Faltando ainda um mês para o fim do ano, os mercados já estão em compasso de encerramento. Ao contrário do que é comum acontecer, quando os investidores ficam eufóricos com os últimos números do ano e com as perspectivas do próximo, esse ano parece que quer logo ser deixado para trás.
O motivo disso, em boa parte, parece estar ancorado na falta de novidades no cenário econômico mundial. Passamos o ano a mercê da crise europeia e seu desenrolar. Nem mesmo depois que o pior dos cenários (que seria a possibilidade de ruptura do bloco) foi deixado pra trás, os investidores se animaram – isto provavelmente porque o melhor dos cenários indica um longo e doloroso período de estagnação.
Nos EUA tivemos eleições presidenciais, se via no opositor (por ser figura do mercado financeiro) uma esperança maior para os mercados. Mas a reeleição de Obama também não foi motivo para dar ânimo (ou desanimo) aos mesmos. O noticiário agora gira em torno do ‘fiscal cliff’ (ou abismo fiscal), que é o vencimento de incentivos tributários e dos gastos do governo no fim do ano.
Na China continua e expectativa em torno da mudança do modelo econômico, com a desaceleração do crescimento e dos investimentos dando ênfase ao consumo interno. Espera-se, com isso, manter as taxas de crescimento em torno de 7,5% ao ano.
No Brasil continuamos vendo um governo fortemente preocupado e comprometido com medidas de estímulo à economia. Se por um lado muito vem sendo feito (o que é positivo), algumas medidas são vistas como arbitrárias (o que é negativo). O balizador destas medidas pode e deve ser o investimento em infraestrutura pois, sem ele, todo este esforço pode acabar sendo em vão.
Não se pode deixar de comentar também sobre o Banco Central que, de forma inovadora, aproveitou a janela de oportunidade e baixou a taxa de juros SELIC para um patamar jamais visto. Mas, muito mais do que isso, o que se deve salientar é que as taxas reais praticamente deixaram de existir: a SELIC a 7,25%, descontada do IR sobre investimentos de 15% (na sua melhor alíquota) e inflação acima dos 5% a.a. representam taxas reais abaixo de 1% ao ano!
Como diria nosso ex-presidente “nunca antes na história desse país” tivemos taxas reais tão baixas e, ao que parece, boa parte dos investidores ainda não tem noção do que isso vai significar para seus investimentos no longo prazo.
Acostumados a taxas altas de remuneração, nunca houve a preocupação com diversificação, risco, adequação de carteira e outras premissas que se tornam obrigatórias a partir de agora. Aliás, a grande maioria dos investidores ainda não conhece o universo de investimentos que existe entre o ‘banco e a bolsa de valores’ e que, muito provavelmente, é nesse universo que estão os investimentos mais adequados ao seu perfil.
Mais do que nunca, esse é o momento de conscientização e busca por conhecimento e alternativas de investimento. É fortemente aconselhável que, além de conhecer os produtos, busque-se ajuda especializada – como em todas as outras profissões, o melhor sempre vai ser feito por quem é especialista na área.
Alexandre Amorim é Analista de Investimentos CNPI, Consultor de Valores Mobiliários credenciado pela CVM e sócio da Par Mais Planejamento Financeiro.