Os preços da soja registraram leve alta no Brasil e nos Estados Unidos em setembro. O impulso veio do clima seco na maior parte do mês, que pode atrasar o semeio da soja no Brasil, e das incertezas quanto à produtividade da temporada norte-americana. A retração vendedora no atual período de entressafra e a forte demanda externa pela oleaginosa também impulsionaram cotações.
Já na última semana do mês, precipitações permitiram o avanço das atividades. No Paraná, o semeio havia atingido 16% da área até o encerramento de setembro, percentual inferior aos 27% do mesmo período de 2016, segundo a Seab (Secretaria de Agricultura e Abastecimento). Já em Mato Grosso, dados do Imea indicam que 1,17% da área havia sido semeada até o final do mês, também abaixo dos 4,5% do mesmo período de 2016.
Nesse cenário as negociações seguiram lentas, com preços ainda considerados pouco atrativos aos vendedores. Por outro lado, apesar de neste período parte dos importadores voltarem suas atenções à colheita da nova temporada dos Estados Unidos, as exportações brasileiras seguiram em alta.
O Indicador da soja ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá teve média de R$ 70,41/ sc de 60 kg em setembro, 0,8% maior frente à de agosto. O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná também subiu de forma mais expressiva na mesma comparação: 1,8%, com média de R$ 65/sc de 60 kg no mês passado. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores da soja em grão subiram 2,3% no mercado de balcão e 2,1% no mercado disponível.
Quanto aos derivados, os preços do farelo de soja avançaram, devido ao aumento da demanda doméstica, sobretudo na última semana do mês. Isso porque, parte das fábricas interromperam as atividades para manutenção, reduzindo a disponibilidade de farelo e de óleo de soja. Com isso, o preço médio do farelo de soja avançou 2,6% entre agosto e setembro nas regiões acompanhadas pelo Cepea. Os valores do óleo subiram 3,2% no período, para R$ 2.723,64 /tonelada (posto na cidade de São Paulo com 12% de ICMS) na média do mês.
Quanto à exportação, embora o ritmo de embarques tenha diminuído nos últimos quatro meses, o total enviado ao exterior no terceiro trimestre deste ano (de julho a setembro) foi de 17,18 milhões de toneladas, recorde histórico para o período, segundo a Secex. Na parcial do ano, a quantidade embarcada de soja já é de 61,17 milhões de toneladas, 23,3% maior que no mesmo período de 2016 e 18,6% a mais que o exportado em todo o ano anterior. Somente em setembro, o Brasil enviou ao exterior 4,27 milhões de toneladas, recuo de 28,2% frente ao mês anterior. A receita obtida com as vendas externas da oleaginosa em setembro foi apenas 0,12% menor que a de agosto e 13,56% abaixo da recebida no mesmo período de 2016, com média de R$ 70,93 por saca de 60 quilos, considerando-se a média do dólar a R$ 3,1360.
Quanto aos derivados, os embarques recuaram de agosto para setembro, devido à concorrência com a Argentina, o principal exportador de farelo e de óleo de soja. Com isso, parte das indústrias nacionais pararam as fábricas para manutenção, reduzindo o excedente no mercado interno. De farelo, o total enviado ao mercado externo foi de 1,16 milhão de toneladas em setembro, 5,2% a menos que em agosto, mas 27,1% acima do registrado em setembro de 2016. A receita obtida com as vendas do farelo totalizou R$ 1.048,81/tonelada, 4,2% menor que no mês anterior e 19,6% abaixo do total de set/16.
Ainda conforme a Secex, os embarques de óleo degomado bruto estiveram enfraquecidos em setembro. O País embarcou apenas 10,4 mil toneladas no mês, 92,8% abaixo do total de agosto e 92,6% menor que o exportado no mesmo período de 2016. A queda nos embarques do óleo é justificada pela concorrência com o mercado interno, que tem adquirido o produto a valor maior, para atendimento especialmente dos leilões da ANP (Agência Nacional do Petróleo) referentes ao biodiesel. A queda nos embarques de óleo de soja está atrelada à maior competitividade com o mercado argentino, visto que a União Europeia reduziu significativamente as tarifas por antidumping impostas em 2013 para a importação do biodiesel da Argentina.
ESTADOS UNIDOS – Desde o início de setembro, as atenções se voltam à colheita da temporada 2017/18, que começou oficialmente na terceira semana do mês. Embora a área semeada tenha sido recorde, as lavouras consideradas em boas ou excelentes condições vêm diminuindo a cada semana. Segundo colaboradores do Cepea, a produtividade esteve menor que a esperada em algumas áreas. Entretanto, outros agentes relatam que a área de maior rendimento deve compensar a de menor rendimento, resultando em safra volumosa.
Até o final de setembro, 22% da área já havia sido colhida, recuo de 2% na comparação com 2016. Destas, 60% estão em boas e/ou excelentes condições, contra 74% no ano anterior. As lavouras em condições ruins e/ou muito ruins avançaram para 12% no final do mês, contra 7% em 2016. Ainda conforme o USDA, 80% das lavouras já apresentam quedas de folhas, número semelhante a 2016, quando foi de 81%.
Estatísticas
Gráficos