Em agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ recuou ligeiro 0,22%. A média mensal, de R$ 2,4337/lp, - a menor desde janeiro/16 – está 4,23% inferior à de julho/17 e 3,55% abaixo da de agosto/16 (valores atualizados pelo IGP-DI de julho/17). Entretanto, nos últimos dias do mês, a pluma brasileira se valorizou, devido à posição ainda mais recuada de vendedores, especialmente tradings, por causa das expectativas negativas quanto à produção de algodão dos Estados Unidos na safra 2017/18 com a passagem do furação Harvey pelo país. Com isso, as cotações na Bolsa de Nova York (ICE Futures) e do Cotlook A também se elevaram. No Brasil, a paridade de exportação subiu ligeiro 0,3% entre 28 de agosto e 4 de setembro, depois de recuar significativos 4,65% em agosto.
Ao longo do mês, as intenções de vendas estiveram mais evidentes que as de compra. Algumas indústrias demonstraram interesse por novas aquisições, mas ofertaram preços inferiores aos pedidos por vendedores. Outras empresas estiveram praticamente fora de mercado durante todo o período, trabalhando com a pluma já contratada. Apesar da “queda de braço” quanto aos valores, comerciantes seguiram ativos, buscando lotes para cumprir com os contratos firmados anteriormente.
Do lado vendedor, cotonicultores estiveram firmes nos valores pedidos no spot, com atenções voltadas às entregas de contratos – especialmente após as chuvas ocorridas em várias regiões de Mato Grosso em meados de agosto, que trouxeram preocupação quanto à perda de qualidade da pluma a ser colhida. Tradings, por sua vez, ora disponibilizaram seus lotes no mercado doméstico ora estiveram retraídas, devido às oscilações dos preços internacionais e da taxa de câmbio brasileira. Quanto aos contratos antecipados, vários negócios foram efetivados para entrega neste ano e ao longo de 2018, firmados a valores fixos, no Indicador CEPEA/ESALQ e nos contratos da ICE Futures.
Para o mercado de fios, vários negócios foram captados pelo Cepea para suprir necessidades imediatas ou para cumprir com programação já esperada para o período. De maneira geral, colaboradores do Cepea apontam que há procura, especialmente por fios no sistema penteado e também mistos, como poliéster ou elastano.
De 31 de julho a 31 de agosto, conforme cálculos do Cepea, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), registrou baixa de 5,68%, enquanto a média de agosto ficou em R$ 2,1451/lp (menor valor desde nov/16), 7,07% abaixo da de julho/17 (R$ 2,3084/lp). No acumulado de agosto, o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) caiu 5,53%, com média de US$ 0,7952/lp. Já o dólar se valorizou 1,09% frente ao Real no acumulado de agosto. A média mensal do dólar, por sua vez, esteve 1,57% inferior a de julho.
Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), depois de forte recuo em meados de agosto, todos os contratos acumularam alta do período. Esse cenário se deve à preocupação quanto aos efeitos da chuva tropical, por causa do furação Harvey, nas lavouras de pluma norte-americana, à boa demanda do produto e ao enfraquecimento do dólar no mercado internacional. Entre 31 de julho e 31 de agosto, o contrato Out/17 subiu 1,39%, fechando a US$ 0,7148/lp no dia 31. O vencimento Dez/17 se valorizou 3% (US$ 0,7093/lp). No mesmo período, o contrato Mar/18 teve aumento de 2,73% (US$ 0,7011/lp) e Mai/18, de 2,86% (US$ 0,7054/lp).
Dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) apontam que 51,4% da safra 2016/17, estimada em 1,523 milhão de toneladas, teria sido comercializada até 31 de agosto. Desse total, 53,7% foram direcionados ao mercado interno e 46,3%, ao externo. Referente à safra 2015/16, estimada em 1,289 milhão de toneladas, foram registradas operações equivalentes a 86,8%.
Segundo a Conab, Mato Grosso deve aumentar em 15% o volume produzido para 2016/17, totalizando 1,013 milhão de toneladas – 2% acima do estimado em julho. A produtividade pode ser 10,1% superior à da safra anterior, a 1,614kg/ha nesta temporada. Segundo a Companhia, o clima seco ajuda na colheita e estima-se que 20% da área já tenha sido colhida até o final de julho. A comercialização, por sua vez, está em cerca de 60% do volume produzido no estado.
Também de acordo com a Conab, a safra brasileira 2016/17 teve reajuste positivo frente ao relatório de julho/17. A produção doméstica de algodão em pluma está estimada em 1,523 milhão de toneladas, aumento de 18,2% frente à temporada anterior e 2,6% superior à expectativa divulgada no mês passado. Mesmo com a diminuição de 1,7% na área semeada, o volume permanece impulsionado pela produtividade, que pode ser de 1.622 kg/ha, alta de 20,1% na comparação com a safra 2015/16.
MERCADO EXTERNO - Em agosto, a exportação de pluma totalizou 68 mil toneladas, três vezes e meio maior que o volume de julho/17, segundo a Secex. Entretanto, na parcial de 2017, as vendas foram de 238,4 mil toneladas, 43,8% menores que o mesmo período de 2016. Em ago/17, o faturamento foi de 109,8 milhões de toneladas, com preço médio de US$ 0,7326/lp, 1,1% inferior ao de julho/17 e 6,8% maior que o de ago/16 – em moeda nacional, foi de R$ 2.3079/t, valor 2,63% inferior ao de julho/17.
A importação brasileira de pluma somou apenas 70,2 toneladas, recuo de expressivos 92,4% frente a julho/17 (920,5 toneladas). Neste ano, as compras totalizaram 32,9 mil toneladas, 51% acima do registrado no mesmo período de 2016 (21,8 mil toneladas). O preço médio de importação foi de US$ 1,6124/lp, aumento de 90,7% frente ao de julho/17 (US$ 0,8457/lp) .Dados do Icac (Comitê Internacional do Algodão), divulgados em 1º de setembro, apontam que a produção mundial de algodão safra 2017/18 pode atingir 25,1 milhões de t, 9% superior ao da temporada anterior – com expansão da área semeada para 31,9 milhões de ha.
Ainda segundo o Icac, o consumo global 2017/18 pode crescer 2,3%, indo para 25,1 milhões de t. Já em Bangladesh, o consumo deve permanecer estável, após as inundações ocorridas em agosto/17 que prejudicaram a infraestrutura e dificultaram o transporte da mercadoria naquele país. Para o estoque mundial 2017/18, é estimado que fique em 18,56 milhões de toneladas, praticamente estável frente ao da temporada 2016/17 (18,54 milhões de t). Quanto à relação estoque/uso, permanece inalterada em 75% ou para nove meses de consumo das fiações. A China, principal consumidor e segundo maior produtor, vendeu mais de 2 milhões de t de seus estoques entre maio e agosto deste ano, reduzindo-os para 6,3 milhões de toneladas. Já para os demais países, se espera que o estoque cresça para 9,6 milhões de toneladas (+22%).
CAROÇO – As negociações de caroço de algodão seguiram enfraquecidas ao longo de agosto. Abastecidas, esmagadoras trabalharam com os contratos firmados anteriormente, queixosas quanto às fracas vendas de torta e farelo de algodão. Cotonicultores reduziram as ofertas de venda, principalmente em Mato Grosso, mas poucos lotes efetivados foram captados pelo Cepea. Por outro lado, na Bahia, produtores estiveram mais firmes nos valores pedidos, porém não conseguiram evitar a queda na média mensal. Em Barreiras (BA), o preço médio foi de R$ 601,42/t, recuo de 4,2% em relação ao mês anterior. Em Primavera do Leste (MT), a queda foi de 9,7%, com média de R$ 445,87/t; em Campo Novo do Parecis (MT), a média foi de R$ 408,26/t, baixa de expressivos 14,9%; e em Lucas do Rio Verde (MT), de R$ 400,11/t (- 9,2%).
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