O recente anúncio de elevação da taxa de juros em 0,75 ponto percentual, a maior desde 1994, pelo Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos, vem aumentando uma discussão sobre a desaceleração da economia no país e gerando um certo temor pela iminência de uma recessão em solo norte-americano. Com isso, muito se especula sobre quais seriam os impactos na economia brasileira, uma vez que estas movimentações podem provocar uma volatilidade no valor do dólar em relação ao real, contribuindo para decisões quanto à definição das nossas políticas monetárias nos próximos meses.
Com a intensa injeção de recursos no mercado em um momento de instabilidade provocado pela pandemia de Covid-19, a inflação dos EUA sofreu um aumento considerável, contribuindo para um cenário que já dava indícios de alta na taxa de juros. A surpresa foi um reajuste acima do que havia sido sinalizado pelo Fed em uma reunião anterior, que aponta à intensificação da política monetária para combater o aumento excessivo dos preços.
Mas a pergunta que mais escuto é, afinal, este movimento poderá acarretar em uma recessão econômica? Eu entendo que a recessão seja o freio da inflação e apesar de não parecer uma boa notícia, há indícios que esta estagnação não se estenda por um período que ultrapasse um semestre de duração, no máximo. Isso porque, em breve, os Estados Unidos devem iniciar os preparativos para suas eleições presidenciais e certamente, uma economia em retração, não é o ambiente adequado para este evento.
Como fica o Brasil em uma recessão nos Estados Unidos?
Sendo assim, os impactos não devem ter um peso tão negativo na nossa economia, já que os Estados Unidos possuem uma dependência muito grande das commodities brasileiras, que já estão muito bem precificadas. Vale lembrar também que esses contratos de compra e venda geralmente são negociados com 1 ou 2 anos de antecedência.
Falando em taxa cambial, é delicado prever como ela deve se comportar num prazo maior, mas a previsão do Grupo Travelex para o próximo mês é que continue pressionada e acima dos R$ 5, sem grandes saltos no valor, seguindo uma variação que deve ficar entre R$ 5 e R$ 5,20. No entanto, não podemos esquecer que também teremos eleições presidenciais aqui no Brasil e os desdobramentos e a intensidade da campanha eleitoral podem afetar – com maior ou menor intensidade - o valor do dólar, porém, já adianto, dificilmente chegaremos ao valor abaixo dos R$ 4,60 tão cedo.