O Ibovespa negociando abaixo dos 100 mil pontos dá uma sensação nada agradável. É o efeito dos níveis psicológicos de preço, que costumam ocorrer ao redor de números fáceis de memorizar (múltiplos de 10, por exemplo) ou que tiveram grande repercussão em algum momento (como os topo histórico do Ibovespa em 130 mil pontos).
A despeito das emoções, proponho uma análise gráfica do IBOV, tentando ser o mais objetivo possível.
Não há dúvidas de que estamos em uma franca tendência de baixa, porém, inevitavelmente, dentro de uma tendência há pernas de impulso e de correção, formando o famoso zig-zag. Como esse raciocínio, se pudermos identificar com clareza, quando uma perna de baixa está terminando no índice, dando espaço para uma perna de correção, podemos identificar bons pontos de compra em ativos que o compõem.
No gráfico semanal, estamos caminhando para formar o quinto candle consecutivo de baixa, algo bastante raro de acontecer e que pode nos indicar o aumento da possibilidade de um descanso dentro da força vendedora. Vemos também a proximidade de um suporte importante na região dos 96 mil pontos.
No gráfico diário, vemos o índice trabalhando dentro deste canal de baixa e tocando a linha inferior.
Dando ainda mais zoom, no gráfico de 120 minutos, há um outro canal de baixa. Este já foi rompido para baixo, o que é um sinal de exaustão bastante importante. Rompimentos na mesma direção do canal costumam indicar exaustão do movimento e possibilidade de reversão de curto prazo.
Além disso, podemos notar que nos três tempos gráficos analisados o preço atual se encontra bem distante das médias móveis de 20 períodos, fazendo um retorno à média cada vez mais provável.
Outro dado importante a observar é a correlação do IBOV com os mercados americano e chinês, como já mostrei em um artigo aqui. Do dia 10/03 até hoje, vemos uma divergência considerável entre o mini S&P e o CHINA50 em relação ao IBOV. Os primeiros subindo levemente, enquanto o IBOV cai forte. Essa divergência não costuma durar muito, dada a correlação histórica dessas economias com a brasileira.
Como podemos ver, não há motivos para nos animarmos muito, porém no curto prazo temos uma grande possiblidade de termos alguns pregões de alta. No índice, isso pode ser apenas um pullback, porém em alguns papéis que têm momentum positivo, podem surgir boas oportunidades de operações curtas de swing trade.
Bons negócios!
Vinícius Fernandes
Analista CNPI-T na Rocket Research