Em minha busca por me tornar um melhor empreendedor que, por consequência, me faz um melhor investidor, li o livro: “Lições de estratégia”, da Harvard Business Review. A obra é composta pelos melhores artigos para criar vantagens competitivas e se destacar da concorrência. No artigo de hoje, inspirado em um capítulo do livro, abordarei os conceitos de concorrência e participação de mercado (maket share) conhecidos como “oceano azul” e “oceano vermelho”.
Para ilustrar a primeira situação, vamos pegar um case de empresa que teve um crecimento impressionante, o do Cirque du Soleil. Fundado em 1984 por um grupo de artistas de rua, eles já fizeram espetáculos para 40 milhões de pessoas, em 90 cidades do mundo. Para se ter noção da velocidade do sucesso, o Cirque levou apenas 20 anos para alcançar os números do principal circo do mundo o Ringling Bros and Barnum & Bailey.
O crescimento do Cirque du Soleil ocorreu em um cenário improvável. O negócio circense está em um declínio de longo prazo, visto que surgiram formas alternativas de entretenimento, como os eportes, a TV e os videogames. Além disso, a indústria foi frequentemente criticada por utilizar animais em seus shows.
Outro ponto negativo da indústria é a dependência dos artistas para atrair multidões. Cientes de sua importância, as estrelas reconheciam seu poder de barganha e podiam ditar os termos e condições que queriam.
Mesmo diante de um cenário competitivo, complicado e em decadência, o Cirque du Soleil foi capaz de aumentar sua receita total em 22 vezes em apenas 10 anos, um marco invejado pelas ditas empresas de crescimento.
Para isso, teve de ser muito cauteloso e revolucionário em sua estratégia de, como o próprio slogan diz “reinventar o circo”. Um detalhe interessante é que a empresa não fez seu dinheiro concorrendo contra outros circos, e sim criando um espaço de mercado não disputado, tornando a competição irrelevante.
Com isso, conseguiram atrair um público diferente, que não costumava frequentar circos, como adultos e clientes corporativos que tinham se voltado para o teatro, balé, ópera e estavam dispostos a pagar muito mais do que o preço do ingresso de um circo convencional para uma experiência única.
O exemplo do Cirque du Soleil mostra como o mundo dos negócios consiste de dois tipos distintos de espaço: o “oceano azul” e o “oceano vermelho”.
Os “oceanos vermelhos” representam todos os setores que existem hoje, nos quais os limites são definidos e aceitos, e as regras de competição são bem compreendidas. Nesse caso, as empresas buscam superar seus rivais para aumentar o próprio market share. À medida que o ambiente fica mais lotado, as perspectivas de lucro, margens e crescimento são reduzidas, e os produtos ou serviços tornam-se commoditizados.
Os “oceanos azuis”, por outro lado, denotam todos os setores que ainda não existem. Isto é, um espaço desconhecido pela concorrência, e com grandes oportunidades de crescimento lucrativas e rápidas. Nos oceanos azuis, a demanda é criada, e não disputada, o que reduz as guerras de preço.
Em alguns casos, empresas podem dar origem a setores completamente novos, como o Google (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34) com seu mecanismo de pesquisa. Em outros, a maioria das vezes, inclusive, um “oceano azul” emerge de um “oceano vermelho”, como fez o Cirque du Soleil ao quebrar a barreira que separava circo e teatro.
É óbvio que, para nós investidores, devemos buscar empresas em um “oceano azul”. Estas conseguem crescer com rentabilidade, dois dos principais drivers de criação de valor no longo prazo. No entanto, dependendo do preço, conseguimos encontrar boas oportunidades em um ambiente mais competitivo.