Análise Mensal Algodão
Em julho, o Indicador CEPEA/ESALQ com pagamento em 8 dias registrou queda de 7,3%, fechando a R$ 2,4665/lp no dia 31, porém, entre 24 e 31 de julho, o Indicador subiu 0,37%. No acumulado do ano (de 29 de dezembro a 31 de julho), recuou 10,29%. A média mensal de julho, de R$ 2,5412/lp, a menor desde nov/16, está 8,11% inferior que a de junho/17 e 1,03% abaixo da de julho/16 (valores atualizados pelo IGP-DI de junho/17).
Agentes consultados pelo Cepea indicaram que boa parte da pluma desta temporada (2016/17) ofertada no spot tem baixa qualidade, especialmente em relação ao micronaire. Quanto à comercialização para entrega nos próximos meses, a disparidade de preço entre compradores e vendedores trouxe lentidão à realização de novos contratos.
Dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) apontam que 48,8% da safra 2016/17, estimada em 1,484 milhão de toneladas, teria sido comercializada até julho/17. Deste total, 48,7% foram direcionados ao mercado interno e 51,3%, para o externo. Referente à safra 2015/16, estimada em 1,289 milhão de toneladas, foram registradas operações equivalentes a 86,3%.
Para os contratos de exportação, as negociações estiveram lentas em julho, especialmente para a safra 2016/17. Com as oscilações dos contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) e a retração do dólar frente ao Real, tradings iniciaram as entregas de contratos firmados anteriormente. De acordo com cálculos do Cepea, a média do primeiro semestre para os contratos de exportação referente à safra 2016/17 foi de US$ 0,7751/lp, para embarques programados entre julho e dezembro/17. Para o segundo semestre de 2018 (referentes à safra 2017/18), a média está em US$ 0,7172/lp, queda de 4,5% frente à do mês anterior. Na média de julho, conforme cálculos do Cepea, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), foi de R$ 2,3084/lp, baixa de 4,06% em relação a junho/17 (R$ 2,4061/lp). No mesmo período, o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) recuou 1,09%, com o dólar se desvalorizando 2,91% frente ao Real. As exportações da pluma totalizaram 19,3 mil toneladas em julho, alta de 37,9% frente a junho/17, segundo a Secex. Em relação ao faturamento, foi de US$ 31,4 milhões em julho, elevação de 23,1% no mesmo comparativo. No acumulado de 2017 (jan-jul), a retração do volume embarcado é de 53,7% frente ao mesmo período de 2016, totalizando 170,4 mil toneladas. O faturamento em dólar foi de US$ 289,5 milhões no período, 46,2% menor que o obtido entre janeiro e julho de 2016. O preço médio de exportação foi de US$ 0,7406/lp, queda de 10,7% frente a junho/17, mas 16,5% superior ao de jul/16 (US$ 0,6355/lp).
A importação brasileira de pluma, somou apenas 920,5 toneladas em jul/17, recuo de expressivos 67,1% frente a jun/17 (2,8 mil toneladas). Neste ano, as compras totalizaram 32,9 mil toneladas, 75% acima do volume registrado no mesmo período de 2016 (18,8 mil toneladas). O preço médio de importação foi de US$ 0,8457/lp em julho, ligeiro aumento de 1,7% frente ao de junho/17 e 33% maior que o de jul/16 (US$ 0,6357/lp). Os dados são da Secex.
Na Bolsa de Nova York, todos os contratos acumularam alta, devido à boa demanda pela pluma norte-americana. No acumulado de julho/17, o contrato Out/17 subiu 2,17%, fechando a US$ 0,7050/lp no dia 31. O contrato Dez/17 registrou aumento de 0,83% (US$ 0,6886/lp); o vencimento Mar/18 teve elevação de 0,29% (US$ 0,6825/lp) e Mai/18, de ligeiro 0,04% (US$ 0,6858/lp).
CONAB – Dados de julho da Companhia, apontam que a safra brasileira 2016/17 deve totalizar 1,484 milhão de toneladas, 15,2% acima do registrado na anterior, mas com ligeira queda frente ao relatório de jun/17. Mesmo com a retração de 1,7% na área semeada nesta temporada, a produtividade deve ser 17,1% maior que a da 2015/16, indo para 1.580 kg/ha. Em Mato Grosso, maior produtor nacional segundo dados da Conab, a colheita da temporada 2016/17 já alcançou 5% da área semeada. Com a produção favorecida pelo bom clima, a estimativa está em 993 mil toneladas, crescimento de 12,8% frente à safra anterior. A produtividade também pode ser 7,9% maior, a 1.466 kg/ha. Na Bahia, a colheita foi iniciada em maio e se estenderá até o final deste mês, podendo atingir 319 mil toneladas, 29,1% maior que na temporada anterior. O impulso também veio da produtividade, estimada em 1.584 kg/ha, 50% maior no comparativo das duas últimas safras.
COMÉRCIO INTERNACIONAL – Segundo relatório do Icac (Comitê Consultivo Internacional do Algodão), divulgado em 1º de agosto, na safra 2017/18, o Índice Cotlook A pode recuar 16,9% frente à média da temporada 2016/17, para US$ 0,69/lp, podendo variar entre US$ 0,54/lp e US$ 0,87/lp. Para a safra 2016/17, está em US$ 0,83/lp, patamar bem superior ao estimado no início da temporada (US$ 0,70/lp). Quanto à produção mundial 2017/18, deve crescer 8%, indo para 24,89 milhões de toneladas, impulsionada pela expansão na área semeada (+8%). A Índia pode se manter como maior produtora mundial, colhendo 6,1 milhões de toneladas na temporada 2017/18, aumento de 6% frente à anterior; os Estados Unidos podem ter produção de 4,1 milhões de toneladas, 10% a mais que na safra 2016/17, resultado do aumento de 18% na área semeada. Para o Paquistão e o Brasil, também são esperados altas na produção, de 17% e 5%, respectivamente. Na China, por outro lado, a produção pode registrar queda pela segunda safra consecutiva, de 7%, com colheita estimada em 5,2 milhões de toneladas. Segundo o Comitê, o consumo mundial 2017/18 deve chegar a 25 milhões de toneladas, alta de 2% frente à safra anterior, com impulso da China, Índia, Paquistão e Bangladesh. Neste cenário, o estoque mundial pode diminuir 1%, indo para 18,8 milhões de toneladas, com redução de 16% no estoque da China, mas aumento de 19% dos demais países em agregados. A comercialização mundial deve cair para 7,8 milhões de toneladas, queda de 1% frente à safra 2016/17, com menor exportação dos Estados Unidos e aumentos para Índia e Austrália.
CAROÇO – Com o avanço da colheita 2016/17, que tem aumentado a oferta, e a retração compradora no mercado spot, o preço do caroço de algodão recuou nas regiões acompanhadas pelo Cepea em julho. Diante da fraca demanda por torta e farelo de algodão, especialmente, esmagadoras demonstraram baixo interesse por novas aquisições. De maneira geral, estas empresas têm trabalhado com o produto contratado anteriormente e, mesmo que lentamente em algumas regiões, parte foi entregue ao longo do mês anterior. Com isso, para entregas rápidas, as negociações captadas envolveram pequenos volumes, na maioria dos casos. Para entregas nos próximos meses, poucos lotes de volumes maiores foram efetivados. Em julho/17, o preço médio do caroço acumulou queda em todas as regiões consultadas, devido à entrega da nova safra no mercado spot. Em Barreiras (BA), o preço médio foi de R$ 628,02/tonelada, recuo de 15,8% em relação ao mês anterior. Em Primavera do Leste (MT), houve baixa de 22,8%, a R$ 493,81/t; em Campo Novo do Parecis (MT), a média foi de R$ 479,51/t, recuo de 27,7%; e em Lucas do Rio Verde (MT), R$ 440,76/t (-28,6%).
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