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AMER3: Quais lições o investidor pode tirar do “Caso Americanas”?

Publicado 20.01.2023, 16:13
AMER3
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Há poucos dias, os fãs de séries que por acaso trabalham no mercado financeiro provavelmente viram o lançamento de um documentário na Netflix (NASDAQ:NFLX) (BVMF:NFLX34) sobre Bernie Madoff, autor do maior esquema Ponzi da história e ex-presidente da Nasdaq. Apesar de conhecida, a história surpreende dada a posição ocupada pelo executivo. Porém, mais surpreendente ainda é, depois de alguns dias do anúncio da série, vir à tona o que pode ser o maior escândalo contábil da história brasileira, a crise com as Americanas (BVMF:AMER3). 

Durante a semana, a Justiça do Rio de Janeiro acatou o pedido de recuperação judicial da companhia e, no documento, o montante devido foi de fato conhecido por todos, algo da ordem de R$43 bilhões, divididos entre aproximadamente 16 mil credores. 

Essas dívidas estão espalhadas por diversos fundos e bancos do mercado. Por isso, os impactos vistos nas ações foram apenas a ponta do imenso iceberg que vem bater de frente com o sistema financeiro. 

Há quem diga que o chamado “fator Americanas” possa obrigar os bancos a reservar cerca de R$7 bilhões para cobrir eventuais prejuízos com a companhia. 

Por isso, vimos alguns fundos como o do Nubank (BVMF:NUBR33) (NYSE:NU), de reserva de emergência, ou seja, que não deveriam ter oscilações negativas, apresentarem quedas nos rendimentos. 

No dia seguinte à notícia do pedido de recuperação judicial, as gestoras que tinham dívidas das Americanas em carteira sofreram com a remarcação feita pela Anbima. 

Em outras palavras, quem tinha esse produto dentro do portfólio, principalmente debêntures, sofreu perdas. 

O tamanho do prejuízo dependerá da exposição adotada pela equipe de gestão. Embora esses empréstimos tenham sido realizados com garantias, o “default” faz com que os credores agora formem uma longa fila de mais de 15 mil pessoas. 

Além disso, o “caso Americanas” agora coloca novas dúvidas em relação aos ratings atribuídos pelas agências de classificação de risco. Bernie Madoff e a crise de 2008 estão aí para servirem de exemplo. 

Depois da repercussão do caso, duas das principais agências de classificação de risco rebaixaram a nota da companhia. Talvez um pouco tardiamente. 

E a dúvida que fica é: e as demais companhias? 

Este não é o primeiro caso no qual os ratings não refletem o cenário real de uma empresa. E provavelmente não será o último. No futuro, talvez a inteligência artificial nos ajude a encontrar respostas mais precisas. 

Até lá, ainda não foi inventada uma solução melhor do que a diversificação entre diferentes ativos e suas classes. 

Seja em ações, multimercados ou renda fixa, é necessário não concentrar os recursos em apenas um tipo de investimento. 

Opte por estratégias e gestoras diferentes, diversifique entre títulos de dívida pública e privada, busque equipes de gestão bastante diligentes - isto é muito importante -, entenda a tese e olhe a composição quando for investir em fundos, especialmente, de crédito privado. 

Algumas pessoas, mesmo as que investem de forma mais conservadora e em tese não deveriam sofrer com as oscilações, acabaram registrando perdas nos últimos dias. 

A grande lição, como eu disse mais acima, é não apostar todas as fichas em apenas uma jogada. Os exemplos estão aí e, casos como os de Bernie e das Americanas, não serão os últimos. 

Aliás, o caso da varejista brasileira renderia um bom roteiro de filme!  

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