falta de umidade reduziu a qualidade das lavouras. Segundo relatório da NASS/USDA, as lavouras americanas em condições boas ou excelentes correspondiam a 62% da área nacional no dia 30 de julho. No encerramento de junho, porém, esse total era de 67%, ou seja, houve uma redução de 5 p.p. de um mês para o outro.
Na Bolsa de Chicago (CME Group), os contratos de milho iniciaram o mês em alta, refletindo as condições das lavouras norte-americanas. As melhoras climáticas e a demanda externa enfraquecida pelo cereal daquele país pressionaram as cotações do grão, que fecharam em baixa. Os vencimentos Set/17 e Dez/17 recuaram 2,7% e 1,8%, respectivamente, em julho.
Já na BM&FBovespa (SA:BVMF3), os contratos de milho apresentaram valorizações. O vencimento Set/17 subiu 1,1%, fechando a R$ 26,12/sc no dia 31, e o contrato Nov/17, 4,9%, para R$ 28,10/sc.
Estatísticas
Gráficos