O avanço da colheita da segunda safra pressionou fortemente as cotações de milho em junho, fazendo com que as médias de algumas regiões atingissem os menores patamares desde julho/2015, em termos nominais. Esse cenário se deve à expectativa de entrada volumosa do cereal no mercado interno nos próximos meses – estimada pela Conab em 63,5 milhões de toneladas –, o que manteve compradores retraídos. Além disso, as quedas nas cotações do cereal na Bolsa de Chicago reduziram a paridade de exportação, pressionando os valores.
Nesse cenário, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea em junho, os preços no mercado de balcão (preço pago ao produtor) caíram 6,6% e, no disponível (negociações entre empresas) 8,2%, em relação ao mês anterior. No acumulado deste ano (de janeiro a junho), registraram fortes desvalorizações de 37,5% e 37,3%, respectivamente.
A região de Campinas (SP), por sua vez, apresentou queda menos acentuada, em decorrência da retração vendedora na primeira quinzena do mês. Em relação a maio, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa caiu 3,8%, indo a R$ 25,49/saca de 60 quilos no dia 30. No acumulado do ano (janeiro a junho), a baixa é de 33,2%.
No corredor de exportação, a demanda pelo milho brasileiro foi mais firme em relação ao mês anterior. Segundo dados da Secex, o Brasil exportou 563,2 mil toneladas em junho, volume 82% superior ao de maio; a maior quantidade para um mês de junho desde 2007. Para os próximos períodos, é esperado um aumento ainda mais significativo dos embarques, uma vez que a logística no porto tende a se voltar para o cereal em detrimento da soja.
No campo brasileiro, a colheita da segunda safra avançou significativamente em Mato Grosso. Até dia 30 de junho, a região tinha 29,25% da área colhida, avanço de 3,47 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Imea/MT. Já no Paraná, o alto volume pluviométrico nas primeiras semanas do mês atrasaram a atividade e, além de dificultarem a entrada de maquinário no campo, deixaram a umidade do grão elevada. Segundo a Seab/Deral, até o dia 3 de julho, o estado havia colhido 8% da área estimada, atraso de 20 p.p. em relação a 5 julho de 2016.
Na Argentina, a colheita do cereal avançou 12,6 p.p. ao longo do mês, alcançando 51% da área nacional no dia 27, segundo relatório da Bolsa de Cereales. As chuvas volumosas também dificultaram o avanço dos trabalhos no campo. Apesar disso, a produtividade se mantém alta, estimada em 8,55t/ha, e a produção para esta campanha em 39 milhões de toneladas.
Nos Estados Unidos, a semeadura foi finalizada dentro do período ideal. Mas, ora o excesso de chuva ora o clima mais seco impactaram na qualidade das lavouras norteamericanas. Segundo o último relatório do NASS/USDA, 67% da área está em condições boas ou excelentes e 33%, entre razoáveis e ruins.
Na Bolsa de Chicago (CME Group), os contratos de milho iniciaram o mês em alta, influenciados pelas adversidades climáticas nos Estados Unidos, movimento que foi observado até a segunda dezena do mês, quando os primeiros vencimentos atingiram os patamares de março/17. Mas, no final de junho, o clima mais favorável e o estoque volumoso voltaram a pressionar as cotações do cereal. O vencimentos Jul/17 fechou em baixa mensal de 0,4% no dia 30, ao ser cotado a US$ 370,50/bushel (US$ 146,45/t) e o contrato Set/17 apresentou leve alta de 0,3% em relação a maio, fechando a US$ a US$ 381,00/bushel (US$ 149,99/t).
Já na BM&FBovespa (SA:BVMF3), os contratos futuros de milho seguiram em forte em queda, reflexo dos ajustes dos preços do mercado físico. Os contratos Jul/17 e Set/17 recuaram 3,9% cada, ao fechar o pregão da sexta-feira a R$ 25,55/sc e a R$ 25,84/sc, respectivamente.
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